sexta-feira, 16 de abril de 2010

Raro


É, sem dúvida, diplomaticamente insólita a declaração do Presidente Checo. Diplomaticamente... Como muitos já sublinharam, é conhecida a maneira desassombrada e dura com que Vaclav Klaus muitas vezes se exprime.
Tive oportunidade de ser recebido por Vaclav Klaus, em Praga, ainda antes de ter substituído Durão Barroso. O Chefe de Estado da República Checa é simpático e, de facto, bem frontal.
De qualquer modo, esta declaração, na presença do Chefe de Estado de um País com uma realidade criticada pelo Presidente Checo é, pelo menos, complexa.

12 comentários:

joyce disse...

Dr. Pedro Santana Lopes

"Vaclav Klaus disse estar “muito surpreendido por Portugal não estar nervoso por ter uma previsão de défice de 8 por cento”."
Disse a verdade!
E o que observamos, neste belo país, é que estamos a caminhar para a bancarrota e os políticos a viverem à grande e à francesa e a classe média simplesmente a desaparecer.
Nem o PEC, vai salvar o descalabro desta governação socialista.

silva disse...

Como qualquer pessoa que frequentou os povos do norte da europa conheço o pragmatismo.
Há, pelo menos, que sublinhar a frase "...responsabilizar os governantes..." do défice excessivo. Mas pelo menos teve a correção de não referir o real valor! De qualquer forma, Cavaco também tem responsabilidades e por isso tem que engolir estes sapos, e deve ser bem dificil para quem também já foi ministro da pasta!
Coisas que a "boa moeda" obriga!

Anónimo disse...

Depois de tudo isto(breakfast incluido), o "filosofo" continua a dizer que "só sei que nada sei", excepto que a tia do bloco de esquerda é MANSO.

cumprimentos

Hugo Correia disse...

Pois é "tony"...

http://www.ionline.pt/conteudo/55528-antonio-mendonca-como-professor-tinha-mais-liberdade

Também não foi perguntado, mas sobre isto...

"As coisas estão definidas e programadas. A introdução de portagens é fundamental para que os projectos possam continuar".

"É para prosseguir "o mais rapidamente possível".

António Mendonça, Ministro das Obras Públicas (271109)

...nada. O que é que entende por "o mais rapidamente possível"?

Importa por isso lembrar a celeridade como esta matéria estava a ser preparada em 2004.

Continua...

Hugo Correia disse...

«[...]Excluídas medidas temporárias, o défice estrutural era, disse, de 4,7%. O início de pagamento das Scut's devia representar cerca de 500 milhões de euros (100 milhões de contos logo no primeiro ano)
[...]Entre os assuntos prioritários do Governo, estavam também alguns dossiers das Obras Públicas e das Cidades. Recebi o ministro Mexia às 15h15 de 26 de Julho, tendo começado a tratar imediatamente da questão das SCUT's.
[...]Contrariamente à Lei das Rendas, que tinha um trabalho de preparação legislativa do tempo de Durão Barroso, as SCUT's eram uma matéria nova na agenda política. E mais inédito era o sentido da minha posição sobre a matéria. Uma matéria em relação à qual estava informado do respectivo quadro financeiro por conversas com Carmona Rodrigues enquanto ministro das Obras Públicas. Falara-me num estudo sobre o esquema de financiamento para suportar os encargos com a consignação das receitas das construções das auto-estradas em regime de SCUT durante os próximos vinte anos ou mais.
Esse esquema merecia a minha total reprovação, porque se baseava em receitas futuras para suportar o custo do passado. O País estava a sobrecarregar as gerações futuras, concretizando exactamente o contrário do que penso que deve ser a governação. Era como governar no mesmo sentido que alguns socialistas. Não gostaria de ver um Governo liderado pelo PPD/PSD tomar uma opção como esta.
António Mexia trouxe-me o esquema logo na primeira audiência. O ministro achava-o razoável e admitia a sua conciliação com o regime de portagens ligeiro, a prazo, enquanto não se obtinham os níveis de desenvolvimento nas regiões do interior. Considerei essa tese inaceitável.»


Continua...

Hugo Correia disse...

(Continuação)


«Tive ocasião de dizer que estava a correr politicamente todos os riscos que fossem necessários para levar por diante a reforma das SCUT's, que considerava justíssima: quem utilizasse as auto-estradas devia pagá-las, excepto aquelas a quem fosse concedido um regime de isenção para os casos em que não havia alternativa. Mas, fora isso, não admitia qualquer desvio no princípio. Não deviam ser todos os contribuintes a pagar o que só alguns usavam. Essa era a maneira de governar à socialista português. Considerava esses esquemas absolutamente contrários ao interesse nacional.»


Continua...

Hugo Correia disse...

(continuação)


«Disse a António Mexia que a minha posição era intransigente e pedi-lhe para me apresentar, tão depressa quanto possível, no prazo de duas semanas, uma proposta alternativa, tendo em conta o caso da auto-estrada para Castelo Branco e da Via do Infante, onde havia promessas anteriores dos primeiros-ministros - o que eu considerava um valor a ter em linha de conta, feitas principalmente com o argumento da não existência de alternativas.
Mesmo assim, queria saber o que representavam em termos concretos, ano a ano, as responsabilidades do Estado com a construção dessas SCUT's. Os números que me foram sendo trazidos eram arrepiantes. Entre 500 a 700 milhões de euros por ano, durante quinze anos. António Mexia aderiu logo à minha ideia, assumiu-a, trabalhou-a, com a inteligência e coragem que o caracterizam, nos sítios mais difíceis, em reuniões com populações descontentes com a introdução dessa medida difícil.»


Pedro Santana Lopes, Percepções e Realidade (2006)


E o que tem tudo isto a ver com as declarações de Vaclav Klaus? Diplomaticamente correcto ou não, tocou na ferida. Os nossos Governos, na sua maioria, são negligentes e continuam a assobiar para o lado. Não basta dizer que se faz, é preciso fazer. E já agora, o que tem o novo Presidente do maior partido da oposição e potencial futuro primeiro-ministro a dizer sobre o sentido utilizador-pagador? Ou também vai assobiar para o lado!

Paula Falcão disse...

Este sr é um grande malcriado.Apesar de não gostar de Cavaco Silva ele não deixou de ser um convidado. E na «nossa casa» toda a gente deve ser bem tratada. Este senhor insultou todo o povo Português.

Anónimo disse...

Se somos insultados todos os dias pela AR,PGR,PR,certos Juízes, PM então nem há palavras, é de gritos, e toda a oposição que só pensa nela mesma, porque não haviamos de o ser por gente que não é portuguesa?
Amarão

Anónimo disse...

O Presidente da República Checa não é o Havel; é o Klaus. Foi incoveniente, foi deselegante, foi inoportuno. É como receber um convidado na nossa casa e depois tratá-lo mal. Mas o PR tem que engolir em seco estas diatribes de quem se julga acima da critica, pois só tem 5% de deficit, grande coisa, e é preciso manter as relações económicas, até que um dia um qualquer outro Vaclav mande as empresas portuguesas que lá estão dar uma volta por outras paragens. É a triste sina dos portugueses que não reagindo como devem, na altura certa, no momento certo, permitem esta falta de respeito pela dignidade de um Estado soberano, ofendido na pessoa do seu mais alto representante. Enfim, são as dores de parto do projecto europeu.

Anónimo disse...

O nossso PM é que é um verdadeiro ordinário. Insulta-nos todos os dias coma a aldrabice e aquele esgar muito "determinado e confiante"!...

Quanto ao checo, é uma opinião que acho correcta. Todos, todos, os actuais governantes portugueses devem envorgonhar-se. Uns pela incompetência e erro das suas "políticas", outros pela cooperação "estratégica".

PC

PC

Anónimo disse...

nem por isso é necessário fazer sacrifícios
se não se disserem umas verdades politica e diplomaticamente incorrectas hoje
evita-se (o que duvido)umas desagradáveis inconveniências diplomáticas amanhã
e há certa ironia
num economista que muito fez pelo seu país dizer a outro que em muito falhou na aplicação das suas e de outros (pretensas teorias económicas)na revitalização de um país que esbanjou como outrora todo o ouro que lhe escorreu da Alemanha ao Brasil
so it goes