quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Despertar

Julgo que foi a 19 de Dezembro passado que , numa entrevista a Ana Lourenço, falei da gravidade da situação das contas públicas, do nível de endividamento da nossa economia, das várias desorçamentações,da dimensão da dívida das empresas públicas de transportes, da conveniência de se decidir a privatização da TAP e da CP(entre outras) e da obrigatoriedade de se adoptar, de vez, o princípio do utilizador - pagador.Falei nesses temas, mais uma vez, a propósito do elenco de matérias sobre as quais o PPD/PSD tem de definir posições claras depois de as debater com profundidade.

A 1 de Janeiro, o Presidente da República falou muito bem dessas matérias na mensagem que dirigiu aos Portugueses. Não foi, naturalmente, a primeira vez que versou esses temas no passado recente, mas nunca o fez no tom e na forma utilizados deata vez.
Ontem como já referi, foi a divulgação da análise do BPI e a entrevista nos Negócios da Semana com as palavras que referi, respectivamente, de Fernando Ulrich e de Eduardo Catroga.

O ano passado, foram várias as vezes em que tratei desses assuntos nos artigos do jornal Sol. Escrevi mesmo que parecia que ninguém queria dar importância ao tema do endividamento global da economia e que, quando as pessoas acordassem,as medidas iriam ser complicadas.

O despertar só agora se começa a dar.

3 comentários:

Hugo Correia disse...

Permita-me a repetição do que aqui escrevi no passado dia 27 de Outubro de 2009. Acho que não é preciso ser catedrático e de conhecer os dossiers a fundo para perceber para onde caminhamos. Nada a apontar do que foi dito pelo Presidente da República, mas será que não pecou por muito tardio? Será que ele não tinha conhecimento, há muito mais tempo, da situação real do país? Ou só agora foi possível passar a mensagem com maior eficácia??? Fique sabendo, meu Presidente, se esta é a ''boa moeda'' então eu prefiro um milhão de vezes a ''má moeda''. Pelo menos esta ''má moeda'' não mente. E como estaria agora Portugal se a ''má moeda'' não tivesse sido demitida? Pior? Não creio.



«Este post leva-me novamente a 30 de Abril de 2008. Não vou referir outra vez tudo o que se passou na Assembleia da República nesse dia. Apenas lembrar que tínhamos um 'treinador' que ignorava uma crise por todos reconhecida e se recusava a um plano especial de impulso à nossa economia. E é claro, mais uma vez, o seu discurso motivou os seus jogadores para aquilo que era uma grande ilusão. Os resultados esses tardavam a aparecer até que um dia, não me lembro qual, acordaram para a realidade. Acordaram tarde e sem um fio condutor. Medidas??? Até eu as saberia escrever. Eu diria, inconsequente, porque o treinador é mau, muito mau. Quando se impunha uma chicotada psicológica apenas foi permitida a troca de alguns 'jogadores' mantendo a espinha dorsal do esquema táctico. Está este 'treinador' preparado para comandar o país de todos nós? Obviamente que não. Não está, nem nunca esteve. José Sócrates pensa que: ''My Weakness Is None Of Your Business ''. Neste caso não posso mesmo concordar, é mesmo da minha conta, da conta de todos nós. O que nos espera? O fundo e uma grande chuva de dívidas.

Um optimista muito pessimista.»

obelix disse...

Cuidado quando se fala em privatização da CP, por três razões fundamentais:
a)Em teoria económica há aquilo a que se chama monopólios naturais, actividades cujo custo unitário desce sempre com o volume de produção, e os caminhos de ferro são uma delas, pelo que estar a partir a operação global em operaçõezinhas não é uma boa solução (tenho mesmo muitas dúvidades da bondade de se ter separado a REFER da CP). E a haver um monopólio que seja público;
b)A esmagadora parcela dos resultados da CP são resultados financeiros decorrentes do facto do Estado não pagar as indemnizações compensatórias devidas pela prestação de serviço público, uma vez que assim quem se endivida é a Empresa e o valor não é reflectido nas contas públicas, nomeadamente não vai a déficit;
c)A experiência feita com a Fertagus não é minimamente encorajadora, uma vez que esta vende o Km muito mais caro que a CP Lisboa, e recebe muito mais dinheiro do Estado.

Há que exigir e responsabilizar os gestores da CP por obterem os melhores resultados, até através de contratos de objectivos (e demasiadas vezes a CP não tem sido bem gerida, embora outras tenham de lá saído os gestores para empresas privadas muito bem pagos, certamente porque a sua qualidade ficou demonstrada). É demasiado fácil apontar a CP e os seus déficits (e como a comunicação social gosta de arranjar assim bodes expiatórios, coisa de que o Sr. Dr. tem vasta experimentação), sem cuidar de saber quanto jeito dá ao Estado que assim seja...

Diogo Andrade Correia

DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

O PSD devia abandonar pelo se pé as negociações com o Governo para o OE, pois o acordo já está feito com o PP.
Só em caso de rotura de última hora(que não creio) é que o governo iria tentar acordo com PSD!
Aliás penso que terá havido de parte do PP a imposição do governo marginalizar o PSD, caso contrário não haverá acordo!
Será que os nossos dirigentes ainda não se aperceberam disso?
Não creio!