sexta-feira, 31 de agosto de 2007

DIANA;PRINCESA DE GALES

Hoje, que se completam dez anos sobre tão triste dia, quero evocar Diana, Princesa de Gales.
Basta constatar a autêntica avalanche de idênticas atitudes de pessoas, a título individual, órgãos de comunicação, sites, publicações da mais variada índole, cerimónias públicas ou privadas. Programas e programas de televisão, séries, documentários, artigos durante uma semana, inteira, com análises,excertos de livros, biografias. De tudo se viu e ouviu,p sobre alguém de quem tanto se falou, escreveu, disse, retratou.
De quem foi vítima, até que ponto o foi de si própria, é questão também muito tratada. Sabe-se que a sua vida já era inconveniente para muitas pessoas. E,quando assim é, a velocidade dos acontecimentos que passa a ser regra, quase torna inevitável que algo aconteça a essas pessoas tão seguidas, tão faladas, tão admiradas mas também tão contestadas.
Cada um tem as suas qualidades e os seus defeitos. O conjunto que caracterizava Diana de Gales, mais as circunstâncias da sua vida, tornaram-na uma personalidade absolutamente única. principalmente, naquela magia feita de uma luz especial e de um carisma magnético que a fazia cativar, bem fundo, só com o olhar.
Pude cumprimentá-la, uma vez, no Porto, no início do jantar da visita oficial dos Príncipes de Gales a Portugal, em 1986. De manhã, pude estar também na Missa celebrada na Sé do Porto, onde também estiveram os Príncipes. Celebrava-se a nossa mais antiga Aliança.
Diana faz falta,para além da sua família, a muitos que sofrem no Mundo e que ela certamente ajudaria. Agora ajudará ,de Longe.
Faz hoje dez anos, senti uma enorme tristeza. Peço desculpa a alguns seres quase perfeitos que escrevem ou falam em órgãos de comunicação, mas eu tenho muita pena de que Diana tenha partido.

ACORDO ESSENCIAL



O Acordo Ortográfico, que tive a honra de negociar politicamente e de assinar, em nome de Portugal,em 16 de Dezembro de 1990, em cerimónia realizada no Palácio da Ajuda, com os Ministros da Cultura (ou da Educação,no caso do Brasil) de todos os Países da CPLP, está, de novo, e cada vez mais, na agenda dos assuntos importantes para o futuro dos respectivos Povos.
Já lá vão mais dezassete anos desde que o actual Presidente da República, quando me convidou para o cargo de Secretário de Estado da Cultura,me atribuiu, como uma das principais incumbências, para além do projecto e instalação do Centro Cultural de Belém, a concretização do Acordo Ortográfico. Disse - me, já na altura, Aníbal Cavaco Silva, que no século XXI, a força da língua Portuguesa seria, muito, a força do Português, tal como é escrito e falado no Brasil. Não foi nada fácil esse processo e constituiu mais uma das polémicas e um dos fortes combates que têm marcado a minha vida política. O processo de ratificação encontrou alguns obstáculos,nomeadamente no Brasil e o assunto "congelou". Durante anos, infelizmente para Portugal, vários Governantes Portugueses deixaram o assunto fora das suas agendas,mesmo quando de encontros oficiais com Chefes de Estado ou Governos de outros Países membros da CPLP.Excepção seja feita à aprovação na Cimeira da Praia, em Julho de 1998, do Protocolo Modificativo que eliminou a previsão de um prazo- entretanto ultrapassado- para a entrada em vigor.


Em 1990, assinámos também acordos para a criação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, para a utilização do Português nas organizações internacionais e ainda sobre o vocabulário técnico-científico, tudo posssível graças ao laborioso trabalho da Academia das Ciências, sendo justo evocar o papel do Prof. Doutor Malaca Casteleiro, que tive a honra de ter a acompanhar-me na visita oficial que fiz ao Brasil, em 1993, a convite do então Ministro da Cultura António Houaiss, responsável também pelo novo Dicionário da Língua Portuguesa. Quantos debates acalorados tive no Parlamento e na Televisão, com representantes do forte movimento de oposição ao Acordo.

Por coincidências da História, quando tomei posse como Primeiro- Ministro, tive logo de tratar com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, António Monteiro, da Cimeira da CPLP, que teria lugar nesse mesmo mês de Julho de 2004, em São Tomé. As datas coincidiam, porém, com as do debate do Programa de Governo, no Parlamento, pelo que eu não poderia participar. Tive especial pena, entre outras razões, porque um dos temas que estava na agenda, desta vez por iniciativa do Brasil, e graças à visão do Presidente Lula da Silva, era exactamente o Acordo Ortográfico. Na sequência desse empenho colectivo, foi possível aprovar o relevante Segundo Protocolo Modificativo, que permitiu a adesão de Timor- Leste e determinou que o Acordo entraria em vigor após a ratificação, desse Segundo Protocolo, por três Estado-membros. O que já aconteceu,pelas ratificações do Brasil, de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.
Em 7 de Setembro seguinte, tive a honra de ser o primeiro Chefe de Governo de Portugal a estar presente na cerimónia do desfile da Independência do Brasil. E nas conversações havidas, nesses dias, entre os dois Governos, o tema esteve presente, tendo renovado,nos termos que considerei adequados, o empenho político de Portugal na plena entrada em vigor desse Acordo.

Em 1990, era Presidente da República Mário Soares, que sempre assumiu a importância do Acordo. Aliás, foi o próprio, creio que em 1989, no 1º encontro de Chefes de Estado e de Governo dos Paíse de Expressão Oficial Portuguesa a convite do Presidente José Sarney, em São Luís do Maranhão, quem deu o primeiro impulso político ao Instituto Internacional da Língua Portuguesa, no âmbito do processo de criação da própria CPLP. Agora que está também na Chefia do Estado de Portugal, alguém que, já em 1990, tinha, sobre o assunto, a visão que acima referi, espero que existam condições para, de uma vez por todas, se dar este passo tão importante para a Língua Portuguesa.Em Outubro de 2005.após cimeira entre o Presidente do Brasil e o Primeiro-Ministro José Sócrates, foi emitido um importante comunicado, em que se reafirmava o empenho na entrada em vigor do acordo em todos os Estados da CPLP. A esse propósito, são igualmente de assinalar as palavras lúcidas do nosso Embaixador no Brasil, Francisco Seixas da Costa, na interessante entrevista que surge na edição de hoje do Diário Económico. Só fica menos clara nessa entrevista, a posição sobre o prazo da entrada em vigor. Mesmo com dificuldades editoriais, nos manuais escolares, ou outras, é preciso acautelar que não se caia na situação, politicamente incompreensível, de ser Portugal a protelar a entrada em vigor de tão importante Convenção.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

PREPARAR O FUTURO(continuação)


Volto a insistir na importância de haver debates entre os candidatos á liderança do PPD-PSD, pelo menos, nas duas Regiões Autónomas e em todos os Distritos do Continente. E que, nesse debate,se possa falar, com profundidade e abertura, do que aconteceu na história recente do PPD-PSD e das responsabilidades de cada um, e de todos, nas diferentes fases do nosso passado próximo. Não para atacar pessoalmente, não por criticar só pela crítica, não para falar do que é superficial ou mesquinho. Mas falar, isso sim, de quais as políticas que os nossos Governos levaram por diante. Por exemplo, os Governos de Cavaco Silva, entre 1985 e 1995, na altura crucial em que começámos a receber significativos recursos financeiros dos Fundos Estruturais Europeus, terão feita as opções mais correctas na política de Fomento e Desenvolvimento que levaram a cabo? E os Governos de Durão Barroso e o que eu liderei, terão feito bem em dar a importância que deram ao respeito pelo tecto dos 3% para o déficit orçamental, tal como mandava o Pacto de Estabilidade e Crescimento? E qual Governo, nos últimos dez anos, teve a política mais social-democrata? E qual foi mais liberal? E populismo, o tal pecado de que alguns tanto falam, esteve presente em que políticas, em que decisões, em que escolhas? Quais são as medidas de nos orgulhamos? E quais são aquelas de que no arrependemos? Baixámos o IRC no Governo Durão Barroso? E, afinal, agora, defendemos, ou não, o choque que anunciámos, em 2002, para os impostos que os Portugueses pagam? E consideramos mais adequado ou mais justo alterar primeiro o IVA OU, de novo, o IRC? Ou, como fez o meu Governo, alterar os escalões do IRS? Ou mesmo as taxas?Não fará sentido, que candidatos à liderança do maior Partido da Oposição, que deverão disputar o cargo de Primeiro- Ministro, provavelmente, daqui a menos de dois anos, façam saber as suas posições sobre estas matérias, e as debatam? Ou é indiferente e, depois, logo se vê?


Para continuarmos em temas óbvios, quanto ao arrefecimento da economia em Portugal, do primeiro para o segundo trimestre deste ano, nada a dizer? E Presidência da União Europeia, estamos de acordo em tudo? Não seria de falar na política de pescas? E quanto à política do Mar, para além do ganho territorial na nossa plataforma continental, nada mais a dizer, a sugerir, até a divulgar? Por exemplo, nas áreas da investigação e da fiscalização, essenciais nesse domínio? Aos meus alunos de Direito Internacional Público, quando a cadeira de Direito do Mar não faz parte do curso, procuro dar sempre as noções básicas dessa disciplina. Se deve ser assim em qualquer País, por maioria de razão o deve num País com a História e com a riqueza de águas territoriais que Portugal tem.


Ninguém tenha ilusões de que há, no PPD-PSD, muitas feridas por sarar. E essas feridas só poderão cicatrizar, se tudo for dito, olhos nos olhos. Se os assuntos forem pensados e falados com verdade, rigor, clareza. Por isso falei na hipótese de haver uma primeira parte do Congresso antes da votação em Directas. Mas se assim não for, não vale a pena continuarem juntas pessoas que têm muito mais a dividi-las do que a uni-las.


quarta-feira, 29 de agosto de 2007

PREPARAR O FUTURO(continuação)


Já falta menos de um mês para as eleições directas no PPD--PSD. Os temas que são trazidos das intervenções das candidaturas e as imagens que são difundidas das respectivas actividades de campanha, levam a concluir que, do modo utilizado até aqui, pouca utilidade se consegue para o verdadeiro esclarecimento de quem vai votar.

Num post anterior, tive ocasião de escrever sobre a importância que teria uma primeira parte do Congresso ter lugar antes da votação. Mas como já se conhece a rigidez das normas instrumentais face às substantivas, ou mesmo face a princípios e valores que importa salvaguardar, então, por que não organizar debates, entre os candidatos,pelo menos em todas as Distritais e nas duas Regionais? Se nas Legislativas, quem é candidato a Primeiro- Ministro, visita e faz comícios nas Regiões e em todos os Distritos, como explicar que não haja debates, frente aos militantes, com a possibilidade, devidamente organizada, de serem colocadas questões?


Estou certo de que tal caminho vai de encontro à razão pela qual se aprovou este método de eleição. Um debate, ou dois, na Televisão, não chega. Vejam, nos Estados Unidos, quantas sessões, por todo o País, para além dos inúmeros debates televisivos, já realizaram os candidatos à nomeação pelos respectivos partidos?

Independentemente da maior ou menor importância ou gravidade de cada um dos temas, não é a falar de plágios e de quotas, ou com notícias de assédios ou de fugas de elites, que os militantes se esclarecem para as decisões que são chamados a tomar. Em vez de andarem desencontrados a correr o País, em visitas que servem para umas declarações no final, organizem-se e, nestes trinta dias, vão debater em frente dos militantes.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Uma certa mentalidade

Este é o Walt Disney Hall onde Mariza vai actuar com palco desenhado por Frank Ghery. Dizia Mariza, numa entrevista recente, que Frank Gehry ficou apaixonado por Lisboa. Por isso, vão trabalhar juntos numa união que muito vai promover a Cultura Portuguesa. Mariza entende, Gehry entende. Em Lisboa, está feito o Casino. Entende-se. O Parque Mayer pode esperar.Se não fosse uma certa maneira de fazer política, estavam a esta hora a dizer ainda melhor do que já dizem do túnel do Marquês. Quem perde é Lisboa, são os artistas, é o público, é o turismo. É tudo, ao fim e ao cabo, uma questão de mentalidade.

A propósito do túnel do Marquês, aproveito para desfazer uma das maiores falsidades que se tentou propalar nos últimos tempos, quando viram o sucesso que foi, e é, essa obra. NENHUMA, repito, NENHUMA alteração foi feita no projecto e na obra, nomeadamente em termos de segurança, na sequência das posições do Vereador do Bloco de Esquerda. Sabem-no todos os que participaram nas reuniões da Comissão de acompanhamento da Obra do Túnel do Marquês: Vereadores, Directores Municipais e de Departamento da Cãmara, projectistas, consultores, empreiteiros, membros do gabinete de obra. É também uma questão de mentalidade: alguns, quando "entopem" com a realidade só usam a falta á verdade. e este sábado, no Expresso, um articulista, certamente mal informado, faltou várias vezes.

Também por causa de mentalidade, falemos um pouco de Desporto. A propósito do Porto -Sporting do passado Domingo, porque será que muitas equipas portuguesas só se "soltam" e começam a jogar o que sabem, depois de estarem a perder? Serão ordens? Mas, então, há muita gente a dar ordens dessas!...
E, já que estamos no tema, já repararam como Nani chegou a Manchester e se impôs, como dificilmente se podia esperar pelos assobios que ouvia cá e pelas criticas que eram ditas e escritas sobre as suas exibições? Pode ser que não mantenha o ritmo, o que seria bem natural, num jogador de quem se dizia, já em Inglaterra, que esta época não seria titular. Mas como explicar essa diferença de aceitação da parte do público, dos técnicos, da crítica? O que entusiasma lá, na Liga Inglesa, cá ,não chega para contentar?

É tão antiga esta mentalidade, em Portugal, de só se apreciar quem está fora ou veio de fora. E nem sempre, como se viu com Gehry, não desde o anúncio da sua possível contratação, mas mais tarde. Só que aí as razões foram outras. As tais, de uma certa maneira de fazer política.
TEXTO INTEGRAL DAS RESPOSTAS AO JORNAL DE NOTÍCIAS - ENTREVISTAS DE VERÃO-DOMINGO,2007-08-18(perguntas por Helena Silva)

Ser Primeiro-Ministro foi a fase menos divertida da sua vida?

R- Estar como Primeiro-Ministro é um permanente exercício de responsabilidade. Não é suposto fazer uma avaliação com base no critério que resulta da pergunta.
Uma campanha que com pouco tempo mais, ficará clara, quanto aos seus autores, quis convencer os Portugueses de que era outra a minha maneira de estar.Estão alguns a começar a responder em Tribunal.

Ao seu caso aplica-se o ditado: "Atrás de mim virá quem bom de mim fará"?

R- A comparação não tem sentido por várias razões. Eu assumi essas funções numa situação de emergência e não tive o tempo mínimo para ter resultados próprios, a não ser assegurar o respeito pelos nossos compromissos e garantir que 2004 fosse, como foi, um dos melhores anos desde o princípio da década.

Também acha que alguns dos episódios protagonizados por José Sócrates teriam sido inflacionados em termos mediáticos se tivessem sido protagonizados por si?

R-A sua pergunta já contém a resposta. Mas não compare só comigo. Conhece alguma Democracia onde não seja falado o local e o tempo de férias do Primeiro-Ministro ou Chefe do Executivo?
Veja Espanha, Itália , Inglaterra, França, Estados Unidos. Quem acompanhe, como eu a Imprensa desses Países sabe o que se tem passado durante estas semanas com esses líderes políticos. E o que é mais inacreditável é que exercemos este semestre a presidência da União Europeia. Estejam os serviços em Bruxelas mais ou menos de férias, nós não devíamos desperdiçar nem um dia.

Qual é o melhor antidepressivo para o PSD: Mendes ou Menezes?

R-O PPD/PSD tem de viver sem comprimidos. Não pode viver deprimido. É contra a sua natureza. Gosta de se sentir bem consigo próprio, de sorrir mesmo na luta. A campanha para as legislativas em 2005, mesmo naquelas condições tão difíceis, é inesquecível para os militantes e simpatizantes. São eles que o dizem quando me encontram, ou nos muitos mails e cartas que me enviam constantemente.

As eleições intercalares em Lisboa deram-lhe mais vontade de rir ou de chorar?

R-Sabe quando algo mexe tanto connosco que ficamos sem vontade de dizer seja o que for? Até agora ainda não me passou. Só digo que é algo sem precedentes: um partido ter o Governo do País e da sua capital e vários dos seus militantes fazerem tudo para derrubar ambos. Conhece outro caso?

Gostava de ter uma mulher com a personalidade de Ségolène Royal no seu partido?

R-Gostava que muito mais mulheres se interessassem pela política activa sendo iguais a si próprias.Se me pergunta o que penso de Segoléne Royal, apreciei mais o que fez até à fase pós –presidenciais em que, com ela e com o marido, houve demasiada confusão entre o que é a vida pessoal e o que é a intervenção política.

Que comentário lhe merece a dispensa de Dalila Rodrigues do Museu Nacional de Arte Antiga?

R-Tenho pena que não tenha podido continuar o seu bom trabalho.

Diz ela que "se é comum dizer-se que a cultura é de esquerda, a culpa é da direita". Concorda?

R-A Cultura nunca foi, não é, nem será só de “Esquerda”.Pensar isso é estar a falar de outro conceito e de outra realidade que não a Cultura.l Essa hipótese mais não é do que um absurdo.

O governador de Nova Jérsia, Jim McGreevy, planeou minuciosamente o sound byte "Sou um americano homossexual". O seu "Vou andar por aí" também foi calculado?

R-Não. Escrevi umas notas sobre o que queria dizer pouco antes de começar a minha intervenção nesse Congresso de Pombal. Mas a importância que sempre foi dada a essas palavras foi a melhor confirmação de que Churchill tinha razão quando disse que há várias vidas na política. Mas quando voltamos não nos podemos negar a nós próprios. Temos de saber muito mais e de demonstrar que aprendemos e tirámos as lições das vivências anteriores.

'Anda por aí' ou ainda está nas boxes?

R-Se vir a política como uma prova de Fórmula 1,é impressionante como cada vez se demora menos tempo a ir às boxes. Mas não se deve regressar á pista antes de o reabastecimento terminar. E deixar passar quem quer e pode voltar primeiro.

"Menino guerreiro" é a melhor definição que encontra para si?

R-Não. Nem pensar. Nem “Animal feroz”.

O piano é o sítio onde pendura a solidão?

R-Onde encontro serenidade e onde fortaleço a motivação. Sempre prometi a mim próprio que aos quarenta anos começaria a estudar piano. Estudei anos iniciação musical na Fundação Gulbenkian desde os cinco anos .E depois mais outros quatro anos estudei violoncelo. As aulas de solfejo com a Professora Vitória Reis facilitaram a leitura das músicas que tenho aprendido a tocar.

O whisky é, como dizem, o melhor amigo do homem. Ou são as mulheres?

R-Bebidas, o melhor amigo? Nunca. Sempre bebi muito pouco. Quanto ás mulheres, em amizade, há de tudo .Como com os homens.

A esta distância, sente que foi demasiado benevolente com Durão Barroso, no seu livro "Percepções e Realidade"?

R-O melhor critério para avaliar a boa fé daqueles com quem partilhei esse período é o seu comportamento posterior. Não tenho razão para mudar o meu pensamento sobre Durão Barroso.

Tê-lo escrito quer dizer que tem boa memória ou que tem um Diário?

R-Dizem que tenho memória de elefante. E tomo muitas notas sobre aquilo de que não me quero esquecer. Mas faço-o, muitas vezes, à frente das próprias pessoas.

Sentiu-se pacificado depois da sua publicação?

R-Senti. Mesmo. E por ter constatado como falharam rotundamente todos os que se preparavam para o tentar descredibilizar , tentando equipará-lo a outro(s) de estilo e propósitos bem diferentes. Mas o livro estava muito assente numa fundamentação rigorosa. Como não o conseguiram desmentir, calaram-se. Teve quatro edições ,até agora, e hão-de reparar como apesar de ter vendido, em dois meses, quase vinte mil livros, deixou de aparecer…

Praia é na Figueira da Foz ou no Algarve?

R-A Figueira da Foz tem várias e bonitas praias, não só a da Claridade ou a de Buarcos. Quiaios, Cabedelo, Lavos , Leirosa,por exemplo.Como o Algarve tem muitas e distintas. Quer as da Figueira, quer as do Algarve, são imperdíveis.

Qual é o seu prime-time de um dia em férias?

R-Férias são férias. Não há nem prime nem second-time. Mas a hora do jantar tem um sabor especial.

Defenderia para Portugal a hora da sesta espanhola?

R-Defendo que a produtividade passe a ser cada vez mais prúxima da á de Espanha.Nunca mais deixamos a casa dos 60% da média da União Europeia.

Os desfiles de moda são um happening que visita por cordialidade ou é um fashion victim?

R-Nem uma coisa nem outra. Gosto, mas não obedeço às modas. Embora faça por as conhecer. E, se me distraio, há sempre quem me informe. E respeito quem se esforça por se impor num sector que, num País como Portugal, tende a dar mais valor ao que chega de fora das nossas fronteiras.

Notas Breves




Depois de horas de escritório, com o normal de telefonemas, articulados e minutas de contratos, registar a lembrança de sempre. Quem não conhece estas vistas, tem o dever de as procurar, logo que possa. Quantos Lisboetas,por exemplo, desconhecem estas paragens, este enlace entre a serra e o MAR. Serra chamada da Boa Viagem e que proporciona, nos seus vários miradouros, vistas únicas.



Entretanto, as notícias que chegam da Assembleia do Bcp, são, pelo menos, insólitas.



As que se conhecem da exposição de Sarkozy aos Diplomatas Franceses, sobre a política externa da França, parecem confirmar uma nova era. Pensamento próprio, nomeadamente sobre o calendário da saída das tropas estrangeiras do Iraque, mas, simultaneamente, consciência da importância dos laços com os Estados Unidos da América.



E, já agora, nenhum líder da Oposição, em Portugal, reparou na desaceleração da economia Portuguesa do primeiro para o segundo trimestre? Onde se anunciava já um ritmo de crescimento nos 2%, agora voltou-se aos1,6%? Ou repararam, falaram e não tiveram espaço noticioso? Em qualquer caso, é mau. E COMO PORTUGAL PRECISA QUE SE FALE MAIS DESTES TEMAS.


Esta terra, das que conheço, é das que mais gosto.
Tem muito a ver com a da primeira imagem que publiquei neste blogue. Ainda este fim-de - semana, enquanto passava na marginal, vi gente com as mesmas cores de Sol e de sal, com os mesmos trajes gastos, com a mesma maneira de deslizar perto do MAR, que vi na terra desta imagem.
É uma terra escondida atrás das montanhas e quem quiser lá chegar, mesmo de carro, leva algum tempo. Complicado?Ainda bem! De qualquer maneira, não é muito longe de Portugal.

As imagens que forem aqui publicadas respeitam um critério fundamental: terem significado, pelo menos, para mim. E fazerem bem a qualquer pessoa que as veja. Tudo o que tenha a ver com vistas tranquilas do MAR, tem provavel acolhimento neste espaço, para também quebrar a aridez da imagem das palavras. Maravilha de génio humano de criação Divina, que permite que possamos falar com alguém, sem incomodar ninguém, mas também sem ter que pedir licença seja a quem for. Que força para a liberdade e que derrota para os ditadores, grandes ou pequenos,para os censores, para os manipuladores.
Mas,agora não é momento de falar nisso. É olhar para o MAR,enquanto decorre a Assembleia Geral do B.c.p.

sábado, 25 de agosto de 2007

PREPARAR O FUTURO(continuação)

Continuando a tratar da introspecção politica que o PPD-PSD deve efectuar antes de fazer novas escolhas para o seu futuro, cabe sublinhar que qualquer candidato à liderança deve sentir que não vale a pena ser eleito com base em equívocos, para daqui a pouco tempo tudo ser posto em causa. Fala quem sabe!..
Por exemplo,quando se fala em barrosismo como se nada tivesse a ver com aqueles que hoje o criticam, convém lembrar que Durão Barroso foi eleito líder exactamente para substituir Marcelo Rebelo de Sousa, que se demitiu em Abril de 1999, mesmo antes das eleições europeias e das eleições legislativas desse ano. Marcelo Rebelo de Sousa exerceu o poder, sempre, com o apoio de Durão Barroso e do barrosismo (e do cavaquismo).Quem não se lembra de José Luis Arnaut e Manuela Ferreira Leite, por exemplo, nas equipas de Rebelo de Sousa? E é bom lembrar também que, logo na noite em que ele se demitiu, a sua amiga de sempre, Leonor Beleza, veio às Televisões dizer, em nome de alguns, que deveria ser Durão Barroso o próximo líder. E qual foi a primeira decisão - até pela urgência - de Durão Barroso? Elaborar a lista de candidatos ao Parlamento Europeu. E quem foi o cabeça - de - lista que logo escolheu? Exactamente José Pacheco Pereira.
Não se tente pois confundir o que não tem confusão possível. É o mesmo que dizer agora que Luis Filipe Menezes é santanista, ex-santanista ou um produto do santanismo. Menezes, depois de Francisco Sá Carneiro, esteve com Francisco Balsemão, com Fernando Nogueira e com Marques Mendes. Só no Congresso de Santa Maria da Feira, deixou o apoio a Marcelo, após a minha intervenção. Nunca esteve próximo do barrosismo e, mesmo durante o período que se seguiu à minha eleição como lider, considerou-se sempre marginalizado, alegando ser muito por causa dos barrosistas que comigo continuaram em lugar de destaque. Apesar disso, cumpre reconhecê-lo, "deu a cara" pelo PPD-PSD, sem cinismos e com entrega. Em campanha, e não só.Tendo sido cabeça-de-lista em Braga, foi lá, curiosamente, que Marcelo combinou, com o próprio Menezes, assinalar a sua presença breve, nesse combate eleitoral tão difícil . Não se misture, pois, o que não deve ser misturado. Dizer que Luis Filipe Menezes é um símbolo do santanismo e falar, ao mesmo tempo, como se Nuno Morais Sarmento ou José Luís Arnaut fossem só barrosistas, quase como se tivessem saído quando eu entrei, é mais do que falta de rigor. Dizer que Rui Gomes da Silva era o Ministro do PPD-PSD que tinha mais poder, quando estive como Primeiro-Ministro, é mais do que falta de verdade. Em ambos os casos é desonestidade intelectual.Pelo menos. Como desonesto foi, a certa altura, alguns quererem dizer que Isaltino de Morais e Valentim Loureiro eram também santanistas de sempre. Então no caso de Isaltino, quase nunca tive o seu apoio. Foi dos que mais defendeu a minha candidatura à Câmara de Lisboa, mas -lo como apoiante de Barroso. Isaltino trabalhou sempre com Marcelo Rebelo de Sousa, Luís Marques Mendes e outros próximos de Pacheco Pereira,como, por exemplo, David Justino, que foi número dois de Isaltino, na Câmara de Oeiras, durante anos. Quando digo que as pessoas são mais ou menos próximas politicamente,não significa qualquer juízo de apreço e de consideração. Nem essas distâncias constituem, em termos de critérios, a referência fundamental, para definições ou classificações de Politicas. Mas dão que pensar e ajudam a excluir raciocínios manipuladores.
Pacheco Pereira, que gosta de aprofundar estas matérias das arrumações ideológicas, saberá que não é fácil responder a esta questão: será que a existência de três lideranças - Marcelo, Durão e eu próprio - significou três linhas politicas diferentes, três poderes diferentes, três equipas diferentes ? Ou, no essencial, foram as mesmas politicas, o mesmo poder, as mesmas pessoas?
É óbvio que cada liderança tem o seu estilo, as suas características, as suas diferenças, mesmo numa comum matriz ideológica. Eu não abdico da minha identidade e das decisões de que me orgulho. Como acontecerá com as outras duas pessoas referidas. Mas eu, que escrevi e publiquei, numa colectânea de Ciência Politica, "PPD-PSD: a dependência do carisma", serei sempre o último a negar a importância das lideranças.
Só que, para quem queira,como se diz na citada entrevista, ir ao fundo das razões da crise, para proceder, então, a uma grande mudança, não pode errar na identificação do passado, das suas linhas de rumo, das suas relações de forças, dos seus protagonistas. Dizer que se quer mudar tudo e depois querer fazê-lo com os que,de uma maneira ou de outra, lá têm estado sempre, seria um absurdo, uma ilusão, um erro crasso, sem retorno. O PPD-PSD não o pode fazer. Não o podemos consentir. Só assim se pode garantir a base de decisões adequadas para o presente e para o futuro.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

PREPARAR O FUTURO(continuação)

Já em 1999, quando o PPD-PSD, então liderado por Durão Barroso, perdeu as eleições para o P.S., liderado por António Guterres, (que ficou a um lugar da maioria absoluta, apesar de estar há quatro anos no poder), já então fiz uma intervenção em Conselho Nacional, propondo que o Partido fizesse uma análise das razões pelas quais ia ficar dez anos fora do Poder, tendo tido a oportunidade de governar num período privilegiado, de 1985 a 1995, em que pela primeira vez, Portugal contou com muitos e muitos recursos financeiros da União Europeia. Na altura, Durão Barroso não gostou da proposta e a consequência foi o Congresso de Viseu, em Fevereiro de 2000.
Quando sublinho a importância de se fazer a análise séria de tudo o que se passou, nos termos hoje expostos por Pacheco Pereira, não é para se falar só da saída de Durão Barroso e de ter sido eu a substitui-lo. Não o digo por qualquer receio mas porque isso é "atirar poeira para os olhos das pessoas". E, para ver como assim é, basta meditar um pouco nas respostas a dar a duas perguntas:
1-Quais os motivos que justificam que em 12 anos (e, em princípio, mais dois), o PPD-PSD só tenha assumido as responsabilidades do Governo de Portugal em três? Falo no período de 1995 a 2007 (e, pelo previsto, até 2009).
2- Depois dos dois anos de governação de Durão Barroso e de Manuela Ferreira Leite,e depois dos resultados das eleições europeias em Junho de 2004, quem acredita que, com a mesma política, os resultados eleitorais seriam positivos ? Ou seja, quem acredita que depois dessas eleições, em que o PPD-PSD, liderado por Durão Barroso e o CDS-PP, liderado por Paulo Portas, tiveram os piores resultados que o centro - direita obteve, até hoje, em Portugal, quem acredita que, continuando aquela governação - que,no geral,defendi -, ganharíamos novas eleições? Talvez, se fossem,como previsto, em 2006. Mas não seria fácil como se calcula. E, fique claro que não estou a fazer reparos nem críticas. Falo de factos.
A questão principal é, todavia, esta: logo no ano seguinte às eleições europeias (2005), se o Governo de Durão Barroso tivesse continuado, e portanto, com a rigorosa politica de austeridade do então Primeiro- Ministro e da então Ministra das Finanças, Cavaco Silva teria decidido candidatar -se a Presidente da República? E, se o tivesse feito, as suas hipóteses de vencer seriam sequer equivalentes?
Só estas duas questões, para introdução da tal avaliação que é necessário realizar e sem a qual se continuaria, ou continuará, na ilusão de uma falsidade que corrói a confiança do Partido em si mesmo, alimenta a perplexidade dos militantes e não sara as feridas na alma do PPD-PSD. Só a verdade esclarece e permite construir o caminho da verdadeira regenereção.

PREPARAR O FUTURO

Falta pouco mais de um mês para o dia das eleições directas no PPD/PSD. Passou mais de um mês sobre o seu anúncio e o anúncio das candidaturas até agora apresentadas. Tenho procurado seguir o que se liga com essa disputa, com a atenção possível, dado o enquadramento, os temas tratados e o que as férias proporcionam de bem-estar com a família. A esse propósito, tenho também lido,às vezes só uns dias depois, entrevistas ou artigos sobre o nosso sistema político e partidário. Destaco, em especial, as reflexões de José Miguel Júdice - agora mais distante de agitações eleitorais -, de Marcelo Rebelo de Sousa,de José Manuel Fernandes e, hoje, no Diário Económico, numa das boas entrevistas que António José Teixeira fez em Agosto, de José Pacheco Pereira. Entre várias afirmações sobre as ideologias, os partidos em geral e os dois maiores partidos portugueses, em especial, diz, às tantas, o entrevistado, algo semelhante ao que eu disse já várias vezes: no PPD-PSD há, pelo menos, dois partidos dificilmente conciliáveis. Não tenho a certeza se a dicotomia que fazemos é a mesma. Pelo que li, tenho ideia de que não. Mas já é um passo importante, esse reconhecimento, que, cumpre assinalar, nem é novo no autor das referidas declarações. O que me parece novo, são os termos da distinção, concretamente, quando fala de um Partido do Poder Local e de outro do Poder Central.
Bem mais importante é outra afirmação que faz, com a qual estou de acordo, e que eu tencionava fazer em breve (daí também o cuidado de eu expressar, já hoje, este ponto de vista). Diz José Pacheco Pereira que é necessário que o Partido faça a avaliação do que se passou "com a Câmara Municipal de Lisboa e com os Governos de Durão Barroso e de Santana Lopes". Completamente de acordo! Mais, pondo o presente e o futuro acima de tudo, não tenho dúvidas de que dificilmente se construirá algo de sólido sem que se faça essa análise. Não se trata de sugerir uma terapia colectiva, mas importa reconhecer, com responsabilidade, que tudo o que se passou de 2002 a 2oo5 - principalmente desde que Durão Barroso saíu e eu o substituí- foi especialmente traumático para o PPD-PSD. Como diz o próprio Pacheco Pereira - embora fale também das consequências negativas do facto de Cavaco Silva "não ligar ao Partido" - essa fase representa "o pano de fundo da crise que hoje vivemos".
Penso que todos os militantes e muitos simpatizantes sentem que a fase vivida, desde então até agora, foi como que um interlúdio. Sentimento que, estou certo, só passará, se e quando for feito o que Pacheco Pereira hoje sugere. Por isso mesmo, e antes de mais posições sobre o presente e o futuro do PPD - PSD, quero exprimir a ideia que, há tempo, tenho como certa: é um erro, pelo menos desta vez, não haver uma primeira parte do Congresso antes das Directas. Li, há dias , uma mini- polémica entre dois candidatos, sobre qual deles teria mais a ver com a introdução desse método de eleição do líder. Sorri, porque todos sabem quem mais se bateu por essa alteração nos Estatutos, nomeadamente no Congresso de Viseu, (juntamente com Rui Gomes da Silva). Por isso mesmo, e não só por isso, julgo ter autoridade para ter esta posição. Na verdade, são circunstâncias políticas excepcionais as de um Partido perder o Governo do País e da cidade capital desse mesmo País, por acção, em parte, de militantes seus. Mais, estou convencido, caso assim não aconteça,- e é difícil que possa acontecer- que havendo só um Congresso e posterior às Directas, e se se fizer lá o que Pacheco Pereira sugere, poder-se-á pôr em causa, politicamente, o que se tiver passado até aí.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Uma entrevista de Verão ao Jornal de Notícias, hoje publicada, não contém todas as perguntas e respostas (a versão ,na íntegra, está no site http://www.jnverão.blogs.sapo.pt/ ). Uma das perguntas não publicadas, questionava-me se eu considerava que alguns factos passados com o actual Primeiro-Ministro, a acontecerem comigo, seriam mediaticamente inflacionados. Retorqui que a pergunta já continha a resposta e que preferia não falar muito do assunto.Sugeri que a comparação, em vez de ser feita comigo, o fosse com os Primeiros-Ministros e outros Chefes de Executivo das Democracias que conhecemos. Quem acompanha a Imprensa internacional sabe que em Espanha, em Itália, em Inglaterra, em França, nos Estados Unidos da América, as pessoas têm uma ideia de onde estão, em férias, respectivamente, Zapatero, Prodi, Brown, Sarkozy, Bush. Sabem onde eles estão e sabem que não fazem três semanas consecutivas "sem novas nem mandados". No geral, interromperam as férias ou por motivo de força maior (como o incêndio nas Canárias ou as cheias em Inglaterra) ou por compromissos oficiais (como o encontro entre Bush e Sarkozy),ou até por iniciativa própria, para se deixar claro que se está sempre próximo da realidade(como outra vez com Zapatero, numa visita a Jerez). Só por cá é que ninguém quer saber. E se há um motivo forte para todos se importarem:estamos no semestre em que exercemos a Presidência da União Europeia. Qualquer pessoa entende que se trata de uma ocasião única para qualquer País, seja qual for a sua dimensão e sejam quais forem as suas circunstãncias. Nem um dia do semestre pode ser desperdiçado, estejam, ou não, fechados serviços em Bruxelas.
Sou o primeiro a defender que todos têm direito à reserva da intimidade, e mesmo os Governantes e as suas famílias devem ver respeitado esse direito. Mas uma coisa é andar a perseguir as pessoas, outra é um País saber, só, onde está quem tem a missão de o governar. E, se se está na Presidência de uma União a 27 Estados, nesse caso, passe a expressão, não pode haver férias para quem tem essa relevante missão. Os nossos analistas que ponham a mão na consciência e que pensem no que diriam, num caso destes, se fosse outro o Primeiro- Ministro.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Comentário enviado sexta-feira,dia 10 de Agosto, ao "Diário Económico"

Trata-se de um excelente artigo que, na sequência do post que ontem inseri no meu blog, sinto dever comentar, começando por cumprimentar o autor do artigo. Considero perfeitamente correctas as observações que faz sobre a indispensabilidade de não pôr em causa a unidade da política monetária e sobre as consequências que teria,nomeadamente para um País como Portugal, uma política de taxas de juro "à la carte". Aceito, sem dúvida, que o facto de não ser possível desvalorizar a moeda para fazer face às contrariedades do mau ciclo, permitiu filtrar as empresas com capacidade para competir, para inovar, para conseguir novos produtos e novos mercados. Foi muito importante ,sem dúvida, garantir essa impossibilidade de alguém recorrer ao facilitismo. Por isso, não subscrevo, à partida, as posições de Sarkozy sobre o Banco Central Europeu. Diferente é, todavia, e rejeitando o facilitismo, rejeitar também o abuso de posição dominante que se traduziu em impôr a todos os Estados da União a opressão de uma terapia única, quando as suas economias estavam, e estão, em situações bem diferentes. Se cabe reconhecer que foi vantajoso separar as empresas capazes das que não podiam continuar, importa igualmente constatar que muitas ficaram pelo caminho porque não lhes foram dadas condições de concorrência minimamente justas. E, entretanto, importantes posições foram sendo tomadas por entidades com capitais maioritariamente estrangeiros. Sabemos que é o mercado, dizem muitos. Mas tem de ser mesmo um verdadeiro mercado e não um sistema sem regras equilibradas para uma sadia competitividade. Usar as taxas de juro segundo as conveniências de cada ciclo ou regressar a políticas monetárias autónomas deve estar completamente fora de questão. Mas impôr tectos de deficit orçamental, independentemente da natureza das despesas ou das medidas, por exemplo fiscais, também é de recusar. Como reconheceram, muito a custo e muito tarde, alguns pais de Maastritch, na recente revisão do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Cumprimentando, de novo, o Prof. Doutor Pedro Pita Barros e também à Direcção do Diário Económico, aqui segue, de férias ,e sem formalismos, um contributo para o debate de um tema que já muitas vezes disse que gostava de ver muito mais tratado em Portugal.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O Presidente Sarkozy resolveu pôr em causa o Pacto de Estabilidade e Crescimento. Contesta também a autonomia excessiva do Banco Central Europeu. Informou as autoridades da União de que a França não pode sacrificar o programa que os Franceses escolheram, nomeadamente as medidas de política fiscal e as necessidades de relançamento do investimento e de crescimento da economia que permita criar novos empregos. Comunicou novo prazo, de mais dois anos, para alcançar as metas orçamentais antes estabelecidas para 2009. Na prática, assumiu as consequências do erro que foi detectado, tão tardiamente, na recente revisão do Pacto: não se devia ter imposto a mesma terapia na política macro a todas as economias europeias.



Em Portugal, houve quem o dissesse em tempo. Disse - o e escrevi-o antes de assumir as funções de Primeiro- Ministro. E, no exercício desse cargo, no Programa de Governo, coloquei em primeiro lugar o objectivo do crescimento económico antecedendo o da consolidação das contas públicas, dando, embora, importância equivalente a ambos. E, com incomparável autoridade técnica disse-o também, muitas vezes, Miguel Cadilhe, que eu teria convidado para as funções de Vice-Primeiro - Ministro - como, na altura, anunciei - se tivesse ganho as eleições de Março de 2005.

O que me surpreende agora é ler vários articulistas, mais ou menos preparados, a elogiarem Sarkozy , a sua coragem e a sua ousadia. João César das Neves, com a sua habitual coerência,já criticou. Mas quantos outros a tentarem explicar até, as razões que justificariam, à luz da realidade francesa, as posições do novo Presidente sem que nunca, até agora, se tivessem desviado um milímetro das teses que a Comunidade Europeia de François Mitterrand e depois de Jacques Chirac, Filipe Gonzalez, Helmut Kohl, Jacques Santer, Jean- Claude Junker e de Cavaco Silva(como Primeiro-Ministro), consagraram noutro Tratado,o de Maastritch, que podia ter sido referendado pelos Portugueses, mas nunca o foi.

Naturalmente ninguém põe em causa as intenções. Mas foi um erro. E esse erro, esse dogmatismo, prejudicaram toda a União. Mas saiu especialmente caro a Portugal, ao País mais distante do centro e que, também por isso, muito decidiu investir em infraestruturas.
Muitos dos efeitos estão consumados no nosso tecido económico e são irreversíveis. O que importa, agora, é tentar corrigir e fazer as opções certas não insistindo nas tais velhas receitas, as quais este Governo também já adoptou. Velhas receitas que levam ao disparate de avaliar, de modo indistinto, as despesas de funcionamento e as despesas para investimento, verdadeiramente reprodutivas geradoras de desenvolvimento.
Em Portugal, estes assuntos debatem-se pouco. Às vezes até quando há eleições importantes como o devem ser umas eleições para a escolha do líder de um dois principais partidos portugueses.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

As férias dos responsáveis de Portugal interessam pouco às reportagens que tratam de seguir essas pessoas e esses assuntos.. Pelos vistos, coitados dos senhores da imprensa "especializada", perderam o rasto ao actual Primeiro-Ministro. Esclarecem que ao contrário de anos anteriores, não foram informados do destino. Também se fossem, ia dar no mesmo, porque José Sócrates tem a mania de ir para sítios longínquos e perigosos- por exemplo,Quénia,em zona de animais selvagens e ferozes- e os nossos jornalistas da matéria preferem andar por cá.
Fala-se das férias do Presidente Sarkozy, em relação ao qual ainda não perceberam bem se gostam dele ou não. Ainda não se concluiu se o novo Chefe de Estado Francês é de confiar ou se está mesmo convencido de que pode fazer o que entende certo e justo, sem prestar contas a mais ninguém que ao Povo, nos termos da Constituição da V República... Ainda por cima, tem uma mulher bonita, gosta de passar férias com os amigos em sítios caros...Até parece o Durão Barroso no Brasil, o Paulo Portas na neve em Aspen,ou o autor destas linhas num barco em Ibiza ou numa casa na Quinta do Lago...Verdade seja dita que,por exemplo, Jorge Sampaio também ia sempre para a Quinta do Lago, mas, para nunca ter tido direito a helicóptero a sobrevoar a casa para a fotografarem, era certamente porque o lago era outro:talvez o do jardim do Campo Grande...E também é verdade que José Sócrates vai de férias para estâncias de sky bem luxuosas. Mas não deve ser para esquiar, mas antes para alguma reunião da Internacional Socialista...E também foi para o Brasil, uns bons dez dias, mas certamente só porque tinha depois uma reunião com o Presidente Lula.
Eles até sabem que o actual Primeiro-Ministro, este Verão, comanda a comunicação do Governo durante a época de férias,mas quem os informou é maldoso e não lhes diz de onde é feito o comando...E isto de se estar sempre a fazer perguntas ou a investigar,também cansa. E, que diabo, lá por serem políticos, também têm direito a descansar um pouco!..
Bem, pois sendo assim, há que ir atrás de quem? Presidente da República? Não, ninguém tem nada com isso!... Presidente da Assembleia? O que é que interessa? Ministros ? Coitados,já chega o que passam durante o ano... Dirigentes da Oposição? Quem? Não, para variar um bocadinho, decidiram fazer outra escolha... Just guess who:claro,o autor deste blogue. Vejam lá que ando a fazer férias de luxo, com os filhos, no Algarve,e queria esconder as férias, queria andar sossegado.É preciso ser descarado.Quem?Eu, claro.
Os nossos governantes e lideres da oposição podem assim descansar, que bem merecem.

P.S.-Vejam lá o novo Primeiro- Ministro Britânico, Gordon Brown: tomou posse há um mês e já foi fazer férias. Parece um que houve cá há três anos!... É preciso ser descarado.Quem? Eu, claro.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Passou tempo. Já passaram mais de duas semanas desde as eleições para a Câmara de Lisboa, e, apesar das centenas de solicitações, principalmente das televisões e das rádios, consegui manter a atitude de nada dizer. Simpáticos, quase tudo me ofereceram, durante estes dias, para falar desse tema, bem como do PPD/PSD e das eleições directas, ou ainda, também, das eleições para o Grupo Parlamentar...Tudo consegui evitar, apesar da simpatia e da persistência dos contactos.Uma das Televisões chegou a propor cinquenta minutos de entrevista, em "emissão especial"...Mas, nada feito. Senti, fiz a avaliação, de que não era ainda o tempo. Precisava de mais tempo para chegar a conclusões sobre todas as matérias relacionadas com os factos em questão.
Hoje tomam posse os eleitos em 15 de Julho de 2007. Toma posse a equipa liderada por António Costa que recebe a Câmara das mãos, claro que da vontade popular, mas também dos erros inconcebíveis da solução escolhida pelo PPD/PSD. É,de facto, algo de único nas democracias e na sua História: um Partido "deitar fora", por acção de uns quantos militantes seus, o poder no País e na sua capital.