Já em 1999, quando o PPD-PSD, então liderado por Durão Barroso, perdeu as eleições para o P.S., liderado por António Guterres, (que ficou a um lugar da maioria absoluta, apesar de estar há quatro anos no poder), já então fiz uma intervenção em Conselho Nacional, propondo que o Partido fizesse uma análise das razões pelas quais ia ficar dez anos fora do Poder, tendo tido a oportunidade de governar num período privilegiado, de 1985 a 1995, em que pela primeira vez, Portugal contou com muitos e muitos recursos financeiros da União Europeia. Na altura, Durão Barroso não gostou da proposta e a consequência foi o Congresso de Viseu, em Fevereiro de 2000.
Quando sublinho a importância de se fazer a análise séria de tudo o que se passou, nos termos hoje expostos por Pacheco Pereira, não é para se falar só da saída de Durão Barroso e de ter sido eu a substitui-lo. Não o digo por qualquer receio mas porque isso é "atirar poeira para os olhos das pessoas". E, para ver como assim é, basta meditar um pouco nas respostas a dar a duas perguntas:
1-Quais os motivos que justificam que em 12 anos (e, em princípio, mais dois), o PPD-PSD só tenha assumido as responsabilidades do Governo de Portugal em três? Falo no período de 1995 a 2007 (e, pelo previsto, até 2009).
2- Depois dos dois anos de governação de Durão Barroso e de Manuela Ferreira Leite,e depois dos resultados das eleições europeias em Junho de 2004, quem acredita que, com a mesma política, os resultados eleitorais seriam positivos ? Ou seja, quem acredita que depois dessas eleições, em que o PPD-PSD, liderado por Durão Barroso e o CDS-PP, liderado por Paulo Portas, tiveram os piores resultados que o centro - direita obteve, até hoje, em Portugal, quem acredita que, continuando aquela governação - que,no geral,defendi -, ganharíamos novas eleições? Talvez, se fossem,como previsto, em 2006. Mas não seria fácil como se calcula. E, fique claro que não estou a fazer reparos nem críticas. Falo de factos.
A questão principal é, todavia, esta: logo no ano seguinte às eleições europeias (2005), se o Governo de Durão Barroso tivesse continuado, e portanto, com a rigorosa politica de austeridade do então Primeiro- Ministro e da então Ministra das Finanças, Cavaco Silva teria decidido candidatar -se a Presidente da República? E, se o tivesse feito, as suas hipóteses de vencer seriam sequer equivalentes?
Só estas duas questões, para introdução da tal avaliação que é necessário realizar e sem a qual se continuaria, ou continuará, na ilusão de uma falsidade que corrói a confiança do Partido em si mesmo, alimenta a perplexidade dos militantes e não sara as feridas na alma do PPD-PSD. Só a verdade esclarece e permite construir o caminho da verdadeira regenereção.