Lamentável toda a situação criada com a incrível decisão do Primeiro - Ministro Grego de convocar um referendo. Autêntica humilhação para Angela Merkl, Nicolas Sarkozy e os dirigentes das instituições europeias.
Sem dúvida que o facto de os líderes da Alemanha e da França terem eleições daqui a uns meses e de estarem em posição difícil nas sondagens, retira - lhes força política. Querem liderar a Zona Euro e a própria União mas não conseguem. Neste caso, foram humilhados pelo País que é, neste momento, o elo mais fraco. A União Europeia precisa de uma urgente renovação de legitimidade dos seus principais líderes.
A Inglaterra, essa, vai espreitando, distante na sua sabedoria muito própria.
17 comentários:
A Inglaterra já nos habituou à sua posição de abutre. Não qerendo desculpar Alemanha nem França, a "sabedoria" inglesa não nos vai ajudar em nada. Que venham or referendos, em dominó, para vermos afinal quem é quem!
Num tempo em que muito se fala do futuro da Europa e de Portugal, entendo ser de alguma pertinência transcrever, integralmente, a sua intervenção do Hotel Altis, no dia 7 de Janeiro de 1989, com a presença do Primeiro-Ministro da época, Cavaco Silva, tirado do seu livro "Portugal e a Europa: Que Futuro?", era então, na altura, deputado ao Parlamento Europeu. Constata-se que muitas das ideias não tiveram correspondência e acompanhamento, ou não houve pedalada para tanta ousadia e ambição, como por exemplo a questão do despovoamento e do mar, mas sempre com um optimismo bem característico. Para quem se mostrar interessado, aqui fica...
«Antes de mais cumpre congratular-me com esta iniciativa do PSD, de promoção de um dia de reflexão sobre a Europa e o futuro de Portugal.
É uma iniciativa inédita, esta de promover um dia em todo o país de reflexão sobre esta faase transcendente da vida nacional, ainda para mais vinda do partido do Governo.
Um partido que demonstra assim que tem capacidade para sentir que nunca pode deixar de pensar no futuro, que não se deve pensar só no dia a dia, que mesmo quando se tem as tarefas especiais da governação a seu cargo, não se pode perder o horizonte futuro do longo prazo, mas longo prazo a ser preparado desde já.
O PSD demonstra assim e continua a demonstrar a especial capacidade que detém, ele e o seu líder de estabelecer uma relação permanente com a sociedade civil, com os cidadãos de Portugal e os seus interesses.
Vamos pois aceitar a proposta que nos é feita de pensar Portugal.
Agradecendo o convite que me foi dirigido tomo-o como incumbência que me é atribuída de aqui dar testemunho do exercício das funções que me foram atribuídas numa instituição comunitária, mercê do privilégio de ter sido o primeiro deputado português ao Parlamento Europeu.
Devemos todos fazer um esforço para pensar o futuro de Portugal assentando naquilo que é óbvio, para estabelecermos as premissas de que partimos, para a elaboração do pensamento estratégico português.
Quinze anos praticamente passados sobre o movimento que em Portugal fez eclodir o fim do ciclo do império. Já é tempo de darmos conta, verdadeiramente conta de que esse ciclo, de facto, passou.
Como dizia, devemos assentar no que é óbvio, nas certezas que já podemos ter. Peço desculpa se vou declarar evidências tão simples que pode parecer absolutamente despropositado afirmá-las, mas eu julgo por vezes que elas não estão ainda bem firmes no nosso consciente colectivo.
Em primeiro lugar a certeza de que neste mundo já não há mais território para descobrir.
Em segundo lugar, lembremo-nos sempre de que já não é possível conquistarmos mais território, de que, pelas razões que facilmente se advinham e se percebem, não é possível a Portugal sonhar seja com que forma for de ocupação ou de anexação, de conseguirmos o alargamento do nosso território a não ser o que resulte do emergir de novas porções de terras nas nossas Ilhas Atlânticas, concretamente nos Açores pela evolução das forças da natureza.
Temos de nos convencer que estamos confinados ao Continente europeu e de que o máximo de território de que podemos dispôr é o que actualmente integra o nosso estado.»
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«Ora, confinados no essencial a este Continente façamos uma breve referência ao que se passa na Europa.
Na Europa há hoje em dia um fenómeno de junção de vontades entre os diferentes Estados e Povos que durante séculos se degladiavam, até da parte de Estados Neutrais e até aqui isolacionistas. Isto passa-se num momento em que a situação mundial transita aceleradamente dum bipolarismo para um multipolarismo de espaços-regiões. Numa altura em que todos os domínios, na Europa e mesmo com as superpotências, até pelas necessidades das economias de escala, os mercados nacionais, os poderes nacionais, as riquezas nacionais, sejam eles de que Estado forem, não bastam. Numa altura em que é cada vez mais frequente por exemplo um fenómeno de congregação de esforços de multinacionais do mesmo ramo para fazerem face à concorrência de firmas de outros países, concretamente dos japoneses e mesmo europeus. A união, a integração, a conjugação de esforços e meios são pois cada vez mais as palavras de ordem.
Será pois difícil, senão impossível, conceber nesse futuro mundo de espaços ou regiões e já não de Estados, nessa multipolaridade a que há pouco aludi, será difícil, senão impossível, dizia, concebermo-nos a nós, agora confinados a este território, fora das Comunidades.
Ainda para mais agora, que os EUA, dos quais nós somos o país comunitário mais próximo, se afastam, quer se queira quer não, cada vez mais da Europa.
É preciso pois que todos nós paremos uns minutos, quando tivermos oportunidade para colocar em nós próprios esta ideia do nosso subconsciente a qual deve ser uma premissa de que partimos para a elaboração do nosso pensamento sobre a estratégia adequada para Portugal.
A ideia de que o nosso futuro é no espaço europeu, integrados nesse espaço europeu. Essa paragem, julgo-a necessária, esse esforço de convencimento, porque às vezes escuto propostas e discursos que me fazem lembrar aqueles filmes - normalmente quando os protagonistas dormem e sonham - em que há um salto do presente para o passado, o qual subitamente começa a ser desbobinado na tela.
Ora Portugal não pode viver de recordações. Que teremos então de fazer para sermos alguém no futuro da Europa, numa Europa onde cada vez mais se debatem questões para as quais temos também de ter uma resposta válida.
Queria chamar atenção de todos nós para a importância dessa reflexão urgente, a de sabermos que projecto deve a Europa abraçar, projecto não para 1992-1993 ou para outra data precisa qualquer, mas antes um projecto de rumo, um projecto político para as próximas décadas. É neste momento precisamente que se tentam traçar as linhas directrizes desse futuro, por isso impõe-se que também a sociedade portuguesa tenha uma palavra activa neste debate que se trava a nível europeu. É que se não participarmos activa e conscientemente no aprofundamento das questões e na procura de soluções para elas, soluções sobretudo de carácter político que a integração europeia levanta, corremos o risco de sermos de novo amanhã confrontados com o célebre princípio do acquis communautaire, isto é, de sermos compelidos a aceitar um conjunto de conclusões e de realizações de que outros que não nós foram instigadores ou autores. Que futuro queremos que a Europa siga, que Europa admitimos nós? De que Europa admitimos fazer parte?»
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«A título meramente exemplificativo não queria deixar de levantar três conjuntos de questões, de forma meramente enunciativa e às quais não vou tecer comentários, mas julgo que são uma série de questões para as quais a consciência nacional tem de estar desperta, nas quais deve pensar e meditar. Um primeiro tipo de problemas é de natureza institucional numa época em que a reforma das instituições está longe de estar terminada não obstante o Acto Único recentemente entrado em vigor temos que nos perguntar, por exemplo: se deve ou não ser aceite o reforço dos poderes do Parlamento Europeu como é solicitado por algumas correntes políticas, dizendo elas que se aumente assim a base democrática das Comunidades? Ou, pelo contrário, se devemos aceitar a manutenção do status quo na repartição de poderes evitando assim os inconvenientes dum sistema parlamentar e da ineficiência que normalmente lhe está associada?
Por outro lado, se devemos concordar com o reforço dos poderes da Comissão, e nomeadamente pelo perigo de burocratização, sem uma profunda reorganização do seu funcionamento? Ou ainda que papel entendemos deva ser reservado ao Conselho? E também sabermos se é ou não o aumento dos poderes desse Conselho que mais favorece Portugal e não o reforço dos poderes do Parlamento e da Comissão onde não há veto? E também, por outro lado, saber que resposta devemos ou podemos dar às insistentes propostas do Parlamento Europeu sobre a união europeia, sobre a elaboração e aprovação de uma constituição Europeia, uma carta única, uma lei fundamental para a Europa, ou até a eleição cada vez mais falada por algumas instâncias comunitárias, nomeadamente no Parlamento, de uma primeira figura das comunidades, um Presidente das Comunidades, cargo com que algumas pessoas como Giscard D'Estaing porventura sonham?
Uma segunda ordem de questões é a de sabermos que carácter, ao fim e ao cabo, pode ou deve a comunidade europeia assumir: estritamente económico e/ou social - e se for esta a solução preferível, será ainda possível, uma vez realizado integralmente o mercado único com toda a transferência de poderes que implica e a abertura de fronteiras daí decorrentes, confinar essa comunidade a uma dimensão apenas económica e social no momento em que, por exemplo, são cada vez maiores os espaços no sentido da integração financeira, da criação de um banco central europeu e de uma moeda única europeia, pontos a serem debatidos na próxima cimeira europeia de Madrid? No momento em que podemos ver-nos confrontados com a fixação do valor da nossa moeda, da quantidade de emissão de moeda por outras entidades, ou por instâncias nas quais temos uma percentagem diminuta. E noutra dimensão no plano internacional, que competências deve a comunidade exercer e que poderes deve portanto o Estado, também ele, em consequência perder? Fará hoje ainda sentido cada país europeu ter a sua própria política externa? Que peso pode ela ter na cena internacional? Ou, pelo contrário, as tais tradições diplomáticas próprias de cada Estado tornam impossível nesse domínio ir mais longe do que uma mera cooperação europeia? E no plano da defesa que não quero deixar de referir até por ser uma área a que tenho dedicado particular atenção? Agora, que se assiste à revitalização da União da Europa Ocidental, à criação da brigada mista franco-alemã, a manobras conjuntas das tropas francesas e alemãs, será possível uma Comunidade de Defesa Europeia? Será eficaz um sistema europeu de defesa (até porque nós somos também membros da NATO, e há que relacionar essa estrutura de sistema europeu de defesa com a aliança em que estamos inseridos)?
Last but not the least: estaremos nós preparados, psicologicamente, como Nação e Estado de oito séculos para enfrentar essa transferência de poderes?
Até onde estamos preparados para ir? Que todas as forças nacionais se empenhem e participem nesta definição das respostas que devemos dar a estes novos e enormes problemas.»
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«Hoje em dia, sinto que a Europa, no essencial, é cada vez mais uma conversa a quatro, entre a RFA, a Grã-Bretanha, a França e uma Itália cada vez mais substituída, em muitos assuntos, ou incomodada, pelo menos, por um Estado em franca expansão, a nossa vizinha Espanha.
Sinto, também nesse dia a dia, de Bruxelas e de Estrasburgo, que há três níveis quanto a papéis, que talvez, não quanto ao estatuto, quanto aos papéis que os Estados, os doze, desempenham nas Comunidades.
Um primeiro nível dos países que há pouco referi, o dos países de mais alto nível de desenvolvimento, um segundo nível com os países do Benelux, e a Dinamarca, que pela sua localização, pela sua história, num caso pela sua estabilidade, conseguiram estados razoáveis de desenvolvimento.
Por último, o nível dos países periféricos, a Grécia, a Irlanda e Portugal.
Ora, só teremos futuro, digno desse nome, se nos convencermos de que a nossa força resultará do que valermos por nós próprios e nunca por qualquer quadro de relacionamento especial com outros países, mesmo que de expressão portuguesa.
Aliás, como é sabido, mesmo para essas relações terem resultados concretos importa que tenhamos meios para as prosseguir. E quanto mais limitado e constrangido for o orçamento geral, mais fortes são as possibilidades de crescer pouco, ou mesmo voltar a não crescer, em termos reais, o nosso orçamento para essa cooperação.
Aliás, isto que fica dito, facilmente se compreende, se nos lembrarmos que na maior parte dos assuntos e dossiers comunitários, decididos no quotidiano de Bruxelas, Estrasburgo e Luxemburgo, dossiers que dizem respeito ao nosso dia a dia aqui, e às nossas condições de vida, problemas económicos, problemas financeiros, problemas de afectação de recursos, de empréstimos. Para esses problemas decididos no dia a dia nas Comunidades que tocam directamente aqui este nosso canto, este nosso território, a nós que aqui vivemos, para essas decisões, pouco ou nada vale este processo de relações que sejam evocados com países terceiros. Já valem sim noutros tipos de decisões comunitárias, mas mais naquelas que têm a ver com as relações externas dessa mesma Comunidade, concretamente com os países menos desenvolvidos. Fora isso, é só por aquilo que valermos por nós próprios que conta. Isto como é evidente não implica que esses especiais laços não existam.
Só que os maiores das Comunidades, não nos podemos esquecer disso, têm meios, mesmo que lhes falte nalguns casos a vocação, para darem esse sentido práctico às suas relações bilaterais com os países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. E como se sabe, para além disso, as próprias Comunidades têm os seus instrumentos convencionalmente definidos para essa cooperação.»
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«Portugal, portanto, não pode alimentar em excesso a ideia de que é essencial, de que é "ponte" para as relações entre as Comunidades e os países terceiros, concretamente, entre os países africanos de expressão portuguesa, e, muito menos, como é evidente, para as relações com a América Latina. Esses países têm Embaixadas em Bruxelas, as Comunidades têm as delegações nesses países, hoje em dia essas relações existem portanto directamente, e as particularidades que existem no relacionamento entre nós e os cinco, mais o Brasil, espera-se, embora não queira hoje aprofundar este tema, serão sempre laços particulares entre Estados independentes, Estados que não detêm exclusivo algum ou privilégio para determinar, de parte a parte, as atitudes ou os canais diplomáticos desse outro Estado.
Isto não significa que não seja correcta a orientação de desenvolver uma política, como aquela que está a ser prosseguida pelo Governo na área da cooperação, política desenvolvida já no Governo anterior sob a égide e orientação do Primeiro-Ministro e que tantos frutos tem dado. Como não significa que não se considere a decisão tomada para conseguir desenvolver uma acção que permita Portugal ver aqui instaladas algumas instituições, nomeadamente o Centro Norte/Sul a criar no âmbito do Conselho da Europa para o relacionamento com os países do Terceiro Mundo.
É evidente que é correcto, mas não pode ser esse o supremo objectivo nacional. O supremo objectivo nunca pode ser constituído por relações com países terceiros. Nós não podemos voltar a conquistar, não podemos voltar a expandirmo-nos para ocupar. Todos os Países são independentes. O sonho da expansão terminou. Portanto, essas políticas, têm de ser sempre instrumentos, têm que ser uma parte de um todo que é a prossecução dos objectivos nacionais, aqueles que dizem respeito directamente à nossa Comunidade, ao nosso Povo, à nossa Nação, aquela que integra o nosso Estado.
Temos que nos convencer, portanto, é de que o nosso desígnio nacional, como disse, não pode voltar a ser a presença noutros Continentes. O nosso desígnio nacional, tem que ser, como tem apontado esclarecidamente o Professor Cavaco Silva, o desenvolvimento.»
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«É evidente que nós sociais-democratas sabemos bem que esse desenvolvimento, bem como a estabilidade ainda mais, não é fim em si mesmo. Qualquer desses conceitos, especialmente o primeiro, se estendido em sentido amplo, aliás, inclui obviamente a consecução do desenvolvimento cultural ou a realização da justiça social ou o progresso nos resultados conseguidos no nosso sistema educacional, isto só por exemplo. Por isso não podemos sentir qualquer rebuço, ter qualquer hesitação, qualquer complexo, em assumir esse DESENVOLVIMENTO, como o grande desígnio nacional para as próximas décadas. Ele é a razão fundamental do nosso combate como Povo, como Nação, como povo orgulhoso, como povo que reage com especial empenhamento quando se sente espicaçado. Temos neste momento razões fortes para nos sentirmos espicaçados e sente-o particularmente quem participa nas decisões destas instâncias comunitárias, onde é muito difícil conseguir, posso-vos dar um exemplo, aquilo que por exemplo, foi conseguido, no Parlamento Europeu a propósito dum caso controverso, como o de Timor-Leste. Ao princípio quando iniciámos esse combate, nós deputados portugueses ao Parlamento Europeu, e concretamente quando o iniciei na Comissão dos Assuntos Políticos do Parlamento, parecia um combate quase perdido, tínhamos uma oposição da direita, tínhamos sectores da esquerda, concretamente holandeses, mesmo franceses com relações particulares com a Indonésia; tínhamos uma oposição generalizada, mesmo no nosso Grupo era um combate difícil, mas empenhámo-nos, sentimos que era uma causa nacional. Constatámos à primeira o acto quase de desprezo com que principalmente alguns deputados doutros países, nomeadamente holandeses, olharam para nós quando levantámos a questão de Timor-Leste e batalhámos, lutámos, combatemos e conseguimos obter uma vitória retumbante no hemiciclo do Parlamento Europeu. É uma ilustração de um estado de espírito de conquista dos direitos ao nosso desenvolvimento, ao nosso progresso, à elevação das condições de vida do nosso povo, às condições base que nos permitam lidar de igual para igual com os outros povos que integram esta entidade comunitária.
Como sabem, a propósito, intimamente associada a esse objectivo do mercado interno que a Comunidade estabeleceu para primeiro de Janeiro de 1983, está a meta da coesão económica e social.
Para nós, como para outros espaços da Comunidade, essa meta só pode ser atingida se previamente se realizarem empreendimentos, se levarem por diante tarefas há muito concretizadas nas regiões desenvolvidas.
Sem essa coesão, como tem sido dito e redito, o mercado não funcionará, será uma mesa desequilibrada, que facilmente tombará.»
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«Eu aqui, neste dia de reflexão, se me permitem, queria enunciar três áreas, fora dos sectores tradicionais, que considero de interesse cimeiro, de interesse prioritário para Portugal, das tais que merecem essa atitude de total empenho. Neste dia de reflexão devemos, procurar para além de transmitir essa experiência pessoal, devemos julgo eu, trazer o contributo daquelas ideias que consideramos vitais ou importantes e que entendemos não estarem ainda devidamente atendidas porque aquelas que já o estão, ou dos combates que já estão travados, não vale muito a pena estarmos a falar sobre eles, a não ser para nos congratularmos com esse sucesso, neste percurso até agora de saldo muitíssimo positivo que é o da nossa integração nas Comunidades.
Por isso permitir-me-ia, e faço-o com particular empenho, pertencendo à geração dos 30 anos, sugerir três áreas fora dos sectores tradicionais que normalmente são falados como tendo que ser desenvolvidas e modernizadas (a nossa indústria, a nossa agricultura, o nosso turismo, os serviços). São três áreas dizia, algumas das quais - ou pelo menos sectores delas - são, como é evidente, horizontais, atravessam os diferentes sectores de actividade. São três áreas cuja especial consideração, como disse, entendo de interesse nacional relevante para a dignidade do nosso futuro. Elas, nalguns casos, estão a merecer dos Portugueses alguma atenção. Mas o meu apelo é para que sejam cada vez mais, grandes prioridades nacionais.»
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«A primeira dessas áreas é a das comunicações. É quase uma condição necessária para que nos possamos "mexer" nas Comunidades. Porque senão a nossa vida, esse tal futuro digno, será impossível. De facto, e quero dizê-lo hoje, todos nós, autoridades nacionais, órgãos de soberania, cidadãos, representantes de Portugal no estrangeiro, todos devemos considerar tarefa nacional conseguirmos comunicações ao mais alto nível daquelas que existem nos restantes espaços da Europa Comunitária.
Não podemos prescindir, no meu entendimento, de ter uma auto-estrada que ligue Lisboa a Madrid. Não podemos consentir que deixemos de ter uma auto-estrada que ligue o Porto às outras grandes e modernas vias de acesso à Europa Comunitária. Ainda para mais nós, que somos dos poucos espaços comunitários que temos outro país entre nós e o resto da Comunidade e que, a não ser pelo mar ou pelo ar, temos que passar por ele. E para além do transporte de pessoas, temos que considerar a enorme percentagem do transporte de mercadorias que é feito por via terrestre, rodoviária ou ferroviária. Já hoje é difícil, quer a circulação de pessoas, quer de bens, ser feita em estradas ou comboios de deficiente categoria, estradas ou caminhos de ferro de deficiente nível, de deficiente qualidade. Já hoje os cidadãos, na generalidade dos países comunitários não prescindem das suas auto-estradas e dos seus comboios. Têm auto-estradas ligando todos os principais pontos da Europa. Não há capital europeia hoje em dia - com excepções óbvias por razões da natureza - que não esteja prevista ficar ligada por auto-estradas às outras capitais europeias. E Lisboa? É impensável que Lisboa não o fique. É impensável que Lisboa e Porto não tenham essa auto-estrada, é impensável que não haja comboios de alta velocidade até aqui a este canto da Europa. Não podemos consentir que uma mera estrada principal, uma via rápida ligue Lisboa e Madrid, como não podemos abdicar de termos comboios de alta velocidade ligando estas duas capitais europeias, porque senão o que sucederá, e já é como vos disse agora, quanto maior for o conforto, a modernização, a inovação tecnológica, ainda mais será assim se renunciarmos a isto, a Europa Comunitária deste lado Ocidental acabará em Madrid e Portugal não será mais do que uma quinta ao lado da verdadeira Europa Comunitária. Uma quinta de descanso, uma quinta de turismo, uma quinta de recreio, mas nada mais do que isso, no essencial. Hoje em dia, já se fala nas "auto-estradas das telecomunicações, do satélite e da fibra óptica". Nós, das outras mais clássicas, nem que seja com execução deferida, em termos de projecto claramente assumido, não podemos prescindir. Aliás problema que temos de encarar decididamente é o do despovoamento que prevalece entre Madrid e Lisboa. Fazer hoje em dia essa estrada permite constatar, olhando à volta, o vácuo em longas extensões. A quem interessa ele? A quem interessa esse Hiato? Não teremos interesse, mais a obrigação, de levar vida a todo esse percurso para que a Europa continue até à nossa capital?»
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«Em segundo lugar a área da ciência e da tecnologia. Dói-me o coração, e julgo que a todos nos doerá ao vermos projectos principalmente de tecnologia de ponta, projectos que representarão o futuro do nosso mundo, projectos virados para o futuro da Humanidade serem desenvolvidos na Europa dos doze sem a participação de Portugal. Dou só um exemplo, o projecto Ariane, o lançador de satélites Ariane da Agência Espacial Europeia que é uma joint venture integrando empresas da França, da Alemanha, da Bélgica, do Reino Unido, da Espanha, dos Países Baixos, da Itália, da Dinamarca e da Irlanda, onde só faltamos nós, a Grécia e o Luxemburgo, e onde estão, para além desses países comunitários, a Suiça e a Suécia, de quem se fala poderem vir a aderir às Comunidades Europeias.
Portugal não pode prescindir neste como noutros projectos seja a que nível for numa primeira fase, de estar neles empenhado. Empresas portuguesas têm de neles participar sem o que perderemos já não os comboios mas, principalmente, os foguetões do futuro. Para termos peso, para sermos ouvidos, sermos escutados, para nos sentirmos a participar na construção dos tempos que se viverão no futuro, Portugal tem de consagrar uma atenção, cada vez maior, um esforço acrescido de participação financeira, na investigação científica e tecnológica e principalmente exigir junto de Bruxelas, e junto das outras capitais europeias, que a comunidade científica nacional seja cada vez mais associada com estes projectos de futuro.»
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«O terceiro combate para que temos de nos preparar, respeita a uma área incompreensivelmente sempre esquecida em portugal. É uma área a que estou ligado desde o início das minhas funções docentes universitárias, a área do mar. Sabem todos aqueles que se interessam por este campo do saber, sabem todos aqueles que se interessam pelo mar, e que sobre ele estudam e trabalham, que no final do século, no dealbar do século XXI, grande parte dos recursos, das riquezas que a Humanidade necessita para a sua subsistência, para o seu dia a dia, terão que ser procuradas nesse mesmo mar. Portugal, aqui sim, pode dar vazão ao seu sentimento, à sua inclinação para o mar, olhar para essa janela que sempre quisemos abrir e dar, aqui sim, um especial conteúdo ao relacionamento priveligiado particular que queremos ter com outras áreas do mundo, nomeadamente com os países africanos de expressão oficial portuguesa. Todos eles, na generalidade, com consideráveis riquezas nas suas plataformas continentais.
A Comunidade nacional deve reinvidicar para si própria este estatuto pioneiro no campo da investigação e exploração dos fundos marinhos. Deve conseguir das Comunidades europeias a instalação em Portugal, na histórica Ponta de Sagres, de uma escola de Ciências Marítimas. Uma escola que permita o estudo da engenharia dos fundos marinhos, da geofísica, da cartografia, da marinharia, uma escola que permita a Portugal realizar no âmbito das Comunidades Europeias este trabalho que terá de ser cada vez mais um trabalho da Humanidade toda ela.
Há anos, por razões que hoje em dia bem se sentem quando respiramos os pós que cobrem as principais cidades do mundo industrializado, alguns iniciaram o combate para protecção do ambiente no ar e pela defesa da terra. Hoje em dia temos de ser pioneiros também, e em Portugal o PSD deve sê-lo, no alerta, da consciencialização da necessidade de consagrarmos consideráveis recursos nacionais ao desenvolvimento desta actividade de futuro, também ela de exploração e investigação desses fundos marinhos, para que quando a Humanidade estiver empenhada nessa tarefa, Portugal esteja especialmente apto a desempenhar um papel privilegiado e ter uma voz escutada e essencial nestes novos tempos da Humanidade.»
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«A minha conclusão deste meu contributo reflexivo é que não sejamos desleixados, que não nos deixemos surpreender. Não consintamos em ser forçados. Preparemo-nos, organizemo-nos, desenvolvamo-nos.
Estou certo de que apesar da terceira revolução industrial das novas tecnologias, das transferências de informação, da centralização das tecnologias de comunicação, não haverá massificação cultural que abale a nossa identidade secular. Maior cautela, mais força, temos de colocar na procura dos níveis de progresso que nos permita, mais do que substituir, competir. Estou certo de que vamos conseguir, que vamos conseguir prepararmo-nos para os novos tempos da Europa, que vamos conseguir vencer os novos desafios de Portugal.»
Dr. Santana Lopes
Tem toda a razão. E o Reino Unido que nunca quis entrar nesta coisa inflacionada que é o Euro, ri agora às gargalhadas, e só não se ri mais porque os Bancos Britânicos têm muito dinheiro metido nos Irlandeses que infelizmente para os dois, sim entrou na “blue zone”.
O Euro há mais de um ano que está condenado mas ninguém quer dar parte fraco.
Todos sabemos isso.
Em relação a Papandreou ,PM Socialista da Grécia, não teve outro remédio que falar no Referendum.
Veja como “teve”, e bem apressadamente, que mudar as chefias Militares.
Já há muito tempo falámos aqui do alerta da C.I.A no “cozinhar” de um Golpe Militar em Atenas.
Ninguêm nos noticiários falou nisso, só nós e aqui. Creio que o “o cusco” também aqui escreveu sobre o tema.
Pois hoje não se fala noutra coisa.
O Referendum foi a única arma que Papandreou teve para parar o Golpe. De momento………..
Amanhã irá dizer isso mesmo aos “chamados Líderes” e tudo ficará em segredo.
Daqueles segredos que nós já aqui escrevemos há semanas atrás.
Lamentável a actuação de todos, TODOS, em Bruxelas durante todos estes meses…Lamentável…..
Nada disto é bom nem para os “mercados” que ainda não entenderam que se estão a comer a eles mesmos….
É como as mães Porcas que comem os filhos à nascença. Ficam depois sem descendência e quem lhes prolongue os genes……….
Um dia eles vão ter imenso papel na mão e não vai valer nada.
No entanto quem tiver um pedacinho de terra que agora nada vale, pode plantar umas batatas para comer e eles.......eles morrerão á fome cheios de “papel” e com aquelas mulheres plastificadas cheias de jóias.....que.....impróprias para comer………os matarão à fome.
Quem ri último………………..
Já gora quero dizer que acho lamentável que se fale das reformas dos PM’s e PR’s.
Que todos os outros, os que podem e têm trabalho, queiram deixar de as receber, tudo bem, agora quem esteve ao leme do País deve ser tratado de forma distinta.
É assim em todo o lado.
Nos USA até são chamados de Presidente até ao fim da vida.
Acho mesmo que nem deviamos responder a caçadores de histórias..É dar-lhes importância e eles não a têm.
José Gomes Ferreira acabou de dizer no Jornal da 13h que o PM Grego, certamente pediu referendo para legitimar a Democracia e o Governo e parar a ideia de Golpe militar que paira em todos os Ministérios e quartéis...
A SIC anda a rondar o seu blog!!!
Pelo menos aprendem coisas....
Filipe, a Inglaterra é somente uma nação metida no Reino Unido(Escócia,Gales,Irlanda-Norte...).Não manda nada nem é País.
Não são abutres. Não foram eles que andaram a gastar o nosso dinheiro mal gasto.
São espertos e estão fartos de alimentar as bocas dos que tudo gastam e nunca ficam saciados como Cavaco e Sócrates quando PM’s.
Milhões de euros gastos e onde estão?
Afinal o "Socialismo" foi mais forte e o PM grego já mudou a casaca outra vez.
Se eu fosse "mercados" tinha ainda mais, perdido a confiança no Euro. Ninguêm tem palavra, mudam de ideias todos os dias e nem têm coragem para enfrentar o povo, esse que está a pagar, directamente das suas contas bancárias, os devaneios dos "marionetas" da banca internacional.....Nojentos....para ser educado.
"O primeiro-ministro de Itália, Silvio Berlusconi, apresentou hoje formalmente a sua demissão ao presidente da República, Giorgio Napolitano, que a aceitou, informou a presidência italiana."
mais um governo europeu que cai por IMPOSIÇÃO de uma potencia estrangeira!!!
"O primeiro-ministro de Itália, Silvio Berlusconi, apresentou hoje formalmente a sua demissão ao presidente da República, Giorgio Napolitano, que a aceitou, informou a presidência italiana."
Mais um governo europeu que cai por IMPOSIÇÃO de uma potencia estrangeira e não pela vontade ,livremente expressa do seu povo.
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