terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quando?

Quando será que a verdade da convicção voltará a vence a verdade da comunicação?
Quando acabará este desnorte, sem freio, que leva pessoas sensatas a entrarem pela via do disparate?
Quando será que termina este ciclo horrível na vida política Portuguesa?
Quando acabará a ficcão e o surreal? Será possível pôr de lado preconceitos? Será possível serenidade, elevação, responsabilidade?
Quando voltará Portugal a ser a razão principal das opções a tomar?

11 comentários:

Hugo Correia disse...

10. O mais excelente antídoto para a cólera é o tempo; ele permite que languesça o primeiro fervor e se dissipe ou atenue a névoa que cega o espírito. Alguns dos transportes que te enfureçam hão-de moderar-se, não digo num dia, mas numa hora; alguns desvanecer-se-ão totalmente. [...] Para conhecer a fundo uma coisa, basta confiá-la ao tempo.»

11. Luta contra ti mesmo, se queres subjugar a cólera: ela não te poderá vencer. Começarás a vencê-la se a emudeceres [...] Escondamo-la no mais recôndito do coração, e seja ela levada, não que nos leve ela. Outrossim, torçamos em direcção contrária todos os índices que a manifestam: que as feições se descomprimam, que a voz se suavize, que a passada afrouxe; pouco a pouco, há-de o interior imitar o exterior.»

12. Quão mais judicioso é dourar uma ofensa que vingá-la! A vingança toma-nos muito tempo e a demasiadas ofensas se expõe por condoer-se de uma só. A nossa cólera é, nessas circunstâncias, mais duradoura que a ferida que nos infligiram. Melhor será inflectir o rumo e evitar responder a uma iniquidade com outra.»

13. «Contra este te encolerizas, depois contra aquele; [...] contra os pais, depois contra os filhos; contra os conhecidos, depois contra os estranhos; por toda a parte abundam os motivos se o espírito da conciliação não acode. De um lado para o outro te transportará a cólera, e, com o passar do tempo, novos motivos darão à tua raiva um alimento perpétuo. Ah, infeliz, quando chegarás tu a amar? Quanto tempo precioso perdido com coisas vis!»

14. Não façamos comparações e rejubilemos com a sorte que nos cabe; nunca será feliz aquele a quem atormente outro mais feliz. [...] Melhor é dares graças pelo que recebeste; o resto, espera-o e rejubila-te de ainda não estar cumulado: é um prazer ter algo por que esperar.»

15. «Pensa para contigo que ainda tens muito a sofrer. Quem, porventura, se surpreende de passar frio no Inverno? Quem, porventura, de enjoar no alto mar, ou de ser molestado na rua? Forte é a alma preparada para o que há-de vir.»

16. «Castigar um homem irado, e deixar-se tomar pela própria ira, é excitá-lo: abordá-lo-ás de forma subtil e vária, a menos que sejas um indivíduo tão eminente que possas refrear a sua ira.»

17. «Concedamos à nossa alma a paz outorgada pelo cumprimento dos preceitos sadios e das boas obras, por um espírito exclusivamente apontado ao desejo da virtude. Satisfaçamos a consciência e não nos importe a reputação; inclusivamente, torne-se ela calamitosa, conquanto o seja por boas acções.»

18. «Que mais, além da morte, desejas àquele que te irrita? Sem que faças o mínimo gesto, ele acabará por morrer. Malbaratas as tuas forças a intentar o que a seu tempo se produzirá. [...] Enquanto estejamos entre os homens, pratiquemos o humanitarismo.»

Séneca, Da cólera

Jorge Diniz disse...

Caro Hugo Correia, este seu comentário faz-me recordar (pelo estilo) o Azevedo, que também muito percorreu Gaia (não sei se ainda percorre).
Tudo isto par questionar: conhece o Azevedo?

CMP disse...

Meu Carissimo amigo Dr. Pedro Santana Lopes, para as suas perguntas apenas tenho uma respsota de um GRANDE senhor que trabalhou para a nossa democracia, e que o Dr. teve o previlégio de privar com essa mesma pessoa. "A Democracia é difícil e exigente, mas dela não nos demitimos".´Francisco Sá Carneiro

Hugo Correia disse...

Jorge Diniz,

Não sei a quem se refere. Provavelmente não o conheço, as minhas paragens são um pouco mais a Norte. Quanto ao estilo, não é da minha autoria. Limitei-me a transcrever uma passagem do "Livro da Tranquilidade", o meu 'pocket book', onde a sua autora, Olívia Benhamou entitulou, neste tema específico, como «as regras elementares para não sucumbir à cólera». Enviei também os primeiros nove pontos por duas vezes que, por erro no envio "too large" ou simplesmente por opção de Pedro Santana Lopes, que tem toda a liberdade para o fazer como é óbvio, não os expôs na caixa de comentários.

jorge disse...

Só quando cá entrar o FMI.

Anónimo disse...

Séneca e o seu genial "De Clementia" enderaçado a Nero. Naquilo que pode ser considerado uma "teoria geral do estado". Ponho entre aspas, porque esta noção não é, nem pode ser consensual. Muitos autores referem-se igualmente a "teoria do governo" ou "teoria do poder".
Mas chamado a terreiro, politicamente falando, é bom não esquecer uma outra faceta igualmente interessante para o caso,( o Quando? do PSL) abordada no "Apocolicyntosis divi claudii". (O Cláudio já estava morto claro está. Senão, a coisa tinha corrido muito mal)

"de vita Caesarum" (Suetõnio) é que seria hoje actualississimo. Porque afinal,"Reina felicidade neste tempo, onde é permitido pensar o que se quer e dizer o que se pensa" Tácito! Dele próprio.

Não conheço o pocket book da tranquilidade mas corro a conhecer :) Sucumbir à cólera é que nunca. Antes ao riso.

"não se pode ser sério a rir?"
Gotthold E. Lessing


George Sand

Anónimo disse...

Tenho a solução! Feche-se a toca do Coelho, por onde se escapuliu Sócrates para o país das mil maravilhas. De lá governa sempre com um sorriso de felicidade na boca.

Anónimo disse...

Anónimo/a

E será que nós somos a Alice a escorregar pela toca do coelho abaixo? É que eu francamente não acredito em coelhos nem com cratola nem com relógio de bolso nem de forma nenhuma
Boa abordagem essa, através de Lewis Carrol.

George Sand

Anónimo disse...

Mon/ Ma cher/Chère Georges Sand,

O Lewis Carrol era um homem de visão...e veja só, não é que ele adivinhou? Eu também não acredito em coelhos, sobretudo os coelhos bébés,sendo certo que o saber político pode não escolher idade.
No caso da nossa «toupe» política, há demasiados cordelinhos, muito controle à distância e muitos podres interrelacionados...Daí que «the wonderland» seja um espaço aberto apenas a uns, mas suportados por outros - os asnos, reais asnos -, cansados e tão bem visionados e descritos pelo Junqueira, pelo Pessoa e essa «gente» toda das letras, que observavam e jorravam os seus escritos tão críticos e sabedores. Escreviam com a língua no coração e, por isso, o resultado só podia ser o «está certo».

Portugal não vai ser limpo de jeito nenhum. O vício enraizou-se, as caras são sempre as mesmas e eu afasto-me da merda, para não a pisar nem nela escorregar. Cria minha não é dada a Portugal, não ao Portugal de um ORDINARIO que faz os cornos a eleitos, não a um ORDINÁRIO que chama Manso a não sei quem, não a um outro conjunto de deputados de esquerda que tão aguerridamente se alimentam do caos para, também eles, poderem manter a sua fonte de rendimentos.
Muito menos a um Portugal onde a prescrição penal acontece, a corrupção não se prova, o executivo aplica leis retroactivamente, assim retirando direitos adquiridos a um conjunto de doentes crónicos contaminados pelo executivo de Cavaco Silva, entre outras e outras grosserias que poderia elencar por aqui. O respeito pelos direitos humanos não se ignora só na Venzuela, China e outros países do género, mas também em países como Portugal - país governado por burros, pior, ignorantes, que nem sequer se apercebem da potencialidade que tem, mais que não fosse pela posição geográfica que detém. Estou em crer que um merceeiro à antiga conseguiria governar melhor Portugal, de resto, não creio que gostasse de ver o seu nome numa montra em Beverly Hills. Ele ia sentir-se envergonhado, ainda por cima, numa montra de maricas.

Anónimo disse...

shiuuu, não faça tanto barulho. Olhe que o "brachylagus" se passa por aqui e vê a referência da montra, aponta-a logo no carnet. Ele aponta tudo no carnet. Só ainda não se meteu naquele "género" do fatinho côr-de-burro-quando-foge do nosso primeiro. Mas lá chegará.
(peço desculpa, o fatinho pode ser Armani, mas aquele-castanho-beije-pardo,não lembra ao diabo). Agora se a montra é como diz...
Eu não conheço, sou uma moça da província, não conheço essas coisas. Mas diga lá,aquilo lá em Beverly Hills é assim em estilo YMCA mas para executivos não?

George Sand

Anónimo disse...

Ma chère Georges Sand,

Não se diga da província, querida, que a podem confundir com os provincianos deslumbrados. Então, desde quando «ser-se maricon» escolhe profissão? Faites pas de souci! Não precisa de ir até às berças finas da Califórnia para constatar maricas executivos e em fatos «by armani».Aquele sítio está cheio de jack asses, dear.(O tipo que veste armani, deve pairar pelos lados de West Hollywood, que a «criadage» por lá é bué da gira, mas «muita paneleira»).

Quanto ao barulho, moi? Tenho uma voz tão melodiosa, que consigo mandar o Sócrates à MERDA, sem o tipo se aperceber, continuar a ouvir-me e ainda me agradecer o contributo para «acreditarmos em Portugal»...