terça-feira, 21 de setembro de 2010

Regras

Sobre a substituição de Manuel Maria Carrilho no posto de Chefe de Missão junto da Unesco, só uma pergunta: alguém concede aos outros Chefes de Missão, Embaixadores e Diplomatas em geral, o mesmo direito a desobedecer ao Governo do seu País e, ainda, a dele discordar publicamente?
Se sim, como seria o espectáculo? Se não, como justificar? Há uns que são mais do que os outros?
Não está em causa a capacidade de Manuel Maria Carrilho nem a importância que dá ao valor da Liberdade. Mas, então, será o primeiro a saber que o seu modo de ser e de intervir difícilmente se coaduna com os deveres de um Diplomata.

7 comentários:

Jorge disse...

Manuel Carrilho foi substituído nas funções de embaixador da UNESCO, numa "rotação diplomática normal". Esta é a posição oficial do MNE.
Uma coisa me parece certa, o Governo não só lida mal com a imprensa que dele discorda, mas também com os militantes do próprio partido. E assim funciona do partido do poeta que um dia sonhou em ser Presidente da Republica.

Anónimo disse...

Deveríamos então começar por responder a esta questão: quando um embaixador vota, é ele que vota ou é o governo por ele?

Jorge Diniz disse...

Dizem os estudos científicos que as "vozes divergentes" são as mais amigas das organizações.
Na verdade, preocupam-se. Por isso divergem e, sobretudo, assumem a divergência.
Essa divergência, infelizmente, só pelo decurso do tempo é, em geral, reconhecida como a "posição certa" (há tantos exemplos na História).
Mas, para os "videirinhos" presentes, o MAIS FÁCIL é "calar" essas vozes através de exemplos como este.
Não que Manuel Carrilho o vá "sentir no corpo", porquanto está salvaguardado. No entanto, este "exemplo" mata qualquer veleidade de ao nascimento de novas "vozes divergentes".

Por isso, o Estado chegou ao nível que se conhece!!!

E mais não digo, porque o nojo é muito.

Anónimo disse...

Quem conhece um mínimo acerca dos deveres de um diplomata sabe que este apenas deve executadar as ordens que lhe são transmitidas por Lisboa. Se delas discordar poderá fazer saber a sua posição, mas sempre em privado nunca perante os media. Apenas poderá não cumprir as ordens que lhe são dadas se estas consubstanciarem a prática de um crime. Se porventura as não quiser cumprir, apresenta a sua demissão.

Anónimo disse...

Já ouviu falar em Aristides Sousa Mendes, o desobediente ?

Anónimo disse...

Nenhum Governo que se preze poderia tolerar, sem danos, uma atitude semelhante à de Carrilho.

O que me surpreende é que, apesar da desobediência, ele não tenha sido "removido" mais cedo.

P.S. - O que escrevi acima não impede que eu tenha discordado da decisão do Governo de apoiar Farouk Hosni para o lugar de director-geral da Unesco.

Carlos Serra

Zé Povinho disse...

Vamos ser claros.Nada do que é discutido está na base dos acontecimentos.
Claro que Carrilho não cumpriu os seus deveres.
Masnão os cumpriu porque tem uma agenda pessoal.
Com o aproximar do trágico fim do socretinismo,ele avançou.
Carrilho não é flôr que se cheire.
Anda muita gente enganada com ele.
A faraónica retrete dele ainda me está atravessada...fui eu que entrei com o dinheiro.