Sobre a substituição de Manuel Maria Carrilho no posto de Chefe de Missão junto da Unesco, só uma pergunta: alguém concede aos outros Chefes de Missão, Embaixadores e Diplomatas em geral, o mesmo direito a desobedecer ao Governo do seu País e, ainda, a dele discordar publicamente?
Se sim, como seria o espectáculo? Se não, como justificar? Há uns que são mais do que os outros?
Não está em causa a capacidade de Manuel Maria Carrilho nem a importância que dá ao valor da Liberdade. Mas, então, será o primeiro a saber que o seu modo de ser e de intervir difícilmente se coaduna com os deveres de um Diplomata.
7 comentários:
Manuel Carrilho foi substituído nas funções de embaixador da UNESCO, numa "rotação diplomática normal". Esta é a posição oficial do MNE.
Uma coisa me parece certa, o Governo não só lida mal com a imprensa que dele discorda, mas também com os militantes do próprio partido. E assim funciona do partido do poeta que um dia sonhou em ser Presidente da Republica.
Deveríamos então começar por responder a esta questão: quando um embaixador vota, é ele que vota ou é o governo por ele?
Dizem os estudos científicos que as "vozes divergentes" são as mais amigas das organizações.
Na verdade, preocupam-se. Por isso divergem e, sobretudo, assumem a divergência.
Essa divergência, infelizmente, só pelo decurso do tempo é, em geral, reconhecida como a "posição certa" (há tantos exemplos na História).
Mas, para os "videirinhos" presentes, o MAIS FÁCIL é "calar" essas vozes através de exemplos como este.
Não que Manuel Carrilho o vá "sentir no corpo", porquanto está salvaguardado. No entanto, este "exemplo" mata qualquer veleidade de ao nascimento de novas "vozes divergentes".
Por isso, o Estado chegou ao nível que se conhece!!!
E mais não digo, porque o nojo é muito.
Quem conhece um mínimo acerca dos deveres de um diplomata sabe que este apenas deve executadar as ordens que lhe são transmitidas por Lisboa. Se delas discordar poderá fazer saber a sua posição, mas sempre em privado nunca perante os media. Apenas poderá não cumprir as ordens que lhe são dadas se estas consubstanciarem a prática de um crime. Se porventura as não quiser cumprir, apresenta a sua demissão.
Já ouviu falar em Aristides Sousa Mendes, o desobediente ?
Nenhum Governo que se preze poderia tolerar, sem danos, uma atitude semelhante à de Carrilho.
O que me surpreende é que, apesar da desobediência, ele não tenha sido "removido" mais cedo.
P.S. - O que escrevi acima não impede que eu tenha discordado da decisão do Governo de apoiar Farouk Hosni para o lugar de director-geral da Unesco.
Carlos Serra
Vamos ser claros.Nada do que é discutido está na base dos acontecimentos.
Claro que Carrilho não cumpriu os seus deveres.
Masnão os cumpriu porque tem uma agenda pessoal.
Com o aproximar do trágico fim do socretinismo,ele avançou.
Carrilho não é flôr que se cheire.
Anda muita gente enganada com ele.
A faraónica retrete dele ainda me está atravessada...fui eu que entrei com o dinheiro.
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