sábado, 16 de junho de 2012

Há de tudo

Se há fenómeno estranho na vida, é o das pessoas que ganham a mania da importância. Sinceramente, não sei o que hei - de pensar quando vejo casos desses. Pessoas que,de repente, se passam a ter, a si próprias, numa conta extraordinária. Porque será? Porque será que as pessoas alteram a maneira de ser e de estar, muitas vezes, quando mudam de função, de trabalho, de cargo? Porque será que as pessoas não se lembram sempre de que a vida é uma roda e que tudo tem um termo? Quem trabalhou já comigo sabe que sempre lembro isso: os poderes, as glórias, as vénias, as precedências, as hierarquias, tudo passa. Sempre procurei dizer a quem se julga muito importante que daí a algum tempo voltam ao local de partida. A Vida tem - me proporcionado assistir ao percurso de muita gente que desafiei para funções públicas: assessores, adjuntos, secretárias, Vereadores, Deputados,Governantes. Tantas e tantos. E há de tudo, naturalmente. Há pessoas que desconsideram outras pelas mais variadas razões: porque têm mais poder, porque ganham mais dinheiro, porque são mais novas ou mais velhas. Ao fim e ao cabo, porque são ridículas. Há muita gente que não entende que a Vida é um percurso em que tudo se liga, os momentos menos bons e os momentos melhores. Eu já assisti a cenas em que se percebe que há pessoas que, quando vêem outras em má fase, julgam que é para sempre. E assisti, igualmente, a situações em que as mesmas, ou outras pessoas, quando sentem que outras estão numa boa fase, julgam que é para sempre e bajulam - nas até poderem. Porque será? Se soubessem os espetáculos a que continuo a assistir... Quantos amigos que eu tinha perdido de vista e que voltaram a aparecer, a escrever, a telefonar. Alguns ainda "têm a lata" de escrever ou dizer que " há anos que não falamos"... Alguns desses até os ia vendo mas eles eram distraídos e não me viam. Há de tudo! Mas há quem seja sempre igual a si próprio: os "pavões" e os "naturais"... Pior, pior, são os que eram simples e, sem se saber porquê, "viram" importantes.

7 comentários:

Unknown disse...

Concordo plenamente com o seu artigo. Obrigado pela partilha.

miguel vaz serra....... disse...

Dr. Santana Lopes
Sabemos que assim é e sempre assim será.......
Fartei-me de rir no entanto a ler este seu comentário porque eu sabia que isso iria acontecer.....
Quando deixou de ser 1º Ministro o telefone parou. Depois na candidatura a Lisboa não parava de tocar. Como os Comunistas venderam 11.000 votos a Costa e perdemos "eles" pensaram que a vida tinha acabado.
Só não o conhecendo bem, diga-se de passagem, e só um bando de anormais pode pensar que um homem de 50 e poucos anos pára de viver e trabalhar.
Seria de esperar por tanto que o seu telefone esteja agora entupido de mensagens de voz e escritas :)

Marco disse...

Em parte essa visão traduz muito a politica actual... Esse meio está cheio dos que se acham, ou querem se achar, importantes...
Infelizmente o poder tem dessas coisas... Será que a democracia actual não fomenta isto? Digo que sim.

Anónimo disse...

É do melhor que tem escrito! A importância "ocasional" de que os portugueses se investem... É fugir de gente dessa, principalmente numa idade em que já não devemos perder tempo com qualquer coisa.

João Villalobos disse...

Tendo tido pessoalmente a oportunidade de ser convidado a trabalhar consigo no passado (ainda) recente, posso aqui mais uma vez atestar os meus agradecimentos. Votos de sucesso, agora como antes. João Villalobos

Anónimo disse...

gostei e é assim mesmo .....
uns dias somos muito bons outros ninguem nos conhece...é conforme os cargos e não por o trabalho....mas DEUS não dorme permanece bem acordado.

Dina disse...

Caro Dr Pedto
Há mesmo de tudo ! Eu também já vi disso tudo na minha vida. No entanto considero ser positivo ter tido a oportunidade de ir filtrando e limpando essas vicissitudes. Preocupante é ver aqueles que passaram por tudo isso e voltam ao velho trilho de acolher , com uma alegria anedótica , no seio da sua pseudo-amizade, essas antigas vicissitudes que não interessam a ninguém .Muito menos ao País.
Mlhs Cptos