sábado, 30 de agosto de 2008

Há limites para tudo

Isto anda mesmo tudo cada vez mais inconcebível. Num jornal de hoje, na sua primeira página(!!...), vem uma fotografia do atleta Marco Fortes deitado "na caminha". Não chegou a asneira, reincide-se, e com ilustração...
Noutro jornal, também na primeira página, sai um título : "Marcelo duvida de Ferreira Leite".
Pensei que era um engano e que, ou se tratava de uma publicação "pirata" que usurpava o nome e o grafismo de um jornal de referência, ou que o Marcelo era outro. Mas, não. Era mesmo o Expresso e era mesmo Marcelo Rebelo de Sousa. Esse mesmo que, há cerca de dois meses, e não dois anos, andou a fazer campanha pela actual Presidente do PSD.
Com o devido respeito pelo "furo" do jornal e da jornalista, as declarações, que são desenvolvidas numa página interior, demonstram o estado a que isto chegou. É que, com algumas pessoas, aquilo que é inacreditável não é boato. É mesmo verdade.
Tudo isto é brincar com assuntos sérios. Marcelo Rebelo de Sousa conhece muito bem, nas suas qualidades e nos seus defeitos, Manuela Ferreira Leite, que foi sua colaboradora directa quando liderou o PPD/PSD. Conhece o suficiente para nem dois anos serem tempo suficiente para poder dizer que se enganou. Quanto mais dois meses. Há limites para tudo.

Escolhas difíceis


Muito arriscada, a escolha feita por John McCain para Candidata a Vice-Presidente.

Sarah Palin tem, de facto, muito pouca experiência, questão que está muitíssimo presente nesta campanha. Naturalmente, vai depender, em boa parte, do seu desempenho. Mas, á partida, oferece mais matéria para ser explorada pelos adversários do que a escolha de Joseph Biden por Barack Obama.

É bom lembrar que há dois debates, pelo menos, entre os candidatos a Vice-Presidente. Lembro-me da importância dos debates entre Al Gore e Dann Quayle.
Vai ser bem interessante. Vamos ver como responde a Convenção Republicana ao efeito da Convenção Democrata.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

As verdades condicionadas


Interessante o debate sobre o Chiado, nos comentários ao meu post sobre o tema.

Quando os cidadãos começam a notar, desta maneira, a manipulação da verdade pela omissão, ou pela distorção, mais tarde ou mais cedo a reacção surge. E dura, para usar um termo cordato. Por exemplo, quando um senhor, com funções públicas numa autarquia, vem afirmar que vai ser reestabelecida a ligação pedonal ao Largo do Carmo, para quem vem do Elevador de Santa Justa, só pode estar a brincar. Que eu saiba, foi inaugurada no final de 2005.

E, já agora: isto voltaram cronologias oficiais e é apagado o que não interessa? Leram o trabalho, da Única, sobre o Chiado? Já se salta de 2001 para 2006? E o Fundo do Chiado? Foi o Primeiro- -Ministro, Durão Barroso, que presidiu à cerimónia e que tomou a decisão( com a Ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite) de revogar, como lhes solicitei, a reversão, para o Estado, de cerca de 50 milhões de euros, que estavam a render no Banco, há dez anos, sem serem aplicados nas obras de que o Chiado tanto precisava. Não falam nisso, porquê? Será que o nosso Portugal voltou a ter a verdade condicionada? Por quem? Por quê?

Que obra foi feita desde essa altura, desde 2005? Comissariados, claro. Mudanças de administrações, claro. Mas, OBRA: QUAL?

Portugal voltou a ter verdades oficiais? O que acontece a quem faz trabalhos assim?

Lembro-me do tempo em que um Director de jornal teve a dignidade de tomar uma atitude quando uma empresa de sondagens, dois dias antes de uma eleição, deu uma vitória, por dez por cento de diferença, a quem viria a perder as eleições .

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

CHIADO




O grande balanço que, no dia de hoje, e nos próximos dias, deve ser feito sobre o Chiado é:



SABER-SE O QUE FOI FEITO, DURANTE ESTES VINTE ANOS, DESDE O INCÊNDIO. E, em sequência, analisar-se o que se está a fazer, neste momento, e o que vai ser feito nos próximos tempos.




Tudo o resto é conversa, conversa que, todos os anos, é feita. Passam as imagens e os sons do incêndio, ouvem quem vive na zona ou estava por perto, lembra-se, devidamente, quem mais sofreu, passa-se a imprensa estrangeira da época, mas... E obra? Grémio Literário, Rádio Renascença, Círculo Eça de Queirós, Edifício Leonel ( com o Elevador de Santa Justa), entre tantos outros, são capazes de ter uma ideia.


OBRA, GESTÃO DOS DINHEIROS PÚBLICOS afectos à reabilitação do Chiado. Quem usou e como usou? QUANTA OBRA?




ESSE È O GRANDE BALANÇO. ESSA È A OBRIGAÇÃO, PARA COM LISBOA E PARA COM PORTUGAL.

domingo, 24 de agosto de 2008

Siza Vieira

Hoje, grande e interessante entrevista de Álvaro Siza Vieira, noDiário de Notícias.. Entre muitas perguntas, a políticamente inevitável: " fica chocado quando convidam Frank Ghery para vir recuperar o Parque Mayer, em vez de se beneficiar um arquitecto Português? "
Resposta: "Não, não fico nada. E em mim até seria uma contradição porque também trabalho lá fora. Frank Ghery é um grande arquitecto e naturalmente uma obra dele em Lisboa seria de altointeresse e reflexos É como a obra do Koolhaas no Porto, que teve grande influência na vida da cidade."

Julgam que são todos iguais. Há pessoas que, pela sua própria maneira de ser e pelo seu estatuto, não dizem conveniências. São coerentes.

E, já agora: o arquitecto do novo Museu dos Coches, é Português? Pois, é capaz de ter um avô dos Açores, da Madeira e de Tràs-os-Montes... Ah, e foi convidado durante um Governo "de esquerda". É outra coisa!

PEQUIM-LONDRES

Os Jogos Olímpicos são, de facto,um acontecimento muito bonito. A China esteve muito bem.
Beleza com eficácia. Devia haver Jogos Olímpicos sempre. Mini-Jogos, sempre a decorrerem com atletas de todosa os Continentes a fazerem lembrar, sempre, ao Mundo, que o Mundo pode ser vivido de outra maneira.
Agora, é Londres, em 2012. O actual Mayor recebeu a bandeira olímpica das mãos do Presidente do COI e do Mayor de Pequim. Que tristeza deve sentir Key Livingstone,oanterior Mayor, que muito trabalhou para conseguir os Jogos,- para além de muito mais que fez, por exemplo,nos transportes- e perdeu as eleições, no ano passado, por causa da impopularidade do Governo Trabalhista. Independentemente das qualidades de Boris Johnson, o actual Mayor. Como hoje dizia o locutor da RTP, durante a cerimónia de encerramento, são coisas que acontecem em eleições.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A escolha de Obama

Se Barack Obama escolhesse, neste momento, Hillary Clinton, como candidata a Vice- -Presidente, seria uma prova de fraqueza.
Em primeiro lugar, estaria a dizer que precisa da sua grande adversária na nomeação para ganhar a John McCain; depois , seria ainda interpretado, num momento em que baixa nas sondagens, como uma medida cautelar querendo, a perder, que Hillary também fosse derrotada. Até por causa de 2012. Com efeito, se Obama perder e Hillary ficar fora desta disputa, certamente que a Senadora de Nova Iorque virá lembrar que sempre disse que estaria melhor colocada para derrotar o candidato republicano.
Estou ``a vontade para exprimir esta posição, pois, como já manifestei publicamente, preferia que tivesse sido Hillary a nomeada pelos Democratas.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

CAMPEÃO



OBRIGADO a NELSON ÉVORA.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Bem

Bem, a exibição do Sporting contra o Porto;

Bem, a discrição do Sporting, na hora da vitória;

Bem, a valia de Fabio Rochemback, demonstrando o acerto da aposta no seu regresso;

Bem, a capacidade e a eficácia demonstradas por Yannick Djaló;

Bem, o conjunto de valores individuais do Porto, entre eles ,vários dos novos reforços;

Bem, a atitude, em geral, do novo treinador do Benfica, simultaneamente educado e exigente;

Bem, o nível da participação nas provas de remo, de Pedro Fraga e Nuno Mendes;

Bem, o resultado de Vanessa Fernandes e a reserva feliz e emocionada da sua reacção;

Bem, o apelo público do Presidente do Comité Olímpico Português, Vicente de Moura.

sábado, 16 de agosto de 2008

Os Antecedentes

O caso de que falo ontem, na minha coluna semanal do jornal SOL, o do projecto de remodelação do Museu dos Coches, demonstra bem como falta em muita Imprensa, de um modo particular em Portugal, aquilo a que se pode chamar de trabalho de arquivo.
Na verdade, vejo muitas vezes serem apresentadas como notícias de novidades, factos ou decisões que são a repetição pura e simples de factos ou decisões anteriores. Quantas vezes, em conversa com jornalistas, não tenho de os lembrar de situações que eles próprios trataram, nos seus jornais, nos seus órgãos de comunicação. É compreensível que não lhes seja fácil esse permanente exercício de memória, dada a natureza específica do seu trabalho. Com efeito, têm de estar constantemente a lidar com factos novos e a trabalhar sobre eles. É essa a tarefa própria da profissão que escolheram. Só que, anyway, penso que seria possível muito mais e muito melhor. É uma questão de treino, de aprendizagem Deve ser obrigatório para todas as notícias que se transmitem, fazer essa conferência sobre os antecedentes. Lembro-me de Joaquim Aguiar dizer sempre que todos os órgãos de comunicação devem ter sempre um departamento só de memória( ele dava-lhe outro nome).
As sociedades contemporâneas têm todas essa realidade para enfrentar: a sobrecarga informativa e consequente dificuldade de recordar informações anteriores. mas quem tem por missão, exactamente, informar, deve ser especialmente criterioso na qualidade e fundamento do que transmite.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Os gostos das lideranças

Há anos que não vou à festa do Pontal. José Mendes Bota, simpaticamente, telefonou, a insistir na minha presença. Gostava de ir, mas não vou poder ir. Gostava de poder aceitar o convite, naturalmente por quem o faz, mas pensando na organização e naquilo que representa. O PPD/PSD não é feito só de Universidades de Verão ou de Inverno. Nem só de universitários. Por isso mesmo, porque é eminentemente popular, porque está ligada a momentos importantes, essa festa faz parte da tradição "laranja". E quem lidera, para não ir, tem, obrigatoriamente, de ter uma boa razão. Até pode nem falar. Mas deve estar junto daqueles que se dispõem, numa altura tão difícil para mobilizações, a estar juntos pela bandeira partidária, com a história que simboliza e as causas que representa.

Quando liderei o PPD/PSD, a partir de Julho de 2004, tive, logo de início, a festa de Chão de Lagoa. Não pude ir por causa da formação do Governo. Festa do Pontal não havia, por decisão, ou falta dela, da estrutura distrital de então, presidida por Isabel Soares. Fui à Universidade de Verão, aceitando o convite de Carlos Coelho, e tendo anunciado lá as taxas moderadoras progressivas.
Logo quando eleito, tomei a decisão de acabar com as estafadas reentrés.que eram comícios de Verão, mudando de terra, todos os anos. E, por isso, e ao contrário do Pontal, não conseguindo criar tradição. Lembrava -me das camionetas de Gondomar que tinha visto, dois anos antes, na Póvoa de Varzim. Foi-me, depois, explicado que eram as gentes dessa concelhia quem assegurava a Norte, durante várias lideranças, o sucesso dos comícios. Aliás, quem não se lembra também das camionetas que, mais recentemente, no Hotel Altis, em Lisboa, asseguravam "o calor" das comemorações de vitórias do PS? É uma realidade plural!...

No Pontal, que eu saiba, há muita gente e a grande maioria vai pelos seus meios. Mas cada liderança, seu gosto. E, pelos vistos, uma festa assim "não cai no goto" da nova liderança.
Eu já vi Manuela Ferreira Leite em várias organizações da Distrital de Lisboa, aqui há uns anos. Mas, também tenho presente que, na campanha das "directas", de todos os candidatos, foi a única a não ir ao almoço do 1º de Maio, organizado pelos TSDs.

Eu bem digo, sempre, que há, pelo menos, dois. Com a diferença de que, um está bem em todo o lado, enquanto o outro, só com direito de admissão reservado.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Breves Notas

Sobre o conteúdo de alguns comentários, duas notas:

1- Sei bem qual é a realidade. No Algarve, então, e como assinala um dos comentários, sabe o País todo o que se passa graças ao dinamismo e à capacidade do Presidente da Câmara de Vila-Real de Santo António. Mas somos sempre surpreendidos e ficamos chocados quando lidamos mais de perto com ela. Por ter essa ideia de qual a realidade do País é que lutei muito contra as decisões deste Governo de encerrar muitas urgências e centros de saúde por todo o País. Para além de me orgulhar de ser o cidadão que mais tem falado contra a desertificação do território. Para além de decisões várias que mais ninguém tomou;
2-Quanto ao Estatuto dos Açores, a decisão sobre o voto foi já desta liderança. e sobre os votos em si, é conferir no site da Assembleia a lista de presenças no respectivo dia.

domingo, 10 de agosto de 2008

Inconcebível

Quinta-feira, dia 7 de Agosto de 2008, a partir das 21 horas, Algarve, Portugal.
Um familiar meu teve um problema grave nos olhos. Acreditam que não havia um único oftalmologista de serviço no Algarve? Telefonemas para todo o lado: Hospitais, Centros de Saúde... Até se ouviu esta resposta espantosa. " A esta hora???...". Já alguém chamava uma ambulância para levar esse familiar para Lisboa, quando se conseguiu descobrir dois grandes médicos de Coimbra, em férias no Algarve. Um de cirurgia interna, o outro da especialidade.
A pessoa em causa estava a a passar uma autêntica tortura e não havia ninguém para, sequer, observar. No Portugal da União Europeia cheio de auto-estradas e computadores. Neste caso, graças aos conhecimentos, resolveu-se e, Graças a Deus, as melhoras são já significativas. Mas é uma vergonha.
Pode alguém dizer que já exerci o cargo de Primeiro-Ministro. Sem dúvida. Pouco tempo, muito pouco tempo. De qualquer maneira, noutro plano de carências na área da Saúde, no primeiro Conselho de Ministros a que presidi, solicitei ao Ministro da Saúde que alargasse o plano de construção de unidades de tratamento oncológico às diferentes parcelas do território nacional. E que fosse dada absoluta prioridade a esse plano. José Sócrates inaugurou uma dessas unidades, há cerca de uma semana, em Vila Real. Era chocante saber que pessoas carecidas desses tratamentos tinham de se deslocar, centenas de quilómetros, para longe das suas casas.
Coitadas das pessoas do Algarve e de tantas regiões do País. Disseram-me, no Algarve, que se passa o mesmo com os otorrinolaringologistas. Como é possível? Para os Portugueses e para os turistas, tantos, no Verão, nomeadamente, não serão essas especialidades daquelas que mais precisas podem ser?
Serviço Nacional de Saúde universal e tendencialmente gratuito: claro que sim! Mas onde for possível, deixem os privados fazer. Não só a construção, também a responsabilidade clínica.
Repito: não há um oftalmologista no Algarve, à noite, no mês de Agosto.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Mensagem


Nos tempos confusos que vivemos é ainda mais importante olhar para a essência das coisas. Ou, dito de outra maneira, separar o trigo do joio. Pode ser discutido o tempo e o modo do anúncio da comunicação Presidencial. Já o conteúdo é de indiscutível relevo. As normas do Decreto do Estatuto dos Açores, citadas por Cavaco Silva como inaceitáveis, de facto, são- o. E levaram o Presidente ao ponto de considerar que a sua aprovação poderia pôr em causa o regular funcionamento das instituições da República. Ou seja, afectaria "o regular funcionamento das instituições democráticas"... Como não vi ninguém referir esse ponto tão relevante da mensagem ,quero eu destacá - lo. É que, como se sabe, esse é o fundamento único que a Constituição prevê para o Presidente da República poder demitir o Primeiro - Ministro: quando tal decisão seja essencial para assegurar «o regular funcionamento das instituções democráticas». Cavaco Silva pode, às vezes, exagerar na forma ou errar no grau das expectativas criadas. Mas não escreve uma frase dessas por acaso, ou por engano. Ninguém o faria, seguramente, dada a gravidade das possíveis consequências. E Cavaco Silva, então, nunca. Para o escrever e dizer é porque o pensou muito. E tem algo em mente.