segunda-feira, 1 de outubro de 2007

VERDADE.REALIDADE.UNIDADE.

As reacções que eu ouvi, ou li, ou me foram transmitidas, sobre as eleições directas no PPD/PSD, demonstram que é mesmo necessário proceder à clarificação do que aconteceu. E o próximo Congresso é uma ocasião adequada para o efeito.
Sobre as observações de Mário Soares, a propósito da tão significativa vitória de Luís Filipe Menezes, já disse o que tenho a dizer. Poderá saber do PS, mas nunca entendeu a natureza do PPD/PSD. Também Marcelo Rebelo de Sousa, que tanto se enganou nas previsões que fez, no próprio dia da votação, sobre o resultado das directas, demonstrou, mais uma vez, que tem dificuldade em entender como funcionam as "bases" do PPD/PSD.
Explicar o seu clamoroso erro de previsão, bem como a derrota de Marques Mendes, com o silêncio de Manuela Ferreira Leite, é absolutamente caricato. Então o próprio Marcelo não declarou, na Televisão, o seu apoio a Marques Mendes? Quem é que o próprio considera mais importante? Então e Leonor Beleza? E Alexandre Relvas? E a Comissão de Honra? Tantos, tantos, a quem chamam de notáveis! Foram tantos! Só que as "bases" votam em quem querem e ligam, essencialmente, ao seu instinto, ao seu juízo, ao seu sentimento. Especialmente, em alturas de crise.
Disse também Marcelo, que Mendes perdeu porque não "cortou" suficientemente comigo... De facto, é preciso já não se saber o que se há-de dizer. Então, e só por exemplo, o que se passou na Cãmara de Lisboa? Como já é praticamente unânime, a queda do líder cessante consumou-se com o "cataclismo" politico a que deu origem, naquela Câmara Municipal, com as escolhas que fez. Com o tempo, começou a ficar cada vez mais claro, que o PPD/PSD perdeu o Governo de Portugal e de Lisboa, muito pela convergência objectiva, de alguns, com os propósitos de Jorge Sampaio e do PS.
Hoje, não vale a pena continuar. Pacheco Pereira, e outros, já deram os primeiros sinais de que não aceitam o que se passou. Não aceitam que Luís Filipe Menezes tenha tido uma grande vitória.
É mesmo preciso ir ao fundo das questões. Com serenidade, com respeito, mas sem hesitações. É muito importante a unidade. mas a unidade sincera, sem hipocrisias nem equívocos. Só assim o caminho que vai ser trilhado terá uma base sólida. Quero acreditar que todos concordarão nesse roteiro: falar verdade, assumir a realidade e, então, construir a unidade.
P.S.- Já agora: HÁ MUITO que defendo a possibilidade de a votação das directas ser no Sábado do fim -de - semana do Congresso. Sabem-no bem muitos que trabalharam já comigo e que ouviram as respostas que me foram dadas, de que não era muito fácil, em termos práticos. Mas eu continuo a pensar que é a melhor solução.

14 comentários:

Paulo Alves disse...

Não tenho dúvidas que este seu texto contribuirá para o desiderato que persegue: a unidade.

VFS disse...

Caríssimo, desconhecia a existência deste espaço, por si nutrido, pelo que, como bloguista (quase) ancião, saúdo-o pela sua presença nesta Agora contemporânea. Desemboco neste blogue depois de errar pelas publicações "on-line" dos jornais portugueses, confessando que estas linhas, agora vertidas, constituem a vitória da tentação sobre a relutância. Não me socorro de subterfúgios, assumindo, assim, que a sua omnipresença - intercalada por implosões cíclicas - me exaspera. Não contesto, como é óbvio, a sua legitimidade para se manter no púlpito visível da "res publica", mas sinto alguns pruridos quando diagnostico a sua pulsão por aparições ribombantes, mas destituídas de essência. Nunca relativizei a sua sagacidade. Porém, depois das tropelias que protagonizou, como primeiro-ministro, acreditei que se manteria na penumbra, nomeadamente se o PSD fosse liderado pelos seus adversários figadais. Agora, com a ressurreição do "seu" pífio PPD/PSD - nos antípodas do partido modelado por Sá-Carneiro -, eis que volta à arena, revigorado e com o gládio do Quixote empunhado. Que ideias para Portugal? Como pôde o caríssimo sucumbir à tentação do solipsismo, arvorando-se em "menino-guerreiro" , incompreendido por estes obtusos? Mea culpa. Obtuso também sou.
Há muitos anos, quando me interessava mais a vaniloquência do Gabriel ALves do que as previsões do Zandinga, o caríssimo teve o mérito de incutir em mim o gosto pela política. Só muitos anos depois é que compreendi que, não obstante a validade do aforismo, a Política não pode depender do "pão e circo". Nessa altura, passei a encará-lo como uma fatalidade da Política, porque o "bom" não existe sem o "vilão". Só depois, muito depois, é que surgiu a referência erudita a um tal de Gresham. Para mim, que sou quase analfabeto, quase esgarço a língua enrolada na ânsia de pronunciar esse nome. Mas rejubilei ao constatar que o senso-comum dos sesgos tem equivalente produzido por mentes faustosas.
Pelo que sei, ninguém lhe sonega mérito como professor. Não sei, por isso, o que subjaz à sua obstinada avidez de protagonismo, quando poderia ser mais útil canalizando energias e saber para outras dimensões. A escolha, todavia, é sua, e certamente que os putos – apesar de já não saltarem à fogueira – irão, ao crescer, louvá-lo pela facilidade com que, em Portugal, separamos o trigo do joio. Pronto, convenhamos que não é assim tão fácil, mas o caríssimo bem tenta.
Não perca tempo comigo, porque não passo de um virulento esporádico, alimentado pelas insónias com que definho. Despeço-me, exaltando-o – sem qualquer áscua – pela probidade com que encarou o lamentável episódio da Sick.

Anónimo disse...

Caro Pedro,

Também vi e ouvi Marcelo Rebelo de Sousa e fiquei atónito com as explicações que ele tentou dar (leia-se inventar) para a derrota - parece que ele, e mais alguns, ainda não perceberam bem o que (lhes) aconteceu. Eu não escondo que até gosto bastante de ver Marcelo ao Domingo (e António Vitorino à Segunda)... mas desta vez Marcelo desceu uns pontos na estima que tenho por ele. Será que ele pensa que nós (Portugueses em geral) somos assim tão burros para não "topar" que as explicações que deu nem ele acredita verdadeiramente nelas?

Enfim... não esperava esta de Marcelo - esperava que ele assumisse a derrota como "natural" e que tentasse perceber que talvez as "bases" reflectem um pouco o que "vai na alma" dos simpatizantes fora do partido. Eu, por exemplo, já tinha decidido não votar no PPD/PSD em 2009 se Marques Mendes fosse o presidente do partido, simplesmente por achar que ele não estava (nem nunca estaria) à altura do cargo de PM - será que sou só eu que já tinha tomado esta decisão a 2 anos das eleições?

Ainda bem que existem as directas! Devem é ser bem mais transparentes e credibilizadas por um orgão próprio e independente.

Cumprimentos,
CarlosAM

P.S. Parabéns pela decisão de abrir o seu blog a comentários.

Ana Narciso disse...

Mário Soares nunca votou PSD, mas nós(PSD) já fomos obrigados a votar nele ( eu votei em branco). Assim se vê a gratidão política de Mário Soares e o desconforto que causou e continua a causar nas bases do PPD/PSD.

Ana Narciso disse...

Mário Soares nunca votou PSD, mas nós(PSD) já fomos obrigados a votar nele ( eu votei em branco). Assim se vê a gratidão política de Mário Soares e o desconforto que causou e continua a causar nas bases do PPD/PSD.

Anónimo disse...

Exmo. Dr. Pedro Lopes,
Descobri faz muito pouco tempo o seu blogue e tenho a certeza que talvez tenha sido dos poucos ou até dos únicos políticos a colocar a possibilidade de discurso “quase directo” com as “bases” do nosso país!
Gostemos ou não, concordemos ou não, pelo simples facto de ter sido, ainda que por meros 4 meses, Primeiro Ministro de Portugal, merece o respeito de todos e a consideração de todos os cidadãos!
O sucesso nem sempre depende só de nós, dependo muito da conjuntura e da capacidade que em tempo útil temos de a perceber! Perceber esta conjuntura é também perceber os interesses e as expectativas dos diferentes “stakeholders” e talvez esse tenha sido o seu maior erro!!! Não ter interpretado bem o que “nós” realmente esperávamos….
Mas o que aqui quero falar é do seu post!!! O tempo passa e infelizmente perdemos oportunidades, perdemos capacidades ao mesmo tempo ganhamos novas perspectivas e adquirimos novas competências! É por isso mesmo que não gostei de ler o “nosso” Ex-Primeiro Ministro a comentar tricas do seu partido e a deixar de lado a sua verdadeira missão de olhar por todos os Portugueses distanciando-se necessariamente das guerras internas do seu partido!!!
Concordo consigo quanto à natureza da vitória do Dr. Luis Filipe Meneses. Ainda que também não seja adepto da sua forma de fazer política reconheço que foi uma vitória contra uma herança de “barões” da qual o PSD não se consegue livrar. Por isso mesmo penso que será benéfico para o PSD e consequentemente para a democracia Portuguesa. O Dr. LFM pode não corresponder politicamente ao que o país quer mas eu tenho a esperança que dê novo vigor à oposição! Afinal precisamos, e nisso o Dr. Soares tem toda a razão, de uma oposição forte que seja capaz de um dia constituir uma alternância!
Tenho dito

Anónimo disse...

Como alguém disse um dia, "concordo com o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa em quase todos os assuntos que não domino".

Bom dia, aproveito esta oportunidade para partilhar consigo e com os leitores do seu Blog, a minha posição relativamente ao post scriptum que deixou.

A continuação do actual modelo de eleição diminuirá o "brilho" que têm habitualmente os congressos do PPD PSD. Parece-me que no tempo em que vivemos, o PPD PSD não pode nem deve abdicar do mediatismo (até da paixão)que gira em torno de cada um dos seus congressos, da imagem e da mensagem que transmitimos, do tempo de antena de que usufruímos, da possibilidade de clarificar posições, do antes e do depois, das horas em que o PPD PSD é a ordem do dia, dos seus líderes, dos seus militantes, das suas ideias.

Daí que concorde com a sua sugestão para começar a proceder à eleição num dos dias do congresso, preferencialmente ao Sábado.

Teremos ocasião para monitorizar as perdas de antena já no próximo congresso, porém, com a certeza antecipada de que este é o modelo errado. Tão errado quanto errada tem sido a auto-mutilação que nos temos infligido. Temos sido a melhor oposição a nós próprios. Já dói! Um abraço, Daniel Carreiras da Silva.

Gallardo Santini disse...

Bom dia.
De facto é necessária uma expressão que traduza de um modo claro os valores democráticos dentro e fora de um partido, que na minha opinião foi o que se verificou nesta eleição. Um partido também é formado por pessoas e as mesmas muitas divergem da essência ou de alguns dos conteúdos: situação perfeitamente aceitável; A essência e objecto que neste momento devem pautar o PPD/PSD são: a união de todos os que contribuem para a grandeza do PPD/ PSD e a rápida preparação das próximas eleições para derrotar a política amorfa PS (a qual conduziu o país a um clima de insatisfação e de pouca credibilidade para aposta num sector fundamental que é a economia).
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Acrecento ainda os parabéns ao Dr Pedro Santana Lopes que ainda hoje na TSF falava da importância da nossa língua no estranjeiro nomeadamente aos CPLP que é de importância incontestável na divulgação de um património único numa economia cada vez mais Global;

Codialmente
Gallardo

Unknown disse...

Boas,

Não conhecia este mau perder do Prof. Marcelo. Atacar Ferreira Leite e culpa-la da derrota de Marques Mendes foi demais. Como é possível querer que uma juíza toma-se partido por uma das partes.
Eu penso que o Prof. Marcelo desde que deu aquele celebre mergulho no Rio Tejo, a água poluída não lhe deve ter feito nada bem.
O Prof. Marcelo deve pensar que é algum Deus na Terra. É mais um daqueles barões frustrados que não conseguiu levar o PSD a bom porto, e como ele não conseguiu acha que são todos iguais a ele. O POVO está farto de bem falantes.

Nada disse...

Alguém tem que explicar definitivamente ao Prof. Marcelo e a outros, por exemplo, ao Dr. Pacheco Pereira, que muitos, muitos mesmo, já não gostam de os ouvir falar do PSD da forma como falam. Isso não é militância,tem outros nomes.
Do incómodo todo que lhe está a causar a eleição democrática do novo líder do PSD, não me parece que este PR os chame a Belém para lhes resolver o problema. De qualquer maneira ficaremos atentos. Ás vezes ...

Anónimo disse...

Caro Dr. Pedro Santana Lopes,
o modo como foi eleito o novo Presidente do PPD/ PSD
é uma "legitima" lufada de ar fresco para uma "legitima" esperança no futuro.
Só espero duas coisas que o congresso não perca o brilho de todos os outros e que o PPD/ PSD não "enterre a cabeça na areia" como fez o Dr. Marcelo.
Pedro MBessa

Ricardo Campos disse...

A 18 de Agosto deixei esta reflexão a José António Saraiva, aquando do seu artigo sobre as eleições directas do PPD/PSD cujo título era: - "HOMENS PROVIDENCIAIS"

(...)
Gostei especialmente da sua reflexão neste artigo sobre os homens providenciais, e a sua análise sobre este último ano e meio da vida politica portuguesa e o respectivo enquadramento do papel do PPD/PSD.
Este partido é uma criação original da democracia portuguesa, marcado profundamente pelo pensamento politico de Francisco Sá Carneiro e Anibal Cavaco Silva, que enquanto lideres marcaram de forma indelével a história do Portugal Democrático, o primeiro na consolidação da democracia e o segundo no crescimento e modernização do país.
Sá Carneirismo e Cavaquismo passaram então a ser heranças para todas as lideranças, uma vez que foi sobre eles que recaiu a criação de um PPD/PSD com uma imagem mais ou menos estabilizada junto do eleitorado, através do trabalho competente e determinado na acção governativa.
Mas se quisermos estudar a ligação deste partido ao eleitorado português para percebermos a dificuldade dos próximos dois anos, penso que a reflexão deverá ser: Será Mendes ou Menezes capaz de unir um Partido na oposição ao Governo de Sócrates ? Será Mendes ou Menezes capaz de virar o Partido para o exterior e menos para questões internas ? Penso que é aí que vai ser encontrada a resposta, porque sempre que ao longo dos seus 33 anos de história, o PPD/PSD conseguiu resolver internamente as suas questões, o eleitorado português votou maioritariamente nesta força politica. Foi assim com Sá Carneiro, Cavaco Silva e mais tarde com Durão Barroso. As próximas directas no PPD/PSD serão esse momento, um momento de clarificação, uma oportunidade de resolver conflitos e dar voz aos militantes, para que essa irreverência tão intrinseca a este partido, possa ser voltada para Sócrates e para o Partido Socialista. Só assim, o próximo lider poderá ser um general com soldados, só assim o PPD/PSD poderá ter esses soldados voltados para o seu verdadeiro adversário, e menos para as guerrilhas internas esterelizantes.
Penso que nesta fase, Portugal precisa dessa oposição, precisa desse PSD resolvido e pronto para constituir alternativa, e a desempenhar melhor este mandato de oposição - tão importante nas democracias, principalmente numa fase em que os governantes responsáveis terão de começar a perceber que o dialogo com as outras forças politicas é fundamental na criação das politicas de regime, porque Portugal nao pode perder mais tempo a criar politicas de um ministro, de um governo .. enfim, politicas de 20 meses, quando efectivamente o que precisavamos de ter era politicas para 20 anos. Enquanto isso nao for conseguido, seremos um pais adiado.
(...)

Anónimo disse...

A simultaneidade da eleição directa do líder com a realização do Congresso parece ser a melhor maneira de devolver a dignidade aos Congressos do PSD (o último foi numa pequena sala do Pavilhão Atlântico enquanto na principal se desenrolava a Ass. Geral do Sporting, lembram-se?) e garantir a liberdade de escolha, informação, participação e decisão dos militantes. Basta haver (boa) vontade e (bom) senso, pois é evidente que logisticamente é possível. Pressupõe alterações estatutárias (art.º 67.º e outros) e por isso se preparava uma proposta temática para ser apresentada em Assembleia Distrital que... não foi convocada. Isto explica um pouco por que razão as distritais queriam que tudo ficasse como estava, e como não respeitam o direito de participação dos militantes na vida do partido. Já agora, veja-se no site do Povo Livre quantas e quais foram as Assembleias Distritais convocadas antes do Congresso...
É lamentável a ausência de debate, é lamentável a forma como se eliminam as poucas oportunidades que os militantes têm de apresentar propostas concretas, discutíveis, a submeter a sufrágio e, eventualmente, ao Congresso.
É impressionante a resistência à mudança, à racionalidade, ao livre pensar.

Ana Narciso disse...

Falar verdade parece-me um excelente slogan para os próximos tempos. E a educação pode bem ser uma área onde se deve falar verdade a começar falar verdade aos pais e Encarregados de Educação com o modelo imposto pelo Ministério da Educação para ocupação do tempo após as aulas do 1º ciclo. O ministério quer fazer omoletes com claras e deixa que estas áreas de índole académica tenham uma frequência lúdica e de entretenimento. Faça-se um levantamento a nível nacional do que passa com as nossas crianças. Será que esta ocupação ad-hoc é amais adequada às nossas crianças ' por que não integrar estas áreas no currículo do primeiro ciclo , contratando docentes e funcionários? São as nossas crianças que estão em jogo. è o nosso futuro que está em causa. Aprofunde. Investigue , proponha.