quarta-feira, 11 de junho de 2008

Irlanda e imprudências

A Irlanda vai votar. Se vota Não, lá vão começar os esclarecidos a repetir o que há tempo defendo e referi em debates recentes, no Parlamento, sobre o Tratado de Lisboa: tem de haver uma cláusula nos Tratados a prever a consequência de um ou mais Países votar não. Ou então ficam vinte e seis Povos afectados nas suas vontades soberanas pela vontade, também soberana, de um outro. A inexistência dessa cláusula, depois do sucedido com o Tratado de Roma de 2004 foi o que mais fundamentou a minha posição contrária à realização de um referendo em Portugal(para não falar dos outros Países).

Tem sido uma enorme imprevidência não prever esse opting out institucional. Como é possível que os órgãos da União Europeia, ainda para mais com a experiência recente, não tenham previsto e prevenido essa hipótese? Se os Irlandeses votarem não, a União vai ficar mais uns anos "a marcar passo"?

Esperemos que votem sim.

13 comentários:

Anónimo disse...

A democracia quando exagerada dá estes resultados de ingerência!

Anónimo disse...

Dr.Pedro Santana Lopes
Sempre pensei que a Europa devia ser uma Federação de Estados.
O modelo que temos,actualmente,só podia conduzir ao que disse que pode acontecer.
Não gosto,de todo,do modelo actual!
Cumprimentos
c.monteiro de sousa

Anónimo disse...

Não seria um tanto ou quanto totalitário forçar os países, que votam não, a mudar a sua decisão através de uma clausula?

Anónimo disse...

Deus o ouça Dr. Santana Lopes! Que o "clube" dos 27 fique a "marcar passo". Não me parece (minha opinião pessoal) que o referendo irlandês termine no SIM. Olhe há aquele ditado: "prostituta só e ladrão só"... E bem melhor Portugal estar só (a varanda debruçada no Atlântica) do que estar misturado com outras etnias da Europa. A história bem nos diz que no passado os países europeus se guerrearam... e no futuro vão ser de paz? Uma ova!

pro veritate disse...

Como bem posso testemunhar esse facto, pois por várias vezes, o ouvi referir isso mesmo nas aulas, a que tive o prazer de assistir. Concordo plenamente e não se entende que estejam 26 Países subjugados à decisão tomada um um só!! São os problemas da unanimidade! Será que que se justifica? Se com 15 era muito dificil, agora torna-se missão impossível a 27.
Poderá ser bom, por um lado, pois torna possível aos Estados Membros, fazer uma análise profunda das regras que querem, atinentes ao futuro do "Velho" Continente.

Aquele Abraço amigo, do aluno, que foi:
António Lourenço Pimentel

Unknown disse...

não estou NADA - mesmo nada - interessado em saber o que o senhor SL pensa da Irlanda, do Tratado de Lisboa, das marchas populares ou do preço da gasolina!
espero que, agora que está mais liberto das tarefas parlamentares no tempo que lhe sobra a ganhar dinheiro a dar pereceres, faça A SUA OBRIGAÇÃO e vá limpar o lindo slogan "SANTANA JÁ GANHÁS-TE" que está escrito numa das paredes do seu queridíssimo túnel.
A cidade de Lisboa, certamente, agradece !

CD

Anónimo disse...

Os "Povos ficam afectados na sua vontade soberana"? Mas a mim ninguem me perguntou se eu aprovava o tratado, nem deleguei em ninguem o meu voto para o aprova ,como aconteceu ca

Ricardo Araújo disse...

Boa noite Dr. Pedro Santana Lopes afinal o pior aconteceu, os Irlandeses disseram não ao tratado.
Agora o que será que vão fazer? Ignorar o voto Irlandês e fazer na mesma passar o tratado, tendo assim dois pesos e duas medidas em relação ao não Holandês e Francês, aquando dos referendos nesses Países?
Não podemos ignorar este voto dos Irlandeses fazendo de conta que nada se passou, é tempo de todos pararem para reflectir, mas parece que segundo ouvi nas televisões todos querem que as rectificações continuem, o que nos leva a pensar que o tratado vai ser mesmo implementado nem que seja a revelia de um povo, ou que vai haver cedências para com a Irlanda para que o mesmo venha a ser rectificado mais tarde com essas alterações, mas se assim for estamos perante uma tremenda injustiça para com aqueles Países como Portugal que o rectificaram no parlamento e não tiveram oportunidades de exigir fosse o que fosse.
Uma última nota para relembrar as palavras do Eng. Sócrates, onde ele dizia que este tratado era de uma importância vital para o seu curriculum político, só que depois deste desaire ainda não o vi a ter uma palavra para com os Portugueses.
Parece que temos aqui mais uma derrota do Eng. Sócrates, que em dois dias acabou por dizer que viu o País vulnerável por causa dos bloqueios e no dia seguinte recebeu a triste notícia que ia continuar com o seu curriculum mais pobre.
Espero que desta vez não o culpem a si de mais este desaire que aconteceu no universo político.
Um grande abraço, cordialmente.
Ricardo Araújo.

Xelb disse...

"Ou então ficam vinte e seis Povos afectados nas suas vontades soberanas pela vontade, também soberana, de um outro."

Meu caro doutor:

Alguém me perguntou alguma coisa a mim, alguém tentou saber da minha vontade, ou da vontade desses outros povos?

Então como sabe qual é a vontade deles?

As ultimas indicações foram um rotundo não em dois países...

Mas prontes, eu cá se calhar sou um bocadinho poucochinho e ainda bem que tenho uns senhores políticos, (pessoas muito inteligentes aqueles senhores, sabem tudo e falam tão bem...)
que resolvem estas coisas. Ainda bem que eu assim nem preciso preocupar-me...

Anónimo disse...

Mas será que os dirigentes eleitos, independentemente dos seus programas eleitorais, transmitem aos seus constituintes o âmago das questões ou cairão no velho princípio de Bismark sobre certas coisas serem melhores saboreadas do que analisadas?

Helder Marques de Sá disse...

Caro Dr. Santana Lopes: discordo da sua frase "...então ficam 26 povos afectados nas suas vontades soberanas pela vontade, também soberana, de um outro." Que eu saiba não fui ouvido, nem os outros 18 (creio que faltam ainda 8). A "União" Europeia tem de ser vontade dos povos e não só dos políticos.
Repare: aquilo que eu, cidadão anónimo ando a dizer há mais de 20 anos (fui apoiante da CEE, sou adversário da União Europeia), mesmo contra a política oficial do nosso Partido acabou por acontecer: a PAC era um erro, a PAC foi um erro, como acabou de se comprovar com as quotas.
Hoje há penúria, os géneros alimentares subiram imenso, pois as "inteligências" nacionais e de Bruxelas nunca previram que houvesse calamidades. Incrível que tivessem sido multados produtores de leite por terem excedido quotas, inacreditável que terrenos aráveis tenham ficado anos a fio em pousio.
Não quero esta Europa, quero uma Europa participada por todos, uma Europa social, não uma Europa do capital desenfreado, sem preocupação social.
Aqui estamos em desacordo.
SIM, AOS REFERENDOS SOBRE A CONSTRUÇÃO EUROPEIA.

Anónimo disse...

Grande Irlanda!

A Irlanda foi o único país que submeteu o Tratado de Lisboa ao voto popular, enquanto os burocratas de outros países, com medo de resultados desfavoráveis, resolveram o problema na secretaria ( neste caso Parlamento).
Como ganhou o “NÃO”, Bruxelas acha que o resultado é temporário, de maneira que resolvem alterar as regras do jogo para fazer novo referendo, até que o resultado seja do agrado.

Espero que desta vez os "terroristas" do IRA tenham descarrilado o trem globalista com perda total da carga. E que o festival que estava marcado para Janeiro de 2009 seja cancelado.

Anónimo disse...

Dr. Santana Lopes,

A Europa anda a seguir caminhos muito perigosos que se uma vez tomados irão trazer graves consequências para todos.
A Europa estava bem com estava, antes desta coisa a que os burocratas chamam de Tratado de Lisboa.
Olhe que vender Portugal a um organismo supra-nacional depois daquilo os nossos valorosos monarcas andaram a conquistar é uma coisa muito, mas mesmo muito feia.