sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O MODO E O TEMPO

Ninguém fala do que o Presidente da República não fala, a propósito da visita de Hugo Chavez.

Mário Soares, ex- Presidente, foi receber o actual Presidente da Venezuela ao Aeroporto? O que dirá a isso Cavaco Silva? E terá sido prudente receber Chavez, daquele modo, logo a seguir ao que se passou na Cimeira Ibero - Americana? O que é mais importante, no meio de tudo isto? Quanto vale Espanha, hoje em dia, nas relações externas Portuguesas? E outros aliados Históricos? Não é esse o mesmo Presidente com quem se protestou por pôr uma fotografia, na campanha eleitoral da Venezuela, com José Sócrates, sentados, lado a lado, numa sala do Aeroporto? Quantas fotografias terá proporcionado, agora, todo este "quadro" em São Bento?

Perguntas. Neste caso, só faço perguntas. Sabendo bem que somos um Estado independente e que cada um tem as suas "guerras". Mas cada um também tem o seu "lado", ou não? Também tem os seus aliados, ou não ? E o que valerá mais? Perguntas, só perguntas. E, volto a dizer, até se pode fazer. A questão está no tempo e no modo.

3 comentários:

Ricardo Araújo disse...

Boa tarde Dr. Pedro Santana Lopes, nesta visita foi-nos proporcionada uma vez mais a verdadeira faceta de alguns políticos, verdadeiros hipócritas ou não!

Não sou adepto da “democracia” de Chavez, mas ao estado que chegou o nosso País até já nos podemos juntar a ele, pois quando vemos professores, jornalistas e outras pessoas, que quando falaram mal deste governo foram logo suspensas ou levaram com processos disciplinares, é caso para perguntar, que democracia é esta?

É caso também para os portugueses pensarem se é este estilo de poder que nós queremos no futuro, um poder de arrogância e de altivez.

Será que se a situação que se passou com o Rei, situação essa que eu apoio na sua totalidade, se passasse com Durão Barroso, a atitude do Primeiro-ministro e do Presidente da República seria igual á do Rei? Ou pelo contrário seria o da subserviência para com o Sr. Chavez, pois com as estreitas ligações que o nosso Primeiro-ministro tem com o Sr. Chavez, começo a duvidar de qual seria essa posição.

Não nos podemos vergar ao poder de ditadores, camuflados em democracias, só porque eles detêm petróleo e gás natural.

Este encontro foi um embuste, para frasear o Ministro das Finanças, uma vez que só serviu aos interesses do Sr. Chavez, pois foi para demonstrar aos Espanhóis, as boas relações que ele detém na Europa.

Um Grande Abraço, cordialmente.
Ricardo Araújo.

FT disse...

A pergunta: Quem fazia diferente?
http://oinsubmisso.blogspot.com/2007/11/quem-fazia-diferente.html

Luís Guerreiro disse...

Hugo Chávez, actual presidente da Venezuela, foi recebido oficialmente pelo governo português, na figura do Primeiro-Ministro, com toda a pompa e circunstância. Teve direito a honras de estado, com guarda e jantar no Palácio de S. Bento. Foi recebido no Aeroporto por uma comitiva oficial e, pasmem-se, Mário Soares (!?)! Organizaram-se manifestações de solidariedade e apoio.

Mas, afinal de contas, o que vem a ser isto? "Recebemos" de braços (e pernas) abertos um dos maiores opositores a Bush e à política norte-americana, de um modo geral, e, mais recentemente, a Espanha - inclusivamente com ameaças concretas a ambos, no âmbito das relações económicas (e não só) - e "boicotamos" a visita do líder espiritual e político do Tibete, o Dalai Lama, por razões políticas que evocam as relações estratégicas com a China. Mas então a China é mais importante nas nossas relações internacionais do que os EUA e a Espanha? A Espanha, repito!

Mais extraordinário é tudo isto se passar após mais um incidente, no mínimo polémico, bem ao género daquilo a que Chávez já nos tem vindo a habituar, na Cimeira Ibero-Americana, realizada em Santiago do Chile. Bem ao género latino-americano. A habitual postura de Chávez - de des-respeito e provocação - neste tipo de cimeiras e comícios internacionais, levou o Rei Juan Carlos, de Espanha, a perder a cabeça e dirigir-lhe um, digamos zangado: Por qué non te callas?