segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Comentário enviado sexta-feira,dia 10 de Agosto, ao "Diário Económico"

Trata-se de um excelente artigo que, na sequência do post que ontem inseri no meu blog, sinto dever comentar, começando por cumprimentar o autor do artigo. Considero perfeitamente correctas as observações que faz sobre a indispensabilidade de não pôr em causa a unidade da política monetária e sobre as consequências que teria,nomeadamente para um País como Portugal, uma política de taxas de juro "à la carte". Aceito, sem dúvida, que o facto de não ser possível desvalorizar a moeda para fazer face às contrariedades do mau ciclo, permitiu filtrar as empresas com capacidade para competir, para inovar, para conseguir novos produtos e novos mercados. Foi muito importante ,sem dúvida, garantir essa impossibilidade de alguém recorrer ao facilitismo. Por isso, não subscrevo, à partida, as posições de Sarkozy sobre o Banco Central Europeu. Diferente é, todavia, e rejeitando o facilitismo, rejeitar também o abuso de posição dominante que se traduziu em impôr a todos os Estados da União a opressão de uma terapia única, quando as suas economias estavam, e estão, em situações bem diferentes. Se cabe reconhecer que foi vantajoso separar as empresas capazes das que não podiam continuar, importa igualmente constatar que muitas ficaram pelo caminho porque não lhes foram dadas condições de concorrência minimamente justas. E, entretanto, importantes posições foram sendo tomadas por entidades com capitais maioritariamente estrangeiros. Sabemos que é o mercado, dizem muitos. Mas tem de ser mesmo um verdadeiro mercado e não um sistema sem regras equilibradas para uma sadia competitividade. Usar as taxas de juro segundo as conveniências de cada ciclo ou regressar a políticas monetárias autónomas deve estar completamente fora de questão. Mas impôr tectos de deficit orçamental, independentemente da natureza das despesas ou das medidas, por exemplo fiscais, também é de recusar. Como reconheceram, muito a custo e muito tarde, alguns pais de Maastritch, na recente revisão do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Cumprimentando, de novo, o Prof. Doutor Pedro Pita Barros e também à Direcção do Diário Económico, aqui segue, de férias ,e sem formalismos, um contributo para o debate de um tema que já muitas vezes disse que gostava de ver muito mais tratado em Portugal.