segunda-feira, 29 de outubro de 2007

EDUCAR

Sem dúvida que os temas da Educação ganham um relevo cada vez mais acrescido.O que se passa com o Estatuto do Aluno suscita cada vez mais estupefacção. Ainda esta semana, fui ao Liceu de um dos meus filhos, falar com a Directora de turma, sobre várias matérias, entre elas, naturalmente, a assiduidade.E, a propósito, não posso compreender as intenções do Partido Socialista de acabar com a diferença entre tipos de faltas, incluindo faltas injustificadas, ou com justificação. Já houve várias versões e várias evoluções, nos últimos tempos, quanto a posições anunciadas da parte da actual Maioria.. O que surge como resultado final é altamente preocupante. E como educar filhos, que tendam a ser faltosos, se a Escola lhes garante que, mesmo que faltem muito, podem fazer um exame de "recuperação" que lhes pode permitir passar, na mesma, de ano?Há aqui muita matéria a esclarecer. Com a noção de que não há mais lugar para experimentalismos na formação das novas gerações.

Nem de propósito, hoje passei à porta do meu Liceu: Padre António Vieira. Há tempo, que não passava naquela rua. Falta de presença. É verdade: tínhamos faltas de presença, de castigo, de atraso, de material. E não nos fez mal nenhum . Porque será esta mania de alguns democratas entenderem que têm de reinventar tudo para serem do que julgam ser de "esquerda"?Quem ensina, deve, sempre, ter bom senso. Como quem legisla.

15 comentários:

Luís Guerreiro disse...

Acabam-se os chumbos por faltas, excluem-se os "clássicos" dos exames nacionais de português e, ao que parece o exame de matemática também é muito difícil. O melhor será mesmo assumir que andamos a trabalhar arduamente para formar incompetentes, em quantidades industriais, para aumentar a competitividade dos portugueses ao concorrerem no mercado de trabalho.

As assossiações de pais (ao que parece apoiam a medida) são o exemplo acabado da falha do ensino. Preocupam-se mais em que os filhos terminem os seus estudos e tenham o canudo na mão do que na real formação dos mesmos. Afinal de contas é mais útil dizer-se que se é engenheiro do que sê-lo na realidade. O inglês técnico pode nunca ter servido de nada à maior parte das pessoas, mas sem dúvida que certificar aptências no mesmo pode ser proveitoso. Ora, quando o exemplo vem de cima, que mais se pode pedir a pais e filhos cuja formação é deficiente (por culpa de reformas como esta)?

Deste modo entra-se num ciclo vicioso perigosíssimo: ao descurar a eduação, formamos pessoas menos capazes que, ao ocuparem lugares de relevo tomarão medidas menos eficazes que resultarão na formação de pessoas menos capazes ainda e assim sucessivamente.

A responsabilização tem que partir de cima. Dos verdadeiros interessados. E o verdadeiro interessado na formação competente dos jovens é o país, o Estado.

De resto temos vindo a abordar este tema da educação no http://oaltavoz.blogspot.com
Mais numa prespectiva que foca o ensino superior, mas também, recentemente, acerca do exame nacional de portugês.

Ricardo Araújo disse...

Bom dia, Dr. Santana Lopes, este é um tema que devia ser de interesse nacional, mas visto com olhos de ver pois esta Sra. Ministra leva este caso de uma forma muito leviana.

A Sra. Ministra deve-se ter esquecido que por lá passou ou seja, tudo estava mal naquela altura, era tudo uma balbúrdia e os que se formaram pouco ou nada sabem, (e agora será que está melhor?), esta é a visão da pessoa que está a frente do Ministério da Educação, só me faz pensar que mal vai a nossa politica e que estas pessoas não são dignas dos cargos que representam.

Se a hostilidade é em todos os parâmetros, ou seja contestação dos pais, dos alunos, dos professores, dos sindicatos, será que não é a Sra. ministra que esta a mais no lugar?

Que mal vai a nossa educação, um dos pilares da democracia.

Apetecia-me desenvolver mais o assunto mas não vou maçar os leitores, pois isto dava "pano para mangas".

Sou um espectador atento nesta matéria, pois tenho um filho a estudar no ensino público, e não sei o que o futuro lhe reservará.

Um Grande abraço, cordialmente
Ricardo Araújo

Unknown disse...

A educação é um tema "frágil" para esta governação socialista.Note-se que o nosso primeiro ministro não gosta muito de falar sobre o dito,e quando o faz é sempre a seu favor, realçando o que lhe é mais positivo.
Na minha opinião até ao fim do secundário deve existir o controle de faltas de presença,não concordando com as faltas de material.E relativamente ao material escolar, posso dizer que fico chocada com a quantidade excessiva de material que alguns professores exigem e muitas vezes os pais não têm possibilidades para os comprar.Numa era de tecnologias deveriamos poupar mais papel nas escolas e simplicar os meios de apoio ás aulas.É assim que funciona na minha faculdade,tendo acesso ao material atraves da internet e em comunicação directa com os professores.E só para terminar,voltando ás faltas,verifico muitas vezes no meu local de trabalho, que abranje muitos jovens em situação de primeiro emprego,que uma grande percentagem deles não são responsaveis, pois faltam muitas vezes sem avisar não tendo o menor respeito pela entidade patronal, nem pelos colegas.Trazem com eles as marcas explicitas das falhas educacionais.

Betâmio de Almeida disse...

O que os "rankings" mostram, de uma forma crua, sobre o ensino público, transformado em espaço de debate politico, ideologico e ainda (má-sorte) de experiências sociologicas, é que, acima de tudo, a mediocridade do ensino seria o sinal máximo de um modelo de sociedade que alguns já abandonaram mas que outros continuam a perfilhar (embora mais subrepticiamente).

Enquanto a maioria dos que foram ou são responsaveis pelo actual sistema de ensino e de saúde, põem os seus filhos nas escolas privadas e nem sonham em usar o SNS, a pergunta fica no ar... Até quando o país vai ficar refém de ideias e de pessoas que não querem nem conseguem pensar na eficácia destas instituições sociais e apenas se ficam pela "defesa dos dogmas" (uns) ou pelos "cortes orçamentais" (outros).

No fim o povo é que sofre. É vital quebrar este "ciclo-vicioso".

paulo disse...

Boa tarde: Penso que o Novo Estatuto do Aluno poderá ser o ponto de partida para uma reflexão acerca da Educação em Portugal. A questão do absentismo escolar e a sua tolerância neste Decreto-Lei, surge enquadrada na política educativa do Ministério da Educação. Toda a sua arquitectura (leis), tem como finalidade a transição do aluno, sem que a avaliação tenha algum papel relevante. Para ter uma ideia no Ensino Básico, (1º, 2º e 3º Ciclos), um aluno praticamente só reprova segunda vez, com autorização dos Encarregados de Educação. Sou professor à 16 anos e cada vez sinto maior desconsolo com o rumo da Educação, pois hoje ela está em falência nas suas dimensões de Ensino (preparação para a vida) e de Formação (Educação Cívica).
Oiço muita gente incluindo o Presidente Cavaco Silva, falarem que a chave para Portugal está na Educação, mas nunca ouvi quais as portas que esta tem de abrir. Antigamente, no antigo regime, a escola preparava para a vida, formava os cidadãos para um tipo de visão futura da sociedade, hoje se perguntarmos ao 1º Ministro quais são os seus desígnios sobre o tema, o mais certo é responder com a mesma vacuidade com que fala dos outros assuntos do país, fala em, exigência, excelência, modernidade, choque tecnológico, valor acrescentado, mas não sabe que país vai ter daqui a 20, 30, 40 anos, nem imagina como proporcionar àqueles que hoje são jovens, as competências para que daqui a 20, 30, 40 anos, poderem ainda ser competitivos no mercado laboral. Ninguém tem dúvidas que no futuro não quem não dominar as novas tecnologias e línguas estrangeiras (fundamentalmente o Inglês, mas também para muitos infelizmente, o Espanhol) se situará ao nível da literacia, mas a esses devem ser apenas umas das características, pois se não surgirem articuladas com outras competências, não servirão de nada, basta ver o exemplo do desemprego entre jovens licenciados.

Muito mais haveria que falar sobre o assunto, penso que nesta área como noutras, o partido poderia inovar, ouvindo pessoas no activo nas diversas profissões, de várias gerações e deixar de atender tanto às teses cooperativistas dos sindicatos, às teses de professores de renome que nunca deram uma aula a crianças e a experiência que têm de escola é do tempo em que eram alunos, ou da tradução de artigos ou livros estrangeiros, ou mesmo de alguns comentadores, daqueles que de tudo falam e que, como sabe, se costuma dizer "quem muito fala, pouco acerta"
Atenciosamente Paulo Oliveira

Anónimo disse...

Bué da fiche, meu!!
A malta ainda é jovem, meu, tem que se divertir, tás a ver, andar na escola rouba o tempo ca malta precisa pra... ó meu, para andar por aí...
Mas a reivindicação pricipal, tás a ver, é mandarem pa casa antes do Verão um papelinho que diz ca malta passou toda!
Yaaaahhh, assim é que tava tudo numa boa!

Ana Narciso disse...

Ontem a convite dos 5 editores ( onde me incluo) do blog.vilaforte.com tivemos o priviléegio de ouvir o professor António Câmara em Porto de Mós. Um colóquio fantástico com uma pesonalidade carismática absolutamente insequecível.A Educação também passou por aqui. Fomos ouvindo como o sonho pode comandar a vida e melhorar as nossas cidades/vilas criativas . A nossa fcou a chamar-se " Vila Forte e Criativa" Com talento, conhecimento, trabalho , investigação, sonho e criatividade pderemos contribuir para um futuro melhor.Como está longe o guião socialista deste desígnio! Há medo da excelência, impõe-se a escola inclusiva descurando as condições adequadas a cada caso, retira-se o esforço, e a assiduidade arrastado em anos sucessivos as escolas públicas para os últimos lugares da ordenação de escolas em termos nacionais.Assim, arriscamo-nos a perder os melhores, a estimular a preguiça incapazes de sonhar e de criar.

Tribuna Laranja disse...

Em nome dos números da Estatística, hoje em dia tirar o 12.º ano é canja.

Como Portugal estava mal cotado, em termos de alunos com a escolaridade obrigatória, pessoal licenciado, etc… o governo criou esta coisa bonita “Novas Oportunidades”, para “dar” diplomas a quem o desejar.

Hoje em dia, tirar o 12.º ano, é possível em meia dúzia de meses. Fazem-se uns trabalhitos e está feito.

A comunidade Europeia, vai olhar para Portugal, daqui por 2 ou 3 anos e vai ficar “burra”, com este salto, nas Estatísticas da Educação.

Toda esta situação não é de estranhar, quando temos altos governantes que tiraram o curso no “OMO”, uns trabalhitos mandados por e-mail e já está mais um novo Eng.º ou Dr.

O processo de Bolonha, é outra aberração, e já nem vale a pena falar.

O que é preciso, é melhorar os números das estatísticas. Vai ser possível faltar ás aulas, e passar na mesma. Se calhar esta medida é para mandar para a rua os jovens mais “rebeldes”, para fazerem não sei o quê!... e aqueles alunos mais “espertos”, ficam nas aulas, sem estes alunos mais perturbadores.

Visto por este prisma, a Ministra está a pensar bem.

Anónimo disse...

Meus Caros,

tirei o meu curso superior de gestão na Universidade mais bem cotada em portugal nesta área e quase não ia às aulas. Houve um semestre em que fui a 2 aulas. Acabei com média de 13.

Não quero com isto defender que os miúdos não devam ir às aulas. Bem sei que a personalidade das idades são diferentes. Mas a verdade é que com miúdos a acabar os cursos aos 21 anos convém dar-lhes o mais cedo possível a aconsciência dos seus actos e deixar à sua consciência as responsabilidades. Sim, porque ir Às aulas não acrescenta nada ao conhecimento. Mal estamos se ir às aulas chega para passar de ano. Para mim sempre foi mais importante o estudo individual que ir às aulas.

Por isso, não sejamos alarmistas. Responsabilize-se os miúdos. Isso pode ser muito mais útil que obrigara lguém a passar uma hora e meia enfiada numa aula.

Vejo ainda uma vantagem extra. Retirar das salas miúdos que apenas lá vão atrapalhar os que retiram real utilidade das aulas. Porque todos temos diferentes métodos e formas de aprendizagem.

Se alguns ficarem para trás, azar, nem todos podem se licenciados ! é pela facilidade de acesso ao ensino superior ( atenção ... no entanto, todos que o queiram deverão ter essa possibilidade tenham ou não capacidade financeira ) que temos uma quantidade enorme de licenciados em balcões de lojas.

Anónimo disse...

Bom Post e Bom Blog

É um tema que preocupa a juventude, em particular a JSD.

Vamos esperar por mais desenvolvimentos na matéria

Parabéns pelo BLOG
www.juventudeseixal.blogspot.com
www.jsdseixal.com

Anónimo disse...

Boa Noite!

Em primeiro gostaria de o felicitar por ter este blog onde é possivél obter as suas opiniões.
relativamente á questão da educação há já muito que o ensino em portugal está moribundo...não se trata de uma questão de politícas educativas, reformas ou tentar encontrar soluções, mais que tudo é uma questão de mentalidades, a realidade dos factos é que se prefere o facilitismo, o obter um curso a qualquer custo, e esqueçendo a formação, as bases reais de qualquer politíca educativa, este governo tem cada vez mais criado instabilidade no sector da educação são este tipo de decisões que conduzem cada vez mais portugal a uma situação de carência cultural e educativa.

Anónimo disse...

Caro Dr Pedro Santana Lopes. Gostei de ver o escreveu sobre este tema. Eu tenho uma criança no 8º ano e hoje ao ouvir na rádio esta aberração que o grupo parlamentar do PS e o Governo querem implementar me perguntou: então pai, quer dizer que posso faltar às aulas e só lá vou fazer o exame de recuperação? Como me compraste os livros, posso ficar em casa. Ficou deveras preocupado. E Srª ministra da educação: tenha o bom senso de voltar atráz porque não é com medidas destas que vamos acabar com o abandono escolar e também não é assim que podemos ter a escolaridade minima obrigatória no 12º ano. Soa mal e não é justo.

Anónimo disse...

"não posso compreender as intenções do Partido Socialista"
Caro dr, eu percebo muito bem!

É preciso sucesso estatístico. É preciso convencer o povo de que as medidas implementadas em 2 anos deram um resultado enorme!

Oposição, haja oposição!

Recorde-se que muito desse sucesso vem dos CEF e é bom recordar quando começaram a ser implementados.

... disse...

Caro Dr. Santana

Para seu conhecimento e porque acho a minha reflexão longa demais para ser mais um comentário ao tema por si abordado, junto envio link para a partilhar consigo.

http://excommunicamus.blogspot.com/2007/11/trampolinices-e-arbitrariedades.html

Contudo aproveitava para lhe manifestar a minha surpresa com o OE08 e a pouca relevância que a educação ali tem.
Parece que face a todas as intenções manifestadas (só podem ser falsas) os responsáveis do governo querem continuar a fazer omeletes sem os ditos ovos.
Ademais a própria ministra diz que tem que reduzir o peso (95%) das remunerações com os profissionais, quando a despesa em orçamento é a mesma. Desta forma só pode optar por congelar, novamente, ou reduzir, com velhacarias, os vencimentos dos profissionais na área.
Será tudo isto para nos distrairmos do essencial da questão?

B. Maia disse...

Boas,

Sou contra o novo estatuto do aluno!

Eu que sempre fui ás aulas não consigo ver colegas meus que não vão às aulas e que consigam chegar ao mesmo sitio que eu sem lá aparecer.

A educação em Portugal precisa de ser reformulada. Falar é fácil é verdade, apresentar essas medidas é mais complicado , mas é essa a razão pela qual existem pessoas mais habilitadas para isso (apresentar medidas não só na educação mas em todos os aspectos) que infelizmente muitas vezes não chegam ao governo.

Não chegam ou por culpa dos partidos, ou da comunicação social, ou muitas vezes porque arranjam trabalho melhor remunerado e com menor exposição mediática fora do governo.

Muitos dos politicos portugueses apenas estão nesses cargos (não para fazerem o melhor pelo pais mas,) para "arranjar um tacho" aquando da sua saída.

Em suma, a mudança na educação deve começar por baixo (primária (acho que ainda se chama assim) 2º e 3º ciclos) e não pelo 10º Ano.
A escola deve ter um papel "mais formador""mais orientador" dando um maior apoio ao aluno.

O apoio dado pelos testes psicotécnicos no 9º ano não chega.

Devem existir mais campanhas de sensibilização contra o abandono escolar e também dar um maior conhecimento sobre alguns cursos profissionais para quem não quer ter um curso superior.

Abraço