domingo, 18 de janeiro de 2009

Inconfidências indevidas(cont.)

Voltando aos speechwriters. Sem dúvida que é compreensível e estimável o papel que desempenham. Mas a questão não é essa. Eu também já falei de que escrevia notas para um líder do PPD/PSD, durante uma campanha eleitoral. A questão é que não se deve falar disso cedo demais nem estar a identificar os trechos que são mesmo do Assessor. Principalmente, quando estão em causa momentos e/ou frases relevantes ou mesmo históricas.
Ninguém põe em causa que importante é que as ideias sejam dos próprios. Sobretudo, as que versam temas importantes. E que, quanto mais importante é o cargo, menos é o tempo disponível para a escrita. Mas a questão é que não se deve passar esta ideia de que quase nada é da autoria dos próprios. Não favorece nada quem desempenha esse tipo de de cargos ou funções.

7 comentários:

Anónimo disse...

Assim sim. Tem toda a razão.
Agora compreendo o alcance do seu primitivo post.
Um abraço.

Unknown disse...

Caro Dr. Pedro Santana Lopes:

Compreendo o que quer dizer: não deve ser o líder a projectar a imagem do assessor, mas sim o assessor a projectar a imagem do líder. E, por isso, deve ter o assessor consciência dos limites a que deve cingir a sua actuação. Sem dúvida.
Aliás, a tarefa de assessoria é sempre de grande sacrifício e abnegação. E exige que se disponha de um espírito arguto e de uma boa dose de diplomacia. Até por isso, a sua escolha requer sempre um grande cuidado. Porque a qualidade dos assessores e a sua atitude pessoal projectam as do líder, dão testemunho da sua maneira de ser.
De resto, um líder forte deve ter também assessores fortes. E um líder fraco, tarde ou cedo demonstra que não é líder. Não foi D. João II que disse "o rei fraco torna fraca a forte gente"?

Um abraço,

SN

Anónimo disse...

Caro Dr. Pedro Santana Lopes,
Na politica, como em tudo na vida, raramente há coincidências, e com toda a certeza não será por acaso, que o "speechwriter" do Presidente eleito Obama vem a público dar conta do que escreveu para o Sr. Obama ler.
Não resisto a dizer que o Professor Marcelo Rebelo de Sousa se excedeu, ao dizer que o Dr. Menezes está a desafiar a liderança da Dra. Manuela Ferreira Leite ao serviço do PS. Que mal informado está o Sr. Professor, o serviço está a ser prestado a outras pessoas.

Anónimo disse...

Mesmo quando o arroz foi feito pela cozinheira a reponsabilidade e o m~´erito são da Dona da Casa.

Anónimo disse...

O meu comentário é um bocadinho ao lado...
Dr. Pedro Santana Lopes já passou no Corta-Fitas onde o imparcial e excelente jornalista M+ario Crespo diz que vota em Sócrates, o melhor e mais bem rodeado, e, quanto a alternativas..., não há! Aceita um convite para o Jornal das 9?
Interessante o futuro. Crespo foi promovido e começou com a entrevista inenarrável a Alberto JJ

Anónimo disse...

Boa tarde.

Como é hábito tocou no centro do alvo, no cerne da questão.

Touché... e bravo!

Anónimo disse...

Exmo. Senhor
Dr. Pedro Santana Lopes,

Primeiramente, dado que é a primeira vez, se não me falha a memória, que comento o seu blog, não obstante ser dele um leitor assíduo, peço-lhe que, futuramente, me permita a simples convocação dos seus apelidos, deixando cair o "Dr".

Entrando agora directamente no tema do seu post e apesar de o ter lido e relido com atenção, não sei se concordo com o teor do mesmo.

Se por um lado entendo que os speechwriters são essenciais, quer no sentido da especialização na comunicação das ideias, quer pelo tempo que poupam, por outro coloca-se a hipótese de o que ouvimos um político dizer afinal não é o que ele diz mas o que outra pessoa o diz.

Tal não seria preocupante se as ideias que outrem escrevem fossem afinal do político em questão. Neste sentido, seria um "mero ditado" ou somente a concretização por outrem, num discurso ou comunicação, das suas próprias ideias.

O que torna preocupante é saber que podem existir figuras políticas que não são mais do que porta-vozes das ideias dos outros. Acresce que estes outros não serão certamente os speechwriters mas provavelmente os assessores.

Sem dúvida que os assessores são essenciais em qualquer cargo (público ou privado) de elevada responsabilidade. Mas a verdade é que não estão sujeitos ao sufrágio.

Novamente, esta preocupação pode dissipar-se, se for o próprio político a escolher os seus assessores. Assim, ainda que o trabalho dos assessores não seja directamente sufragado, a verdade é que o é, indirectamente, pelo sufrágio do político que acompanham.

Por isso, um dos melhores talentos que um político deve ter é saber reunir-se de assessores de qualidade, formando uma equipa por quem possa validamente assumir responsabilidades.

Talvez aqui tenha encontrado a resposta para a minha dúvida inicial: afinal concordo com o seu post.

Com efeito, se o político deve "dar a cara" pela sua equipa de assessores e speechwriters então deve igualmente ficar com os "louros" das frases emblemáticas que alguém escreve para expressas as SUAS ideias.

Antes ainda de terminar, gostaria de o desafiar a escrever sobre os assessores e a sua importância na titularidade de um cargo público executivo e deliberativo. Pela sua experiência em ambas as funções e pelo seu sentido de justiça penso que é uma das pessoas indicadas para se poder pronunciar sobre o tema.

Com os melhores cumprimentos,

PMB

P.S.: Apesar do post scriptum num texto redigido informaticamente seja um contra-senso, por ser a 1.ª vez que tenho oportunidade de falar consigo de forma"directa", não podia deixar de autonomizar este elogio (feito com a precaução de avisar que não gosto, não gosto mesmo, de "lambe-botas", apesar de os haver em tão grande quantidade neste Portugal dos Pequeninos): http://www.youtube.com/watch?v=3SFwLNA8Ceo&feature=related

"Acho que o País está doido" - e está mesmo.
Por oposição veja-se o jornalismo em Portugal (mesmo depois do erro cometido), sem prejuízo de afirmar, de viva voz, a SIC Notícias como o verdadeiro serviço público televisivo:

http://www.youtube.com/watch?v=pT7XFEo-Y3s&NR=1

E ainda

http://www.youtube.com/watch?v=oeRu8MQWA94&feature=related