segunda-feira, 12 de novembro de 2007

CRIAR RIQUEZA

Pedro Lamy ganhou um relevante título mundial em Le Mans; a EDP ganhou um relevante prémio internacional a propósito da reestruturação da sua central de compras; a GALP tem 10% num consórcio que nos seus trabalhos de prospecção, descobriu uma das maiores reservas de petróleo do Mundo.
São notícias destas que fazem bem a quem as ouve. Portugal precisa de sentir que os esforços continuados valem a pena e que o mérito é reconhecido.
Há poucos minutos publiquei umas palavras de um Português que está a fazer o seu doutoramento em Kiel, na Alemanha( também com uma Bolsa de estudo da DAAD) e que confessa, com 29 anos, não ver muitas hipóteses de regressar.
Ontem enquanto almoçava, já tarde, numa cervejaria de Lisboa, veio uma pessoa cumprimentar-me à mesa, com palavras simpáticas de incitamento. Disse-me, a propósito de uma das questões que coloquei ao Primeiro- Ministro, que hoje ia celebrar a escritura da sua empresa em Espanha. Quando lhe perguntei a razão, disse-me que não tolera mais o peso da carga fiscal, nomeadamente do IVA. Por isso, escolheu uma cidade fronteiriça, no Centro de Espanha e será lá que pagará as suas contribuições. Contou-me quanto pagou de IVA nos dois últimos anos. Um número impressionante. E que depois lhe tinham escrito a anunciar uma penhora por um atraso de 2.000 Euros.
Cada vez se ouvem mais casos destes. Por isso, perguntei a José Sócrates se já tinha feito as contas a quanto se está a financiar o Orçamento de Espanha, com as deslocalizações de actividades económicas para o outro lado da fronteira. Num País periférico, com uma dimensão e uma força económica muito superiores, ainda mais cuidado é preciso com essas disparidades. Por isso falei e falo em erros graves de governação. Erros nas decisões, que afectam seriamente a competitividade das empresas portuguesas, neste caso, a sua capacidade de concorrer no mercado interno mas, também, indirectamente, no plano externo.
O País precisa de crescer. Só o pode fazer com um clima de motivação para trabalhadores e empresários. Só um quadro favorecedor do investimento privado, em sectores que gerem valor acrescentado efectivo, poderá dar sustentabilidade ao crescimento que se deseja para a nossa economia.
O Governo, tendo guardado o início de aplicação do QREN( novo Quadro Comunitário) para 2008, terá disponibilidades financeiras alargadas. Mas com os valores da Despesa que apresentou, não tem margem para fazer crescer muito o investimento público. Nunca conseguimos negociar, com sucesso, um regime diferenciado para as despesas de investimento verdadeiramente reprodutivo, o que se traduz num dos maiores erros de todo este período de regras e recursos da União Europeia.
Mas vamos ganhando em várias frentes. Temos muitos Portugueses a darem o exemplo e a conseguirem ter sucesso. Muitos mais querem acreditar num futuro mais próspero em Portugal.

5 comentários:

Ricardo Araújo disse...

Boa noite Dr. Pedro Santana Lopes, foi com muito entusiasmo que recebi estas notícias, pois elas fazem bem ao nosso ego.

Em relação à fuga de empresários para Espanha, bem como a necessidade dos Portugueses se deslocarem a Espanha para fazerem as suas compras e atestarem os seus automóveis, só tenho uma pergunta a fazer: Será que os nossos Governantes andam a dormir?

Os nossos Governantes não devem ver as notícias, ou então fazem “ouvidos de mercador”, pois além de nós irmos para Espanha fazer as respectivas compras, os Espanhóis estão a entrar em Portugal, em todas as frentes, ainda esta semana se ouviu que estão a comprar herdades no Alentejo e que um banco Espanhol empresta dinheiro com um spread de -1% (menos um por cento), isto sim demonstra a capacidade de Governação, bem como o modo com que os Espanhóis olham para o futuro.

O nosso País precisa rapidamente de motivação, mas não é com este Governo, pois ao contrário do que o Primeiro-Ministro apregoa, o ano de 2008 será rigorosamente igual ou pior do que o de 2007, embora os Portugueses já não se possam queixar mais, pois não têm por onde, porque o país bateu no fundo do fundo.

Resta-nos realmente estas boas notícias, que V. Exa. mencionou, e ver se os Portugueses conseguem melhorar a sua auto estima olhando para o fundo do túnel e tentarem encontrar a luz que lhes ilumine as ideias.

Um grande abraço, cordialmente.
Ricardo Araújo

Gallardo Santini disse...

Bom dia,
De facto, temos exemplos no N/ pa�s que transcendem e desafiam a imagina�o dos mais incautos.

Uma vez disseram num programa (debate creio), a respeito dos feitos dos portugueses (500 anos descobrimentos), que o nosso povo de aventureiros e empreendedores partiu � procura de nova sorte, o que fazia dos que por c� ficaram, um povo menos aventureiro e empreendedor;

Estes momentos assemelham-se a tal �poca, i.e. o povo portugu�s tem de reiventar as suas novas descobertas. Vamos �s causas: Governa�o e orienta�o ... o governo actual n�o tem esse sentido, o de for�a motriz para o crescimento econ�mico equilibrado.

� natural que se comecem a evidenciar os denomidadores comuns na formula�o da equa�o com resultado indeterminado, que s�o as linhas de ac�o do governo.

Muitas mais estradas de portugal existem....( urg�ncias, juntas m�dicas, estatutos de alunos portagens, inc�ndios)
H� limite? Espero que sim, quanto mais n�o seja que tenha uma data: 2009.

Cordialmente
Alexandre Gomes

Anónimo disse...

São notícias como estas que nos permitem voltar a sonhar.

Tocou no ponto essencial: motivação!

Falta motivação a este país e falta gosto pelo trabalho e para levantar todos os dias e acrescentar valor ao país!

O cinzentismo que se criou neste país, com um Primeiro Ministro que não responde, não comenta, não fala aos portugueses, apenas dá a cara com um qualquer teleponto ou quando tem dossiers preparados por outros, diz tudo!

Falta sim, o falar aos portugueses, sem complexos, sem problemas, mas falar, não ter medo, não ser tão politicamente correcto como o Prof. Cavaco.

É por isso que tem que continuar no seu caminho e falar sempre verdade.

Não se trata de um problema de estilo, trata-se de um problema de motivar ou não o povo português e isso o Dr. Santana Lopes sabe e soube fazer!
Se colocar a sua garra e a sua liberdade de pensamento, acredite que o cinzentismo de Sócrates desaparece!

Garra é o que falta aos portugueses, e bem que precisam!

Garra para voltar a sonhar!

Danas disse...

Caro Dr. Pedro Santana Lopes,

Ouvi atentamente a sua intervenção - ouço-o sempre com muito agrado e atenção - na Assembleia da Republica, a propósito da discussão do OE para 2008. Em política, sabemos que não é fácil falar para todos, falar bem de todos e muito menos fazer bem a todos. Se privilegiamos os pobres chamam-nos populistas. Se privilegiamos os mais abastados, acusam-nos de ceder a clientelismo, e somos gatunos, burlões, desonestos, oligarcas, – até fascistas!

O meu avô materno fundou há muitos anos uma empresa de abastecimento de combustíveis em Castelo de Vide. Fundou e geriu muitas outras coisas com trabalho, com muito trabalho. Trabalho, ou excesso dele, que em conjunto com slogans de uma certa esquerda encendiada pelos tempos do Prec, acabou por ajudar a matá-lo precocemente. Já não o conheci. Mas conheço muitos que para ele trabalharam e que ainda hoje, de lágrima ao canto do olho, se me dirigem nas ruas de Castelo de Vide e me dizem: - Sei quem você é, é o neto do senhor Faustino. Foi um grande homem! O melhor patrão que eu já tive.

Imagine-se!!! Naquele tempo!

O meu avô, o tal que nunca conheci, acabou por ter uma responsabilidade determinante no meu posicionamento e ideologia política. Os seus ensinamentos foram-me passados pela minha mãe, em questões essenciais como a correcção nos comportamentos, a lealdade, a honestidade, a perseverança e a luta contra a injustiça.

Essa gasolineira ainda hoje existe mas ressente-se muito da concorrência das gasolineiras do outro lado da fronteira. Felizmente nem eu nem os meus pais vivemos do que esta empresa nos dá. Não dá nada! Vamos mantê-la enquanto não der muito prejuízo. Há uns anos vendíamos cerca de 3 milhões de litros / ano e o lucro nem era muito. Neste momento vendemos cerca de 0,9 milhões de litros. Conseguimos negociar as saídas de alguns dos empregados mais antigos por reforma antecipada e só por isso não fechámos portas. Com o nosso sacrifício e o com o sacrifício dos empregados que mantivemos. Despedir seria sempre a pior solução, porque os nossos empregados representam para nós mais do que meros números numa qualquer estatística de desemprego.

Há instituições públicas que podiam vir para o interior e ajudar a repovoá-lo. Por exemplo, o que o INA ou certas universidade fazem no litoral? Os modelos gravíticos devem servir de referência, mas na gestão de um país há questões sociais a considerar.

Basta que o Governo queira. Dá-me a sensação que muitos dos ministros deste governo fazem mais a dormir do que acordados. Parece-me até que a melhor decisão que o Sr. PM toma nas 24 horas do dia é a de se ir deitar! Haja vontade e perseverança para aguentar.

Obrigado, Dr. Santana Lopes, por ter mencionado este assunto no seu discurso. Muito Obrigado.

Daniel Carreiras da Silva

Anónimo disse...

Se me permite Dr., tenho uma pequena correcção a fazer:
O Pedro Lamy não ganhou em Le Mans, mas sim em Interlagos, Brasil.
Conquistou o título mundial no campeonato de resistência Le Mans Series.
Apesar de terem obtido a pole position, um problema na embraiagem obrigou-os (Lamy e Sarrazin) a ter que arrancar no último lugar da grelha.
No entanto chegaram ao 2º lugar necessário para garantirem os 44 pontos de acesso ao título de campeão do mundo!!!