Muito interessante a proposta de se concentrarem os activos «tóxicos»´no mesmo banco, de modo a que os outros possam retomar a sua relação saudável com o crédito aos agentes económicos. É esse o caminho que tem de ser trilhado para que se reestabeleça a confiança ,necessária à recuperação.
É óbvio que não será pacífico todo o processso de selecção desses activos. Mas é essencial que seja feita de modo, também, a que os balanços das instituições financeiras possam reflectir as suas verdadeiras contas. Como explica de modo breve e claro, Cristina Casalinho, do BPI, no Caderno de Economia do SOL, desta semana.
É óbvio que não será pacífico todo o processso de selecção desses activos. Mas é essencial que seja feita de modo, também, a que os balanços das instituições financeiras possam reflectir as suas verdadeiras contas. Como explica de modo breve e claro, Cristina Casalinho, do BPI, no Caderno de Economia do SOL, desta semana.
9 comentários:
Pois, isto parece-me aquelas manobras que tanto se criticavam nalgumas empresas falidas para tentar salver parte das mesmas. O engraçado disto tudo é que agora essas mesmas manobras são perfeitamente válidas já que os interesses em causa são, digamos, um pouco mais "elevados". Talvez se deixarem de actuar sobre os mercados "a posteriori" e antes colocarem no terreno medidas efectivas contra a corrupção e desvarios especulativos tenhamos resultados mais positivos.
luSantana:
Profissionalmente, estou na área do Projecto e Fiscalização de Obras de C. Civil e Públicas. Tenho que "responder" pelo que faço, e por acções tomadas durante as fiscalizações. Não me posso dar ao luxo de ser bom ou mau porque isso é fácil! Tento ser o mais difícil, que é "ser justo"!
- Os produtos tóxicos de um banco foram fabricados por alguém avido de dinheiro e poder! A ganância descontrolada de uns poucos, ditaram o azar de milhões! Estarei de acordo com o que escreveu, mas quero saber quantos vão ser "responsabilizados" pelos acontecimentos! Se eu sou chamado a contas, porque não os outros também?
O poder político é também responsável. Abriu mão de uma competência que lhe é adstrita, omitindo-se de competências e responsabilidades. O poder político deve ter comando sobre o poder económico!
O mais triste caso em Portugal, é a gritante incompetência do Governador do Banco de Portugal. Já lhe foram pedidas responsabilidades...mas continua a exercer! Que porca democracia...
Sócrates quer tornar mais céleres os concursos de Obra Pública: matou o Dec. 59/99 (Regime Júridico das Empreitadas de Obras Públicas)e criou o 18 de 2008.
A questão que pretendo salientar é que o 59/99 permitia um aumento de trabalhos a mais em 25%. O 18 de 2008 permite apenas 5%. O grave da fita, é que as grandes Obras, 12 Barragens, autoestradas, Itenerarios Complementares, Ota, etç, foram entregues com o regime do 59/99. Isto é encher a barriga de toda a vilania e trafulhas deste País. Dá também, aos Presidentes de Câmara com o 18 de 2008, a benesse de fazer ajustes directos até 1.000.000 de Euros! Aos honestos...tudo bem...mas quantos há? (a ocasião faz o ladrão)
Com tanta falta de responsabilidade, e falta de quem exija comportamento sério, Sócrates prova que não é invejoso!
Ele quer que muito português, passe a ter um nariz igual ao dele!
Porca miséria...
E que banco carregará tal cruz?!
A CGD?!...
Ou haverá voluntários outros dispostos a receber gratificações significativas por carregarem tal lastro?!...
Os gabinetes R&D da banca estão já em efervescência para recuperar a todo o custo as anteriores posições. Bancos há (City Group, por exemplo) que são meras amostras daquilo que foram. E sabem bem que a luta inter-bancária vai ser feroz na redistribuição do status quo financeiro pós-crise. Por isso não faltarão as engenhosas soluções dos gabinetes de «sofisticated thinking & planning», por medida, a pensar na melhor posição futura de cada instituição e bem menos numa finança rejuvenescida e liberta de vícios que vão custando muito caro ao mundo todo.
Dr. Santana lopes pela 1ª vez em muitos anos estou em total desacordo consigo . Eu sou gestor de um Departamento Comercial da minha empresa como tal sou responsabilizado pelas minhas decisões , acha justo os meus erros enquanto gestor fossem pagos pelos contribuintes ???? Onde está a economia de mercado ???? Permita-me a OFF SHORE que paguem pois ja deram muito lucro !
Dr. Santana lopes pela 1ª vez em muitos anos estou em total desacordo consigo . Eu sou gestor de um Departamento Comercial da minha empresa como tal sou responsabilizado pelas minhas decisões , acha justo os meus erros enquanto gestor fossem pagos pelos contribuintes ???? Onde está a economia de mercado ???? Permita-me , as OFF SHORE que paguem pois ja deram muito lucro !
Pela primeira vez estou, ABSOLUTAMENTE, em descordo consigo.
Ós Bancos tèm instrumentos de controlo das suas operações. Se falharam, DEVEM ASSUMIR ESSAS RESPONSABILIDADES.
Dr. Pedro Santana Lopes
"Proposta válida?"
Comprar activos tóxicos é a melhor forma de recapitalizar o sistema financeiro? Não! É uma desgraça e um roubo que apenas beneficia os accionistas e os credores sem garantias dos bancos.
Leia este artigo:
"Sempre que há uma crise do sistema bancário, há a necessidade de recapitalizar o sistema bancário/financeiro para evitar uma contracção de crédito excessiva e destrutiva. Mas comprar activos tóxicos/ilíquidos do sistema financeiro não é a forma mais eficiente e efectiva de recapitalizar o sistema bancário. Esta recapitalização - através do uso de recursos públicos - pode ocorrer de várias maneiras alternativas: compra de maus activos/empréstimos; injecção pelo governo de acções preferenciais; injecção pelo governo de acções comuns; compra pelo governo de dívida subordinada; emissão pelo governo de acções comuns; compra pelo governo de dívida subordinada; emissão pelo governo de títulos do governo para serem colocados nos balanços dos bancos; injecção pelo governo de dinheiro: linhas de crédito do governo aos bancos; assunção do governo das dívidas governamentais.
Um estudo recente do FMI que analisou 42 crises de sistema financeiro em todo o mundo mostra-nos como foram resolvidas diferentes crises. Primeiro, em apenas 32 dos 42 casos houve alguma forma de intervenção governamental; em 10 casos, crises de sistema bancário foram resolvidas sem qualquer intervenção financeira do governo. Dos 32 casos onde o governo recapitalizou o sistema bancário, apenas sete incluíram um programa de compra de maus activos/empréstimos (como o proposto pelo Tesouro dos EUA). Em 25 outros casos não houve compra governamental destes activos tóxicos. Em seis casos, o governo comprou acções preferenciais; em quatro casos, o governo comprou acções comuns; em 11 casos, o governo comprou dívida subordinada; em 12 casos, o governo injectou dinheiro nos bancos; em dois casos, houve uma extensão de crédito aos bancos; e em três casos, o governo assumiu dívidas dos bancos. Mesmo em casos em que foram comprados maus activos - como no Chile - foram suspensos os dividendos e todos os lucros e as recuperações tinham de ser usados para recomprar os maus activos. Claro que na maioria dos casos foram usadas múltiplas formas de recapitalização dos bancos.
Mas a compra governamental de maus activos foi mais a excepção que a regra. Foi usada só no México, no Japão, na Bolívia, na República Checa, na Jamaica, na Malásia e no Paraguai. Mesmo em seis destes sete casos onde a recapitalização dos bancos ocorreu através da compra governamental de maus activos, esta recapitalização foi uma combinação de compra de maus activos junto com outras formas de recapitalização (tais como compra pelo governo de acções preferenciais ou de dívida subordinada).
Nas crises bancárias escandinavas (Suécia, Noruega, Finlândia), que são um modelo de como uma crise bancária deve ser resolvida, não houve compra governamental de maus activos; a maioria da recapitalização ocorreu através de várias injecções de capital público no sistema bancário. Em contrapartida, a compra de activos tóxicos - na maioria das vezes em que foi usada - tornou os custos fiscais da crise muito maiores e mais caros (como no Japão e no México).
Assim, a afirmação do Fed e do Tesouro norte-americanos que gastar 700 mil milhões de dólares de dinheiro público é a melhor maneira de recapitalizar os bancos não tem qualquer justificação ou base factual. Esta forma de recapitalizar instituições financeiras é um total roubo que irá principalmente beneficiar - com enormes custos para o contribuinte dos EUA - os accionistas comuns e preferenciais, e até mesmo os credores não-garantidos dos bancos. Mesmo a tardia adopção de algumas garantias que o governo vai obter em troca desta maciça injecção de dinheiro público é apenas um cobertura cosmética de valor dúbio, já que a forma e a grandeza dessas garantias são totalmente vagas e nebulosas.
Assim, este plano de salvação é um grande e maciço resgate de accionistas e de credores sem garantia de firmas financeiras (não só bancos, mas também outras instituições financeiras não bancárias): com 700 mil milhões de dólares de dinheiro dos contribuintes, os bolsos dos banqueiros e investidores negligentes engordaram sob o falso argumento de que resgatar Wall Street era necessário para salvar Main Street de uma recessão severa. Mas a restauração da saúde financeira das aflitas empresas financeiras poderia ter sido feita com um uso mais barato e melhor do dinheiro público.
Na verdade, o plano também não resolve a necessidade de recapitalizar as instituições financeiras que estão fortemente descapitalizadas: isto podia ter sido feito usando alguns dos 700 mil milhões de dólares para injectar fundos públicos de outras e mais eficientes formas que a compra de activos tóxicos: através de injecções públicas de acções preferenciais destas firmas; através de injecções correspondentes de capital tier 1 por accionistas correntes, para garantir que esses accionistas assumam as perdas de primeiro tier na presença da recapitalização pública; através da suspensão de pagamento de dividendos; através da conversão de uma parte da dívida sem garantis em participação accionista (dívida por equity swap). Todas estas acções teriam implicado um custo fiscal muito mais baixo para o governo e teriam forçado os accionistas e credores dos bancos a contribuir para a recapitalização dos bancos. Assim, menos de 700 mil milhões de dólares de fundos públicos podiam ter sido gastos se os accionistas privados e credores tivessem sido forçados a contribuir para a recapitalização; e qualquer que fosse o tamanho da contribuição pública, a sua distribuição entre compras de maus activos e formas mais eficiente e justas de recapitalização (acções preferenciais, acções comuns, dívida subordinada) poderia ter sido diferente. Por exemplo, se o sector privado tivesse entrado com a sua parcela igual, teriam sido usados apenas 350 mil milhões de dólares de fundos públicos; e, destes 350 mil milhões, metade poderia ter tomado a forma de compra de maus activos e a outra metade poderia ter sido usada para fazer injecção de capital público nestas instituições financeiras. Assim, em vez de comprar - muito provavelmente a preço excessivo - 700 mil milhões de dólares de activos tóxicos, o governo podia ter chegado ao mesmo resultado - ou a um resultado melhor de recapitalizar os bancos - gastando apenas 175 mil milhões em compras directas de activos tóxicos. E mesmo depois de o governo desperdiçar 700 mil milhões de dólares a comprar activos tóxicos, muitos bancos que ainda não provisionaram por essas perdas/depreciações ficarão ainda mais descapitalizados que antes. Por isso, este plano nem sequer atinge o objectivo básico de recapitalizar bancos descapitalizados.
O plano do Tesouro não inclui explicitamente um programa aos estilo HOLC1 para reduzir os encargos da dívida do orçamento das famílias em dificuldades; sem um componente semelhante, o peso das dívidas das famílias vai continuar a deprimir os gastos de consumo e vai exacerbar a actual recessão económica.
Assim, o plano do Tesouro é uma desgraça: um resgate de banqueiros negligentes, de credores e de investidores que dá pouco alívio à dívida aos endividados e às famílias pressionadas financeiramente, e que vai implicar em muito altos custos para o contribuinte dos EUA. E o plano nada faz para resolver as tensões severas no mercado financeiro e no mercado interbancário, que estão agora à beira de um derretimento sistémico. É patético que o Congresso não tenha consultado nenhum dos muitos economistas profissionais que apresentaram - muitos no fórum do blogue RGE Monitor Finance - planos alternativos que eram muito mais justos e eficientes e com formas de resolver esta crise com custos menores. Mais uma vez, trata-se de um caso de privatizar os ganhos e socializar as perdas; a salvação e o socialismo para os ricos, os que têm boas cunhas e Wall Street. E é um escândalo que até os democratas do Congresso tenham caído neste golpe do Tesouro que pouco faz para resolver a sobrecarga de dívida de milhões de aflitos donos de casas."
Por Nouriel Roubini, publicado no Nouriel Roubini's Global EconoMonitor
Eu sou daqueles que prefiro que os bancos vão à falência, porque estes bad banks vão apenas e somente acarretar mais emissão de divida num país já de si de fracas contas, e eu não tenho de suportar bancos ou qualquer actividade que seja mal gerida. O capitalismo não foi feito para funcionar desta maneira socialista.
Aconselho a todos os leitores a ouvirem um legendario investidor de Wall Street, que se chama Jim Rogers, e ele diz exactamente todos os maleficios destes salvamentos de bancos.
Vejam a "interview Night Talk with Jim Rogers" e se mudarem de opinião estão a salvar os bancos bem geridos e os contribuintes.
O curioso é que ele compara a siutação dos EUA com a situação portuguesa e espanhola.
Cumprimentos...
Tenho visto e lido por todo o lado que quem tem detem o poder insiste que a crise se resolve fortalecendo o sector financeiro. Por outro lado ,quem não detem o poder defende a revitalização do sector económico.
Como não tenho poder assumo que sou pela revitalização do sector económico. Primeiro porque acredito que os bancos nascem das empresas e não o contrário. Segundo porque são as pessoas que estando empregadas e tendo dinheiro na sua carteira podem fazer rodar a economia .
Por isso defendo uma espécie de Plano Marshall ,evidentemente que modernizado e adaptado à realidade vigente .
Por outras palavras o Estado deverá intervir sim , mas directamente na economia e não através do sector financeiro.
Ainda por outras palavras e de uma forma directa , o Estado deve comprar e não subsidiar .
Comprar o quê e para quê? Pois bem , é aqui que tenho medo do que vou dizer , pois corro o risco de ser chamada de louca e utópica , mas lá vai ...
vamos chamar a esta loucura o salto quantico da economia.
Imaginemos que o Estado escolhe determinados sectores, que terão que ser sempre de produção final e com força de alavancagem produtiva (ex : automóvel ) e em vez de subsidiar através de emprestimos , compra os stocks dos automóveis .
Vejamos o impacto disso nas empresas : 1º Não aumentam o seu passivo por endividamento . 2º- Mantêm o emprego. 3º- Mantêm os seus proveitos . 4º-Esvaziam o seu stock que se pode tornar obsoleto, etc , etc .
Concluindo : Continuam a trabalhar e a pagar impostos.
Agora vejamos o impacto no Estado :
1º- Afectou verbas do seu orçamento à compra de automóveis (quando não precisava dos automóveis).
Ora , se não precisa dos automóveis , que vai fazer com eles ?
Ora , é aqui que a minha utopia atinge o limite , mas lá vai....
Distribui apenas uma parte deles pelo aparelho de estado e instituições publicas que deles necessitem .
O resto ...Destroi! É isso mesmo ...Destroi , tal qual uma bomba numa guerra !!!
Pergunta-se agora : Mas então é licito ao Estado comprar para destruir ?
Eu respondo : E por acaso não é pior que o Estado está a fazer afectando verbas do seu orçamento a «buracos negros» onde o retorno é zero ?
E respondo : Por acaso , não é pior estarem a fechar empresas por estarem a trabalhar para a prateleira , criando desemprego em massa ?
E respondo : Quando o desemprego afectar 18% da população , que impostos vão pagar o desemprego e onde vai estar o dinheiro do estado?
Trata-se de um periodo(porventura um ano ou dois) extraordinário que requer medidas extraordinárias (o plano Marshal durou quatro)
Quanto à politica financeira , a «loucura» seria mudar as cores (para já )do dolar ,do euro e da libra esterlina e dar apenas um ano para se proceder à troca das notas .
As pequenas poupanças dava 5 anos para a troca.
Em pouco tempo ficávamos todos a saber onde estava o Wallie ...perdão o dinheiro, que aparentemente ninguém sabe onde está !!! Iria aparecer como que por magia ...
Cptos
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