domingo, 23 de dezembro de 2007

O BUSÍLIS


O que se passa em vários sectores da sociedade portuguesa começa a causar sérias apreensões. Tudo parece articulado para uma cada vez maior concentração de poder. Não estão em causa as pessoas individualmente consideradas.


Impressiona ver como a opinião dos comentadores dos vários sectores é cada vez mais alinhada com o poder governamental. O que está em causa é a verdade. E essa verdade manda dizer que não é regra a Caixa Geral de Depósitos e o Banco de Portugal serem liderados, ambos, por militantes do partido do Governo. Quando se diz que o Governo de Durão Barroso e o meu Governo nomearam pessoas próximas do PPD/PSD para a presidência da Caixa, é bom lembrar que o Governador do Banco de Portugal já era Victor Constâncio.


Um ponto mais, só, por agora: faz sentido o Presidente de um grande Banco sair para liderar o Banco seu maior rival? Estamos a falar de actividade bancária, recordo. E, ainda por cima, estando envolvido o banco que é, digamos, o Banco do Estado!...


Conheço há muitos anos o Presidente indigitado do B.C.P.. Sou seu amigo e sei que é uma pessoa com muitas qualidades pessoais e de grande capacidade profissional. Mas fará sentido que saia de um banco e vá dirigir, no dia seguinte, um banco rival? Conhecendo-o, não tenho dúvida alguma que procurará cumprir o mandato que lhe vai ser conferido. E esse mandato, por definição, não será do Estado que não é accionista do B.C.P.! Então como é que o accionista único da Caixa Geral dos Depósitos não se importa com essa mudança? Essa é a questão. Como é que não se importa?Pelo contrário: está manifestamente de acordo. Aí é que está o busílis.

3 comentários:

Ricardo Araújo disse...

Boa noite Dr. Pedro Santana Lopes, não será altura de mudar em definitivo o que vocês chamam de regras?

Porque se bem entendo e compreendo os directores do Banco de Portugal e da CGD, ora são socialistas ora são PSD, não era altura de começarem a encontrar pessoas isentas dos partidos para estarem a frente dessas instituições? Porque se assim fosse haveria mais credibilidade nas instituições e mais transparência, para que no fim não se acusassem uns aos outros de compadrios.

Hoje vimos o líder do PSD dizer que era uma vergonha a nomeação do Presidente da CGD, para a Presidência do BCP, vem como a suposta nomeação de Armando Vara para essa administração, mas não foi esse mesmo líder que num debate com Marques Mendes defendeu que não tinha nada contra o Sr. Armando Vara aquando a sua integração na CGD.

Penso que a memória da maior parte dos políticos é muito curta.

Em relação à nomeação para a presidência do BCP, acho lastimável que se deixe sair um bom gestor da CGD para integrar um grupo rival, sabendo que esse gestor já deve saber de toda a estratégia da CGD para o ano 2008.

Será que a isto se chama boa gestão Governamental, ou será que o Governo até na Presidência de um banco privado, se quer intrometer, metendo lá os seus Boys?

Acho isto tudo uma vergonha e penso que V. Exa. tem a obrigação moral perante os Portugueses de denunciar estas situações, pois só assim V. Exa. poderá ganhar mais credibilidade junto de todos os Portugueses e actuando dessa maneira verá os seus frutos reconhecidos.

Um Grande abraço, cordialmente.
Ricardo Araújo.

Helena Antunes disse...

Votos de um Feliz Natal!

A. Carlos Silva disse...

Bom dia Dr. Santana Lopes
Como seu admirador enquanto político, embora não seja militante do PSD (mas sempre votei PSD), e como quadro do BCP há 19 anos, indigna-me, não que o Dr. Santos Ferreira tenha sido indigitado para novo presidente do Banco. Concordo quando diz que parece desadequado em termos de estratégia de gestão e como alguma intromissão do governo numa instituição privada, da qual sou também accionista e cliente.
Parece que já ninguém se recorda que o Dr. Santos Ferreira foi quadro do grupo BCP no passado, nem os jornalistas o referem.
O que realmente me indigna são duas coisas distintas:
- o ver esfumar-se a confiança que nós colaboradores sempre tivemos no Eng. Jardim Gonçalves e na sua equipa, a provarem-se as acusações de que agora são alvo, algo impensável ao longo destes anos em que abandonámos outros projectos para aderir de alma e coração ao projecto BCP;
- o ver o Dr. Armando Vara, "convidado" que foi pelo Dr. Jorge Sampaio a abandonar o Governo por causa da tal fundação, ser agora vice presidente do banco, no lugar duma pessoa em que nos habituamos a ter total confiança, como era o caso do Dr. Christopher de Beck.
Há aqui qualquer coisa que não bate muito certo, em especial aos olhos de quem construiu, com sangue, suor e lágrimas, a grande instituição que é o grupo BCP.
Uma saudação muito especial para si e votos de um 2008 cheio de sucessos.
António Carlos Silva